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Portugal desce para o 26.º lugar do Ranking Mundial de Talento do IMD

12 de novembro de 2020

Economias da Europa ocidental continuam a ser as mais competitivas em talento, com Suíça, Dinamarca e Luxemburgo nas três primeiras posições e oito países no top 10. Lisboa desce três lugares em relação a  2019. 

Depois de alcançar o 17.º lugar em 2018 e de descer para o 23.º em 2019, Portugal surge este ano na 26.ª posição da tabela, que volta a ser encabeçada pela Suíça pelo quarto ano consecutivo, na 7.ª edição do Ranking Mundial de Talento 2020, um estudo do Institute for Management Development (IMD) que avalia a capacidade de desenvolvimento, atracção e retenção de talento de 63 países. 

Depois da Suíça seguem-se a Dinamarca e o Luxemburgo, com Islândia, Suécia, Áustria, Noruega, Canadá, Singapura e Holanda a completar um top 10 em que a Europa ocidental continua a prevalecer, mantendo o seu estatuto enquanto região mais competitiva do mundo a nível de recursos humanos.

O desempenho de Portugal deve-se à queda na avaliação dos factores Investimento e Desenvolvimento, em que desce nove posições (15 desde 2018), e Atractividade, onde é agora 33º (menos uma posição). Entre as maiores debilidades apontadas pelo estudo estão a insuficiente implementação do ensino vocacional ("apprenticeships", 58.º do ranking), o funcionamento da Justiça (55.º), a falta de motivação dos trabalhadores (51.º), a baixa prioridade dada à atracção e retenção de talento nas empresas (49.º) e a fuga de cérebros para o estrangeiro (49.º).

Por outro lado, Portugal sobe três posições no factor Disponibilidade, que analisa o grau de preparação e competência dos trabalhadores (24.º lugar da tabela). Entre os pontos positivos a destacar encontra-se a percentagem de mulheres na força laboral (4.º), as competências linguísticas (7.º), o rácio professor-estudante no ensino secundário (8.º), a menor exposição à poluição (9.º) e a adequação do ensino universitário (14.º) e das escolas de gestão (14.º) às necessidades da economia e dos negócios.

A importância do sistema educativo e da mobilidade 

Um traço comum a todas as economias que ocupam os primeiros lugares do ranking é a sua abordagem holística ao desenvolvimento de talento em todas as etapas do processo educativo e a prioridade dada à formação de trabalhadores nas empresas. 

Assim, a Suíça volta a liderar a tabela graças ao seu excelente sistema de ensino universitário e vocacional e a uma alta qualidade de vida e remuneração, factores essenciais para atrair mão-de-obra estrangeira. A Dinamarca (2.º) destaca-se pela perceção de igualdade e justiça na sociedade, enquanto o Luxemburgo (3.º) sobe 5 posições devido a uma melhoria notável no campo Investimento e Desenvolvimento. 

O efeito da actual pandemia reflecte-se nos dados deste ano, que mostram como poderá vir a afectar seriamente os países cuja competitividade depende directamente da sua capacidade de atrair talento global. Entre eles estão a Singapura (9.º), a Austrália (13.º), os Estados Unidos (15.º) e o Reino Unido (23.º), todos eles com uma longa tradição de receber estudantes estrangeiros que frequentemente transitam para os seus mercados de trabalho. A redução da dependência da mobilidade física será um factor-chave na recuperação económica pós-Covid. 

De acordo com Christos Cabolis, Chief Economist do Centro de Competitividade Mundial do IMD, "estes países não podem garantir que conseguem atrair os melhores trabalhadores no momento actual, e poderão procurar outras formas de ser competitivos. Há um risco de que decidam fechar-se para revitalizar as suas economias e voltem atrás nas suas políticas, o que não ajudará a atrair trabalhadores estrangeiros ou reter talento local". 

De modo geral, os países da Europa Ocidental continuam a demonstrar ser os mais competitivos do mundo no que toca aos recursos humanos, liderando nos factores Investimento e Desenvolvimento e Disponibilidade. No entanto, devido a populações mais envelhecidas, estas economias devem manter-se abertas e atractivas para jovens trabalhadores internacionais altamente qualificados, de forma a compensar uma possível falta de mão-de-obra, referem os autores do estudo. 

Para além da pandemia, também certas mudanças políticas têm impacto nos dados, como é o caso do Brexit. A incerteza gerada pelo processo de saída da União Europeia repercute-se na competitividade do Reino Unido, que caiu do 16.º lugar do ranking em 2016 para a actual 23.ª posição, atrás de países como a Alemanha (11.º), Bélgica (16.º) e Irlanda (18.º). 

A nível global, a América do Norte e a Ásia Oriental surgem como a segunda e terceira regiões mais competitivas, confirmando-se a atractividade económica de países como os EUA e o Canadá (2.º e 11.º neste factor) para trabalhadores estrangeiros altamente qualificados. 

Já a Ásia Central e a América do Sul continuam com um desempenho menos satisfatório "devido a um investimento deficiente na edução, que ainda não é vista como um pilar no desenvolvimento da região", afirma Arturo Bris, Director do Centro de Competitividade Mundial do IMD. "Por contraste, embora as economias da Europa Oriental tenham há muito percebido a importância de desenvolver o talento local, os jovens mais qualificados abandonam os seus países à procura de melhores oportunidades", acrescenta Arturo Bris, concluindo que a retenção de talento deveria ser uma das maiores prioridades das economias desta região.