Portugal, enquanto destino turístico, está em fim de ciclo
Na sessão de abertura do 44º Congresso da APAVT – Associação Portuguesa das Agências de Viagens e de Turismo, que decorre no Teatro Micaelense em Ponta Delgada no Arquipélago dos Açores, Pedro Costa Ferreira, presidente da APAVT, admite que Portugal, enquanto destino turístico, vive efectivamente uma atmosfera de fim de ciclo.
No seu discurso de boas vindas, o responsável volta a reforçar a falta de capacidade de resposta do Aeroporto Humberto Delgado, em Lisboa, afirmando que está esgotado. Um tema que coloca “ inúmeros problemas, tanto à cidade de Lisboa, como a todo o país. Este problema assume ainda maior acuidade, conhecendo-se a importância da via aérea, eu diria mesmo a dependência da via aérea, na chegada de turistas a Portugal”.
Pedro Costa Ferreira adianta ainda que a quota de mercado atingida no nosso país, pelas Low-cost, é hoje uma quota de mercado madura, que, exactamente por isso, não será passível de crescimento agressivo.
Também o Alojamento Local (AL) foi uma pedra fundamental para o crescimento do turismo em Portugal e o presidente da APAVT referiu que o AL investiu, diferenciou, acolheu novas procuras. “Também aqui, é razoável dizer-se que o comportamento futuro não será o espelho da história recente, facto que impactará necessariamente no crescimento turístico”.
Outro factor que irá influenciar o mercado do turismo a nível nacional foi o ressurgir de alguns destinos como a Tunísia, Egipto ou Turquia, que podem ter como consequência uma redução na procura por Portugal. Além desta questão, Pedro Costa Ferreira assegura ainda que a conjuntura mundial, como por exemplo, o impacto do Brexit, “a nova política proteccionista levada a cabo pelos Estados Unidos da América, a instabilidade crescente dos preços do petróleo, as inúmeras incertezas de um novo mundo menos estável, poderão ter influência negativa concreta e decisiva, no crescimento económico global e, concomitantemente, na procura turística mundial”-
O responsável assegura que hoje vive-se uma situação contraditória, ao nível da oferta hoteleira, onde se tem assistido à subida dos preços e das taxas de ocupação mas onde se têm verificado crescentes quebras de qualidade de serviço.
O presidente da associação vai ainda mais longe, ao admitir que a aparente dificuldade de diálogo, entre a câmara e a globalidade do sector turístico, neste capítulo representado pela Confederação do Turismo Português (CTP), não está a ajudar. Deixa mesmo a alerta a Francisco Calheiros, “julgo ser o momento da CTP tomar uma posição de força nesta matéria, que, naturalmente, apoiaremos sem reservas”.
Relativamente ao tema do IVA, o responsável refere que continuamos mais caros 23%, comparativamente aos outros países da Europa. “Deste modo, se olharmos para Portugal enquanto destino turístico, a verdade é que um conjunto de forças motrizes, tão fundamentais na construção do anterior ciclo de crescimento, estão hoje a perder gás. Em cima delas, alguns erros de gestão e algumas decisões políticas poderão agravar ou apressar o final de ciclo”, alerta.
O fim de ciclo está igualmente iminente para o sector das agências de viagens. “O clima de mudança não é, pois, novo; como não são novas as ambições legítimas das companhias aéreas em geral e da TAP em particular”, adianta.
Pedro Costa Ferreira, refere ainda uma crítica ao facto da APAVT não ter sido consultado para o projecto Click2portugal.
De recordar que o Congresso da APAVT, com o tema “Turismo: Desafios do crescimento”, termina no Domingo.
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