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2023: Recessão na zona euro, inflação e juros são riscos para a economia portuguesa

28 de dezembro de 2022

Uma recessão na zona euro, a inflação, a subida dos juros, a guerra e a execução do PRR são os cinco principais riscos que podem ‘assombrar’ a economia portuguesa em 2023, segundo os economistas consultados pela Lusa.

As previsões do Governo e das principais instituições nacionais e internacionais colocam o Produto Nacional Bruto (PIB) a crescer num intervalo entre 0,7% e 1,5% em 2023, mas o contexto de incerteza internacional coloca desafios acrescidos ao cenário macroeconómico.

João Borges de Assunção, coordenador do Católica-Lisbon Forecasting Lab, aponta como os três principais riscos a inflação, as taxas de juro e a economia mundial no próximo ano.

Os três riscos são igualmente identificados por Pedro Bação, professor na Universidade de Coimbra: “Julgo que os três principais riscos para a economia portuguesa em 2023 são a inflação, o abrandamento do crescimento, ou mesmo recessão nos principais parceiros comerciais, e a subida das taxas de juro”.

Uma subida das taxas de juro mais agressiva pelo Banco Central Europeu (BCE) e uma “recessão europeia mais profunda e mais longa do que o esperado”, Pedro Braz Teixeira, diretor do gabinete de estudos do Fórum para a Competitividade, alerta ainda para o impacto da “guerra e suas surpresas, quer sobre o PIB quer sobre a inflação”.

Paralelamente, além dos riscos de uma recessão mais forte do que o esperado, quer dos Estados Unidos, quer dos restantes países membros da União Europeia que arraste consigo Portugal para uma performance abaixo do que se antecipa hoje e uma persistência maior do que o esperado da inflação, que leve a uma maior subida das taxas de juro e em níveis elevados mais tempo, Pedro Brinca, professor da Nova School of Businesse (SBE), soma ainda as taxas de execução do Plano de Recuperação e Resiliência (PRR).

Alguns destes riscos foram também identificados pelo Governo, no relatório do OE2023, alertando que o cenário macroeconómico que apresentou estava “influenciado pelo atual contexto internacional marcado pelo elevado grau de incerteza quanto à evolução da guerra na Ucrânia”.

“À semelhança de outras instituições (internacionais e nacionais) que elaboram previsões macroeconómicas, considera-se que os riscos relacionados com a pandemia não se desvaneceram, mas diminuíram, enquanto a guerra na Ucrânia continua a representar um risco significativo no sentido descendente para a atividade económica e ascendente para a inflação, com particular incidência na área do euro”, explicava o executivo.

O Ministério das Finanças assinalava, assim, que uma evolução mais adversa da guerra teria várias repercussões com impacto negativo, nomeadamente uma maior pressão sobre os preços das matérias-primas e aumento das perturbações nas cadeias de produção.

O relatório identificava ainda que a possibilidade de uma interrupção severa do fornecimento de gás por parte da Rússia à Europa levaria “a novos aumentos dos preços dos bens energéticos com possível transmissão a outros bens e serviços”, assumindo também outros riscos externos – com impacto nos fluxos internacionais de comércio – como a “persistência das medidas restritivas na China” ou problemas no setor imobiliário neste país.

LUSA/DI