Bancos da zona euro restringiram concessão de crédito no 4.º trimestre - BCE
Os bancos tornaram mais rigorosos no quarto trimestre de 2020 os padrões da concessão de crédito às empresas e às famílias, tanto para aquisição de habitação como para o consumo, concluiu hoje o Banco Central Europeu (BCE).
Com base no último inquérito sobre crédito bancário, o BCE afirmou hoje que os padrões de crédito, que são as orientações ou critérios internos dos bancos para a aprovação de empréstimos, foram reforçados em todas as categorias devido à deterioração das perspectivas económicas e porque o risco de crédito dos requerentes de empréstimos aumentou.
Além disso, no inquérito do BCE a 143 bancos da zona euro, entre 4 e 29 de Dezembro, as instituições financeiras indicaram que a tolerância ao risco foi reduzida.
Um quarto dos bancos inquiridos afirmou ter tornado as condições dos empréstimos ou linhas de crédito às empresas mais restritivas no quarto trimestre, em comparação com 19% no terceiro trimestre.
Os bancos mantiveram os padrões de crédito no segundo trimestre, graças às garantias dos Governos.
Os bancos apertaram as condições dos novos empréstimos às empresas no quarto trimestre, exigindo garantias mais fortes e margens mais amplas, especialmente para empréstimos com maior risco.
Esta tendência foi aplicada a todos os sectores empresariais no segundo semestre do ano passado, mas sobretudo para empréstimos a empresas imobiliárias comerciais e a empresas grossistas e retalhistas.
Os bancos também explicaram que as garantias governamentais para a pandemia de covid-19 ajudaram a tornar as condições de empréstimo às empresas favoráveis em 2020.
Além disso, 7% dos bancos inquiridos apertaram os padrões dos empréstimos hipotecários (20% no terceiro trimestre) e 3% sobre empréstimos ao consumo e outros empréstimos às famílias (9%).
Os bancos esperam reforçar mais as exigências de crédito para as empresas e as famílias no primeiro trimestre de 2021.
A procura empresarial de empréstimos ou linhas de crédito caiu no quarto trimestre do ano passado, porque muitos tinham criado almofadas de liquidez nos trimestres anteriores.
A procura de empréstimos para investimento fixo caiu pelo quarto trimestre consecutivo.
Os bancos indicaram que houve "um aumento muito forte" da procura de empréstimos garantidos pelo governo no primeiro semestre de 2020, mas "moderado" no segundo semestre, refletindo a redução das necessidades de liquidez.
A procura de empréstimos hipotecários continuou a aumentar no quarto trimestre, porque houve uma recuperação após a queda durante o primeiro confinamento no segundo trimestre e devido às baixas taxas de juro.
A procura de crédito ao consumo e outros empréstimos às famílias diminuiu, depois de um aumento moderado no terceiro trimestre.
Os bancos esperam que a procura de empréstimos das empresas e dos consumidores aumente no primeiro trimestre deste ano, mas que a procura de empréstimos hipotecários diminua.
LUSA/DI