O novo Renascimento do Palazzo Serristori
Está em curso a recuperação de um dos mais importantes palácios renascentistas de Florença, que pertenceu à nobre família Serristori, aliados fiéis dos Médici. O Palazzo Serristori foi comprado pelo grupo LDC de Taiwan e irá receber residências ultraluxuosas e exclusivas.
O Palácio é um dos edifícios renascentistas mais importantes da cidade, com a sua posição única no Arno e perto de Ponte Vecchio, com 5500 m2 de interiores e aproximadamente 3000 m2 de jardim, será completamente restaurado após longos anos de inactividade.
O promotor já está empenhado em Florença na requalificação de outro edifício de extraordinário valor histórico, o Palazzo Portinari Salviati - será recuperado graças a um imponente restauro que terá início na próxima primavera, para nele se criarem prestigiosos apartamentos ultraluxuosos, com preços que variam de 2 a 7 milhões de euros, e cuja venda será exclusivamente tratada pela Lionard Luxury Real Estate. Cada um dos apartamentos, adornados com frescos de época, terá à disposição áreas comuns como o espetacular jardim com piscina e o SPA.
Um Palácio carregado de História
Também a comercialização do Palazzo Serristori, está a cargo da Lionard Luxury Real Estate, que indica a importância deste projecto. A nobre família Serristori, cuja ascensão se iniciou na Idade Média, já no século XVI tinha alcançado uma posição de indiscutível riqueza e prestígio, devido em particular às relações com os Médici, de quem foi fiel aliada. A construção do Palazzo remonta ao início do século XVI, quando Lorenzo Serristori quis construir uma residência magnífica nas margens do Arno, onde já existia um pavilhão de caça. Dos documentos encontrados no arquivo Serristori, presume-se que os arquitectos que projectaram o núcleo original do edifício tenham sido os famosos Giuliano e Antonio da Sangallo juntamente com Benedetto da Maiano, com quem já haviam projetado o Palazzo Strozzi em Florença e a Villa Médici di Poggio em Caiano.
Mais tarde, com Averardo Serristori, embaixador de Cosme I de Médici, ligado por grande amizade e admiração ao grande escultor Michelangelo (a quem, segundo alguns estudiosos, é de atribuir a bela escada em espiral ainda existente, que liga as caves ao último andar), o edifício foi ampliado com a adição do maior jardim italiano de Florença, visível ainda hoje ao longo da margem esquerda do Arno.
Ao longo dos séculos, o Palazzo foi habitado por pessoas ilustres como José Bonaparte, irmão de Napoleão, rei de Espanha e Nápoles, que aí se refugiou em exílio com a sua família, e pelos nobres russos Demidoff. Nele residiram o Papa Leão X, dos Médici, de quem se conserva o brasão seiscentista em arenito (pietra serena) no átrio principal, bem como intelectuais e artistas de renome internacional, como Giacomo Puccini, Gioacchino Rossini, Lord Byron e Percy Bysshe Shelley, os compositores Richard Strauss e Richard Wagner e a Rainha da Itália Helena de Sabóia.
Aos séculos e às mudanças de gosto sobreviveram extraordinários elementos originais do edifício, a começar pelo magnífico salão de festas decorado com frescos, o maior e mais prestigioso de Florença, com os seus 250 metros quadrados de largura e 12 metros e meio de altura, e ainda aproximadamente 150 metros quadrados de átrio, que será destinado a espaço comum a todos os apartamentos e cuja construção remonta ao século XVII, período em que o edifício foi ampliado sob a orientação do célebre arquitecto dos Médici, Buontalenti. Ainda no seu lugar no salão de baile, intactos e a funcionar, dois esplêndidos lustres de Murano do século XVII, bem como os originais pavimentos de madeira, autênticas obras de arte. O mesmo acontece com a “Sala dos Espelhos” e com as lareiras do edifício, feitas de preciosos mármores com o brasão Serristori, e o fogão de terracota esmaltado da manufatura Ginori, de que só existe um outro exemplar no mundo.
Pelas litografias do século XVI é possível ver como o edifício foi inicialmente equipado com dois moinhos, um dos quais ainda hoje é visível na cave. Entre as muitas curiosidades que caracterizam este edifício, devem recordar-se, sem dúvida, algumas passagens secretas, uma das quais, parcialmente revelada, ligava o edifício à outra margem do Arno.