O que mais temem os investidores portugueses? Os riscos políticos
A multinacional britânica Schroders revela num estudo, que os Riscos Políticos são a grande fonte de preocupação dos investidores portugueses na hora de tomar decisões.
Num inquérito realizado recentemente pela Schroders, junto de um conjunto de 110 investidores qualificados portugueses, os Riscos Políticos são a grande fonte de preocupação dos executivos na hora de tomar decisões. 32,7% dos inquiridos subscreveram esta ideia, enquanto 20,9% indicaram as Guerras Comerciais (20,9%), o fim do programa de compra de activos do Banco Central Europeu (20,0%) e o ambiente de baixas taxas de crescimento (19,1%) como as ameaças a seguir.
A empresa multinacional britânica de gestão de activos partilha da opinião dos inquiridos e acredita que as disrupções politicas, relacionadas com o surgimento de movimentos populistas e nacionalistas, estão a condicionar os fluxos típicos da globalização com o ressurgimento de medidas proteccionistas.
A isto junta-se o aumento da contestação popular, decorrente da estagnação do rendimento das famílias, que pode aumentar a pressão sobre os orçamentos nacionais."É certo que há excepções, como são os casos do Brasil e da Grécia, em que as promessas e decisões reformistas proporcionaram a estabilidade desejada, mas persistem receios em relação a várias economias, nomeadamente as do Reino Unido e Itália, assim como outras em que se prevê que o aumento da despesa e dívida públicas possam ter efeitos danosos a médio prazo", admite a Schroders.
Por outro lado, a gestora acredita que a Guerra Comercial entre os EUA e a China vai manter-se por mais algum tempo, apesar de ser temporária, pois os dois países prosseguem motivações diferentes e o impacto deste conflito não é simétrico. Os norte-americanos procuram defender a sua indústria e o seu capital intelectual, enquanto a China quer reforçar a sua posição no contexto mundial. No entanto, a economia Chinesa está muito mais exposta às exportações para os EUA do que o contrário.Para além dos quatro riscos já apontados, os investidores inquiridos assinalaram também a Disrupção Tecnológica e o impacto das alterações climáticas como fontes de preocupação e circunstâncias que poderão afetar as decisões de investimento no presente.
Quando questionados sobre “Qual a classe de activos que terá melhor desempenho em 2019?”, os inquiridos apontaram as acções de mercados emergentes (39,2%), logo seguidas das acções norte-americanas (22,8%) e das acções europeias (17,7%). No lado oposto, encontram-se os investimentos em activos de crédito (1,3%), dinheiro (2,5%) e fundos de obrigações unconstrained (3,8%), que surgem em igualdade de circunstâncias com os alternativos líquidos (3,8%).A Schroders também subscreve a ideia de que os mercados emergentes são a classe de activos que melhor desempenho poderá ter em 2019, pois o valor das acções destes mercados reflecte um dólar forte, que, depois de atingir o seu pico, deverá perder força na segunda metade do ano, pois o ciclo de subida de taxas pelo FED está perto do seu fim. Um dólar mais fraco irá promover uma valorização das acções destes mercados.Carla Bergareche, Diretora-Geral da Schroders Portugal e Espanha, admite que os resultados do inquérito informal realizado "demonstra claramente o impacto que a política internacional está a ter nas decisões de investimento um pouco por todo o mundo.
Por outro lado, verifica-se uma grande confiança dos investidores nos mercados de acções, como o demonstram as boas perspectivas apontadas aos mercados emergentes, norte-americano e europeu, nos quais residem oportunidades para diversificar carteiras e fazer face ao contexto de abrandamento do crescimento global e de aumento da volatilidade".