Queda abrupta do PIB faz da retoma uma “miragem”, dizem os empresários portugueses
A AEP – Associação Empresarial de Portugal revela que a quebra abrupta na actividade, de que não há memória, com redução do Produto Interno Bruto -PIB 16,5%, mostra que a recuperação económica “é uma miragem”.
A AEP sabe, agora, que a já sentida redução do PIB no segundo trimestre do ano ascendeu a -14,1% em cadeia e a -16,5% em termos homólogos. "Significa que, como prevíamos, estamos em recessão técnica, tal como estão os nossos principais parceiros comerciais, que registaram igualmente reduções no seu PIB na ordem dos dois dígitos", revela a associação em comunicado.
Os dois principais mercados de destino das exportações portuguesas registaram a evolução mais severa, com o PIB espanhol a cair 18,5% em cadeia e 22,1% em termos homólogos e o PIB francês a registar uma quebra de 13,8% em cadeia e de 19% em termos homólogos. Acresce a forte quebra na Alemanha (-10,1% e -11,7%) e em Itália (-12,4% e -17,3%).
Para o presidente da AEP, Luís Miguel Ribeiro, “estes dados suscitam elevada preocupação e demonstram bem que, infelizmente, a tão desejada fase de retoma é neste momento ainda uma miragem e constituem, por isso, mais uma prova da necessidade de uma redobrada atenção e, fundamentalmente, de uma rápida actuação por parte das políticas públicas”.
Um apelo que a AEP tem vindo a fazer e que, agora mais do que nunca, continua a fazer muito sentido.
A AEP reafirma a enorme importância das medidas de apoio à economia, nomeadamente o prolongamento do lay-off simplificado, no modelo que funcionava até agora, pelo menos até ao final do ano, bem como outras medidas de apoio à enorme carência de liquidez das empresas portuguesas, que passam por colocar no terreno as linhas de crédito com garantia do Estado já reforçadas, os seguros de crédito à exportação, várias medidas fiscais, bem como a realocação de verbas do Portugal 2020 para o tecido empresarial. É, ainda, de enorme relevância a implementação de uma política laboral flexível, que se adeque à dinâmica da actividade económica.
Neste contexto, a prioridade de Portugal terá de se centrar, cada vez mais, no reforço do apoio à actividade empresarial.
“Não podemos esquecer que apoiar as empresas significa apoiar a criação de riqueza, a manutenção e criação de emprego e contribuir para uma trajetória mais sólida das contas públicas. Se nada se fizer - muito rapidamente - corremos um sério risco da próxima divulgação das contas nacionais trimestrais darem a conhecer dados ainda mais graves, simplesmente porque muitas empresas não conseguirão aguentar até lá”, relembra o presidente da AEP.