




Chaves vai poder mostrar as suas termas romanas...
A Câmara de Chaves submeteu uma candidatura de 800 mil euros a fundos comunitários para a conservação e musealização do balneário romano, que espera abrir ao público em 2018.
O projecto para a construção de um parque de estacionamento subterrâneo, no Largo do Arrabaldo, em pleno centro da cidade de Chaves, levou à descoberta das termas medicinais romanas, perdidas no tempo há quase dois mil anos.
Foi em 2005 e, ao longo destes anos, foram efectuadas as escavações que revelaram duas grandes piscinas, mais sete de pequenas dimensões e ainda um complexo sistema hidráulico de abastecimento às estruturas e que ainda hoje funciona.
O presidente da Câmara de Chaves, António Cabeleira, disse hoje à agência Lusa que foi necessário construir um edifício que cobre e preservar o achado histórico, o qual acredita que se vai transformar num “ex-líbris” complementar à ponte romana de Trajano e atrair à cidade flaviense muitos turistas e especialistas das aéreas da arqueologia e da hidrologia.
Agora, para a fase seguinte do projecto, o município preparou uma candidatura que já foi submetida ao Norte 2020, num valor que ronda os 800 mil euros, e que se visa a conservação do antigo balneário, a sua musealização e preparação para a abertura definitiva ao público, em princípio em 2018.
“Estamos convictos que ela vai ser aprovada devido ao valor do achado arqueológico”, frisou.
De imediato, segundo o autarca, é urgente avançar com a desumidificação do espaço. A intervenção vai ser feita através de um ajuste direto. E, após esta fase, vai ser possível abrir o espaço ao público mas condicionado ao andar superior.
Quando abrir definitivamente vai já ser possível passar pelos passadiços de vidro que vão ser construídos e de onde será possível observar o funcionamento do complexo sistema hidráulico que levava as águas termais das nascentes às piscinas.
Termas datam do primeiro século da era cristã
As legiões romanas chegaram ao território há cerca de dois milénios. Fixaram-se onde hoje é a cidade e distribuíram pequenas fortificações, edificaram a primeira muralha que envolveu o aglomerado populacional, construíram a ponte de Trajano, tiraram proveito das águas minerais, implantaram balneários termais, exploraram filões auríferos e outros recursos.
Este núcleo urbano adquiriu tanta importância, nessa época, que foi elevado à categoria de município, quando no ano 79 dominava Vespasiano, primeiro César da Família Flavia. Será esta a origem de Aquae Flaviae, designação antiga da actual cidade de Chaves.
Pela cidade, actualmente vão-se ouvindo algumas críticas ao edifício que cobre o balneário e que foi projectado pelos arquitectos e irmãos Cândido Lopes e Nicolau Lopes.
“Foi entendido que, para preservar o balneário, era necessário cobri-lo e ao fazermos isso fechou-se a praça. As pessoas reagem à alteração do imaginário que têm do espaço. A comunidade é conservadora e não gosta que os espaços sejam alterados”, afirmou o presidente António Cabeleira.
O arquitecto Cândido Lopes referiu que a proposta inicial do projecto acabou por sofrer alterações que foram impostas pelos vários organismos que têm intervenção no processo como, por exemplo, o Instituto de Gestão do Património Arquitetónico e Arqueológico (IGESPAR).
“Na minha opinião o importante é o que está aí dentro. É a arqueologia, o achado, a arquitetura não é parte mais importante”, salientou.
O arquitecto lembrou que este projecto começou há mais de 10 anos, classificando-o como um processo “moroso e difícil” e explicou que se pretendeu “restituir a praça à cidade”.
“Ainda que existam indícios de vários balneários romanos de tipo terapêutico no actual território português, apenas subsistem as ruínas das Termas de S. Vicente, em Penafiel e as de S. Pedro do Sul, sendo que nenhum dos dois se pode comparar em monumentalidade, estado de conservação e espólio com o conjunto encontrado em Chaves” – afirma um relatório de técnicos do IGESPAR.
Lusa/DI