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O que representará o ‘Brexit’ para o mercado imobiliário britânico?

7 de junho de 2016

A Grã-Bretanha vai, em breve, às urnas para decidir se deve deixar a União Europeia ou nela permanecer como Estado-membro. A discussão tem sido dura, nomeadamente em temas como o livre comércio, custos de adesão e da imigração. O impacte sobre a habitação ainda não tomou o centro do palco do debate, mas ele poderá vir a provocar um grande choque sobre os proprietários do Reino Unido. Atentemos aos principais argumentos.

 

Preços das Casas

 

O ministro das Finanças, George Osborne, disse à BBC que antevê que as casas baixem 18% do seu valor actual até ao ano de 2018, se a Grã-Bretanha vier a sair da UE.

Disse ele: "A longo prazo, o país e as pessoas vão ser mais pobres. Isso afectará também o valor das casas das pessoas... E, simultaneamente, os primeiros comparadores também serão atingidos, porque os taxas hipotecárias sobem, e os empréstimos tornam-se mais difíceis de obter ".

A campanha “Vote Leave” (defensora da saída do Reino Unido da EU) duvidou da veracidade desta afirmação do responsável pela pasta das Finanças britânico. Aventaram, também, que poderia assistir-se a um aumento de preços das casas de preços mais baixos.

"Nós, “Vote Leave”, não temos dúvidas que estaremos à altura de poder apoiar a indústria da construção com o talento de que ela necessita” afirmou o chefe executivo da campanha “Vote Leave”, Matthew Elliott.

“A maior pressão sobre a oferta residencial tem sido a imigração que tem feito subir os preços de venda e elevado as rendas para valores inacessíveis para muitos”.

O banco de investimentos “Credit Suisse” também prevê a queda dos preços das casas. Diz que no rescaldo de uma votação favorável ao abandono da EU, os preços das casas cairão ligeiramente devido à quebra de rendimentos.

Mesmo com esta incerteza de curto prazo, Hansen Lu, economista gestor de Activos da Capital Economics, acredita que os preços permanecerão estáveis se a Grã-Bretanha sair da UE.

"No global, a incerteza a curto prazo pode levar a uma pequena queda nas transacções e um ligeiro abrandamento do crescimento dos preços do imobiliário, mas pensamos que a perspectiva de um colapso nos preços na sequência do ‘Brexit’ é pequena."

 

Incerteza significa menos investimento

 

"Em tempos de incerteza, o melhor é ficarmos sentados", disse Andy Pyle, chefe de Imobiliário da KPMG. "Desde que foi proclamado o compromisso de fazer um referendo sobre a UE, a comunidade do imobiliário tem sido notoriamente reticente a investir no Reino Unido."

E se isto já está acontecendo quando o voto sobre a UE está ainda no horizonte, a saída da UE irá trazer mais incerteza a longo prazo. Se muitos investidores de grande escala seguirem esta previsão, isso poderá ter um impacto negativo sobre a crise da habitação existente no Reino Unido.

 

Investimento no Centro de Londres

 

Com uma proporção muito maior de investidores estrangeiros do que em qualquer outro lugar no Reino Unido, o centro de Londres (Central London) é quem tem mais a perder. Os compradores e promotores potenciais podem querer monitorar o mercado antes de colocar a sua assinatura na linha pontilhada dos contratos.

Falando ao “The Telegraph”, Randeesh Sandhu, administrador Executivo da Urban Exposure, entidade financiadora de promoção residencial, disse: "A incerteza vai afectar os fluxos de capital para o Reino Unido. Uma série de promoções são financiadas por capitais do exterior, e uma parte deles pode querer parar para ver como se comportam os mercados antes de investirem. "

Porém, não é claro quanto do investimento em habitação de Londres vem de fora da UE.

O colunista Ross Clark argumenta no “Spectator” que os investidores estrangeiros compram em Londres pelas escolas, pelo estilo de vida e por um passado de aumento dos preços das casas. O Brexit não deverá, portanto, dissuadi-los.

 

Construção de casas

 

Embora a Capital Economics não ache que um voto [na saída da EU] terá um grande impacto global, ela é de opinião, no entanto, que a construção de casas será forçada a diminuir se os trabalhadores estrangeiros se virem forçados a sair.

"Com os últimos dados da Home Builders Federation  a assinalarem que 41% e 32% dos construtores consideram a disponibilidade e os custos do trabalho como restrições sobre a produção, a escassez de trabalhadores irá repercutir-se na construção de habitação", escreve Hansen Lu.

"É verdade que, de acordo com o censo de 2011, apenas cerca de 10% das pessoas que trabalham na construção eram de origem estrangeira, embora, dadas as tendências de trabalho do pós-crise, esse número possa estar hoje mais perto de 12%. No entanto, tendo em conta que leva anos a formar operários qualificados, a imigração reflete a forma mais fácil de satisfazer a escassez de mão-de-obra existente. Assim, se agravada a escassez de trabalho existente, o Brexit poderá ter um efeito duradouro de retardamento na construção de residências. "

Se bem que as campanhas tenham opiniões diferentes sobre o que acontecerá com o mercado imobiliário se o Reino Unido deixar a União Europeia, há uma coisa em que ambas concordam: seja qual for o resultado do iminente referendo, ele terá um efeito sobre os investidores e os preços do imobiliário.

 

Fonte: artigo da FINE & COUNTRY/DI