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Conversão dos escritórios vai transformar as sedes numa espécie de Company Clubs

2 de julho de 2020

A pandemia do Covid-19 mudou o mundo. A perspectiva futura é que a vida e o trabalho vão sofrer transformações. Para Frederico Mondril, Associate Director de Propety Management na CBRE, as tendências futuras do workplace e da flexibilidade do trabalho são incontornáveis.

Ao Diário Imobiliário, o responsável assegura que a relação das pessoas com os escritórios onde trabalham vai ser naturalmente vista de forma diferente depois da pandemia e as empresas tiveram de pensar rapidamente, neste período, em novas maneiras de dar resposta às necessidades impostas, que levam a uma alteração na organização dos espaços a curto, mas também a longo prazo. "As ferramentas de trabalho remoto, novas formas de contacto e de gestão de recursos levaram a uma rápida adaptação a uma nova realidade que poderá ter impacto nas estruturas dos escritórios, mais em termos de conversão de espaço do que em metros quadrados. Numa primeira fase e de forma a cumprir todas as normas de distanciamento social impostas, as empresas não poderão prescindir das suas áreas e necessitarão de criar uma nova morfologia do espaço que assegure as regras de higiene e segurança que protegem os seus colaboradores. O teletrabalho, como benefício para empresas e colaboradores, aumentou nas últimas semanas, mas agora, mais do que nunca, as empresas precisam dos seus metros quadrados para o regresso", explica.

Olhando mais para o futuro, Frederico Mondril refere que percebemos que a mudança de paradigma trazida pela pandemia para o mercado de trabalho está orientada para uma crescente cultura de mobilidade, que terá vários efeitos e consequências, inclusivamente, na estrutura do espaço físico dos escritórios do futuro que incluirão novos espaços de trabalho e até de lazer e que obrigarão a manter áreas com capacidade para dar resposta a este tipo de requisitos  que acreditamos se tornarão bastante evidentes.

Quanto ao modelo ideal de espaço de trabalho, o director da consultora admite que as tendências futuras do workplace e da flexibilidade do trabalho são incontornáveis. Mesmo as empresas que não estavam ainda preparadas vão certamente reinventar-se e flexibilizar-se para assegurar os seus negócios e, acima de tudo, reter os seus talentos.

"Estas mudanças antecipam algumas tendências que prevemos nos nossos mais recentes estudos como o facto de as empresas estarem a criar verdadeiros experience hubs, onde é possível encontrar zonas com diferentes finalidades, quer de trabalho, quer de lazere de colaboração, tudo para que o escritório se torne num espaço mais vivo, atrativo e natural, que gera empatia, criatividade, compromisso e cultura corporativa"..

Acrescenta também que "esta conversão dos escritórios vai transformar as sedes numa espécie de Company Clubs, onde os colaboradores, trabalhando remotamente ou não, são club members, sendo certo que é lá o local de preferência para se encontrarem. A pandemia acelerou o teletrabalho e esta será uma realidade que irá marcar a atividade empresarial nos próximos anos, no entanto, as sedes das empresas continuam a assumir um papel fundamental, para o negócio das empresas".

Mondril acredita que ao longo da próxima década os “novos escritórios” vão continuar a surgir perto de ginásios ou centros comerciais, núcleos urbanos e localização de clientes. Seguindo um conceito de “hotelização”, poderão até integrar comodidades como acesso fácil a comida e bebidas, espaços de reunião altamente tecnológicos, espaços de convívio e até serviços como babysitter ou fitness.

O regresso ao trabalho em segurança

Para o regresso das empresas após o confinamento, o responsável revela que desde Maio que se tem verificado o gradual regresso dos colaboradores das empresas ocupantes com um incremento grande desde o início de Junho. "Este período está a ser igualmente pautado por um conjunto de medidas de higiene e segurança, que irão permitir que 13.500 colaboradores encontrem uma nova forma de estar nos edifícios, com uma journey específica que lhes permita viver um retorno mais fácil, entusiasmante, confortável e seguro".

Em termos de higiene e segurança, há um reforço na limpeza do edifício, disponibilização de gel de base alcoólica nas zonas comuns dos edifícios, barreiras físicas de proteção nas zonas de receção, com disponibilização de Epi’s sempre que necessário e a automatização das entradas com controlo permanente de um elemento da segurança.

"Para melhor gerir a circulação no interior dos edifícios foram desbloqueadas as escadas de evacuação para acesso a outros pisos, o elevador é prioritário para pessoas com mobilidade reduzida, idosos e grávidas, nas instalações sanitárias e em zonas de espera foi colocada uma sinalética que esclarece sobre o distanciamento social e as regras de etiqueta respiratória e higienização das mãos. A ventilação dos edifícios foi também revista de forma a garantir a qualidade permanente do ar interior.

Do ponto de vista de comunicação, embora pareça um pormenor, considerámos fundamental a criação de materiais suportados no conceito #BackTogether que pretendem reforçar as medidas definidas e dar a todos as instruções de forma clara e empática, indicando como devem movimentar-se neste novo “ecossistema” dos edifícios. O tom da comunicação é também de alguma forma otimista, para tornar mais fácil o regresso aos locais de trabalho. A cada colaborador é fornecido ainda um Safety Kit que inclui desinfetante e máscara e que tem como propósito esclarecer qualquer dúvida relativamente às regras impostas, bem como dar as boas vindas àqueles que estão de volta", conclui o responsável.