Sector fintech na Europa recebeu 20 mil milhões de euros em capital de risco até Outubro
Nos nove primeiros meses, registou-se um volume de investimento de capital de risco de mais de 20 mil milhões de euros, face aos cerca de 7 mil milhões aplicados na totalidade do ano 2020, aponta análise da consultora imobiliária internacional Savills.
Só nos últimos três anos, o volume de consumidores europeus que pretendem passar a usar exclusivamente serviços bancários digitais subiu de 49% para 62%.
As fintech, empresas que conjugam serviços financeiros com inovação tecnológica, tirando partido do desenvolvimento dos dispositivos móveis e que facilitam os processos de pagamento digitais, estão a reconfigurar os mercados dos serviços financeiros, mas não só.
O desenvolvimento e consequente amadurecimento do segmento de fintech tem atuado como um fator-chave no crescimento do comércio eletrónico, facilitando as transações comerciais. Poderá, assim, prever-se que quanto mais este segmento crescer, mais se desenvolverá, proporcionalmente, o e-commerce.
Por seu lado, o desenvolvimento do segmento de fintech na Europa tem também, de acordo com a Savills, sido alimentado por outro fenómeno em crescendo: o green financing, ou "financiamento verde". Este é um modelo de financiamento cujo foco incide sobre projetos que tenham como objectivo a protecção e sustentabilidade ambiental, refletindo as preocupações que têm marcado a agenda mundial e procurando dar resposta às cada vez mais presentes exigências de sustentabilidade por parte dos investidores. Deste modelo de financiamento são exemplo: empreendimentos relacionados com as energias renováveis, prevenção de poluição, conservação da biodiversidade, economia circular e a utilização sustentável dos recursos naturais.
De acordo com o European Fintech Occupier Index 2021, produzido pela consultora imobiliária internacional, que analisa os principais 24 mercados europeus, Londres é a cidade que mais investimento consegue atrair para o segmento de fintech, posição que também alcançou na análise de 2020. Nos últimos cinco anos, o segmento londrino de fintech captou mais de 18 mil milhões de euros em capital de risco.
Paris e Berlim aparecem em segundo e terceiro lugar, respetivamente, na análise realizada este ano. Amesterdão, de 2020 para 2021, subiu da 10.ª para a 4.ª posição da tabela, e apresenta-se na liderança do green financing na Europa. No final do Top 5, aparece a cidade irlandesa de Dublin.
Londres, Paris e Madrid são as cidades europeias que registam os níveis mais elevados de emprego no setor fintech e os maiores volumes de produção económica nesse segmento.
As universidades desempenham também um papel central no desenvolvimento dos segmentos de fintech, quer através da criação de cursos académicos, quer por via do estabelecimento de um ambiente propício ao crescimento de jovens empresas desse ramo.
As fintech europeias captaram mais de 20 mil milhões de euros em financiamento de capital de risco em 2021, superando em quase 3 vezes o valor recorde de 7,5 mil milhões de euros alcançado em 2020.
No topo da lista de prioridades dos ocupantes de imobiliário da área de fintech está a atração do melhor talento a preços mais acessíveis, visto que cerca de 55% dos custos totais das empresas prendem-se com despesas com colaboradores.
De acordo com dados da empresa norte-americana Glassdoor, das 24 cidades europeias abrangidas pelo índice da Savills, Lisboa aparece como a terceira em que os custos com o emprego de um programador de software são mais reduzidos, perto dos 35 mil euros por ano. A Savills aponta que uma das grandes preocupações das empresas fintech se prende com a atração dos melhores profissionais da área da tecnologia com o melhor equilíbrio custo-benefício, pois as despesas com funcionários representam mais de metade dos gastos totais das empresas. Assim, Portugal posiciona-se como um dos países europeus que melhores condições oferecem à fixação e desenvolvimento de empresas fintech.
Para as empresas de fintech que estejam a equacionar a radicação em Portugal, o país oferece profissionais altamente qualificados no setor das Tecnologias da Informação. De importante menção é, também, a crescente e reconhecida qualidade do sistema de ensino superior nacional, que tem colocado Portugal nos rankings internacionais de instituições universitárias.
Em termos comparativos, um engenheiro informático na Europa poderá custar à empresa empregadora uma média máxima de 67 mil euros por ano, ao passo que nos Estados Unidos da América esse valor pode ultrapassar os 100 mil euros/ano.
Na União Europeia, ao longo da última década, o crescimento dos salários de profissionais de fintech tem vindo a desacelerar. Contudo, o custo de vida é também uma motivação significativa. Nesta métrica, Portugal adquire vantagem sobre a maioria dos outros mercados europeus em análise.
Dados da Savills mostram que Lisboa figura no 5.º lugar da tabela dos países com menor custo por metro quadrado de escritório, ficando atrás de Bucareste, Praga, Varsóvia e Atenas. Estes dados mostram que Portugal se encontra bem posicionado para captar quer o interesse das empresas de fintech, quer potenciais colaboradores para esse segmento.
Alexandra Gomes, Head of Research da Savills Portugal, refere que "o nosso país se apresenta como um destino europeu muito atractivo para o estabelecimento de empresas fintech. Portugal oferece um full package extremamente interessante, aliando um custo de vida abaixo da média europeia a um clima de estabilidade política e paz social e a uma contínua aposta na conectividade através do desenvolvimento das áreas da Inovação e da Tecnologia".