Inflação em Portugal deverá ficar em 4,8% em 2022
A inflação em Portugal deverá ficar em 4,8% neste ano e em 1,6% em 2023, estimam os especialistas da Allianz Trade, accionista da COSEC – Companhia de Seguro de Créditos.
As previsões da líder mundial de seguro de créditos foram revistas em alta depois de os dados da inflação em Março e abril terem sido superiores ao previsto anteriormente, tendo mesmo, no mês passado, alcançado 7,2%, a taxa mais elevada desde março de 1993. Os números da Allianz Trade apontam ainda que o pico de inflação em Portugal deverá ser alcançado no segundo trimestre do ano.
Quanto à evolução dos preços na Zona Euro, a Allianz Trade, accionista da COSEC, no estudo Eurozone inflation: How bad can it get?, estima que a taxa de inflação se vai situar em 6,5% em 2022 e em 2,5% em 2023.
"A Zona Euro enfrenta a maior pressão sobre os preços desde a década de 1970", afirma Andreas Jobst, Global Head of Macroeconomic and Capital Markets Research da Allianz Trade. "A subida da inflação deve-se a um conjunto de fatores. Além da pandemia de Covid-19, e dos efeitos económicos pontuais que gerou, temos por um lado uma forte e dinâmica reabertura das economias, e, por outro, a produção e a distribuição de bens não foi capaz de responder à procura verificada no pós-pandemia, levando a perturbações das cadeias de abastecimento. A guerra na Ucrânia exacerbou as dinâmicas inflacionistas impulsionadas sobretudo por uma subida abrupta dos preços das matérias-primas – em particular, das matérias-primas energéticas", acrescenta.
Os especialistas estimam que a Alemanha, motor da economia europeia, deverá registar uma taxa de inflação de 6,8% neste ano e de 3,2% em 2023. Já na segunda maior economia do euro, a França, a taxa de inflação deverá fixar-se em 4,3% em 2022 e em 2,6% no próximo ano. Em Itália, a subida do índice de preços no consumidor deverá fixar-se em 5,2% neste ano e em 2,2% em 2023. E, em Espanha, estimam, a inflação deverá rondar 6,5% em 2022 e 2,5% in 2023.
"Recentemente, a política de Covid zero da China e os confinamentos em centros industriais importantes colocaram pressão adicional nas cadeias de abastecimento, o que poderá levar a que os custos de transporte e de produção continuem elevados por mais tempo", refere Andreas Jobst.
"À medida que a guerra na Ucrânia se arrasta e que a erradicação do Covid-19 se torna num objetivo cada vez mais difícil de alcançar, as implicações da subida dos custos de vida ganham mais força e levantam mais questões sobre a adequação dos modelos comumente usados para medir a inflação e, por sua vez, as políticas que são desenvolvidas a partir destes modelos", acrescenta o especialista da Allianz Trade.
O crescente risco de estagflação coloca o Banco Central Europeu (BCE) perante um dilema, admite a Allianz Trade* no seu estudo.
É ainda apontado neste estudo que a evolução do PIB na Zona Euro no primeiro trimestre deste ano foi desapontante e já reflete os custos económicos que se fazem sentir da guerra na Ucrânia e aumenta o risco de um cenário de estagflação.