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Internacional

 

China reduz custos com hipotecas para reanimar sector imobiliário em crise

20 de maio de 2022

O banco central da China anunciou hoje um corte na taxa de juros para empréstimos a longo prazo, reduzindo assim os custos com hipotecas, num sinal de apoio ao sector imobiliário, que atravessa uma crise de liquidez.

De acordo com um comunicado do Banco Popular da China, a taxa de base para empréstimos de cinco anos, a referência para o crédito à habitação, foi reduzida de 4,6% para 4,45%, um corte de 15 pontos base - o maior desde que foi criada, em 2019.

Isto superou em três vezes a previsão dos analistas, que esperavam uma queda de cinco pontos base.

“Acreditamos que a decisão visa impulsionar a procura no sector imobiliário, que foi de mal a pior”, explicou Julian Evans-Pritchard, analista da consultora britânica Capital Economics, num relatório.

Evans-Pritchard apontou que a queda nos juros sobre novas hipotecas pode ser ainda maior, já que os reguladores no fim de semana reduziram os níveis mínimos de taxas para novos compradores em 20 pontos base, em relação à taxa de base.

O banco central da China baixou ainda os custos de financiamento dos bancos, para que as entidades possam oferecer condições mais atrativas.

Evans-Pritchard frisou, no entanto, que as medidas de bloqueio impostas pela estratégia de ‘zero casos’ de covid-19 constituem o principal obstáculo, neste momento, para o setor imobiliário.

A taxa preferencial de empréstimos a um ano - a taxa de juros de facto - foi mantida inalterada, em 3,7%.

A Capital Economics apontou que a “moderação” do banco central em relação à taxa a um ano pode ser devido a preocupações com o efeito para a taxa de câmbio da moeda chinesa, o yuan, em relação ao dólar.

O aumento das taxas de juro pela Reserva Federal dos Estados Unidos motivou uma fuga de capitais da China, após os títulos do tesouro norte-americano terem mesmo ultrapassado a rentabilidade garantida pela dívida emitida pelo Governo chinês, pela primeira vez desde 2010.

O banco central chinês “ainda parece relutante” em permitir um grande aumento do crédito, apontou a Capital Economics.

A consultora disse não acreditar que as medidas de flexibilização monetária sejam suficientes para “impulsionar uma forte recuperação”, e descartou estímulos em “grande escala”.

A taxa de base é calculada a partir das contribuições de preços de uma série de bancos - incluindo pequenos credores que tendem a ter custos de financiamento mais altos e maior exposição a crédito malparado - e visa reduzir os custos de empréstimos e apoiar a “economia real”.

No ano passado, os reguladores chineses passaram a exigir às construtoras um teto de 70% na relação entre passivo e ativos e um limite de 100% da dívida líquida sobre o património, suscitando uma crise de liquidez no setor, que foi agravada pelas medidas de combate à covid-19.

Este mês, a Sunac tornou-se a mais recente construtora chinesa a entrar em incumprimento. O caso mais emblemático envolve a Evergrande Group, cuja dívida, que supera o Produto Interno Bruto (PIB) de Portugal, vai ser reestruturada.

LUSA/DI