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Turismo

 

Lisboetas não querem limitações ao turismo

19 de setembro de 2018

A maioria dos habitantes de oito cidades europeias, incluindo Lisboa, ouvidos num inquérito, acha que “não deve haver limitações ao crescimento do turismo”, avançou um relatório da Organização Mundial do Turismo.

No estudo designado “Overtourism’? Understanding and managing urban tourism growth beyond perceptions”, a organização dá conta de um trabalho sobre o sector que fez num total de 18 cidades, incluindo uma auscultação às percepções em oito locais: Amesterdão, Barcelona, Berlim, Copenhaga, Lisboa, Munique, Salzburgo e Talin.

Segundo a investigação levada a cabo para este relatório, a maioria das pessoas entrevistadas (nestas cidades) acha que “não deve haver limitações ao crescimento do número de visitantes” e só “uma pequena percentagem considera que o desenvolvimento e ‘marketing’ do turismo devem ser travados”.

De acordo com a OMT, entre as características mais positivas do impacto do turismo estão “uma maior atmosfera internacional; mais eventos; uma imagem mais positiva; a protecção de zonas históricas da cidade; a reabilitação da arquitectura tradicional”.

Por outro lado, os residentes nestas cidades vêem de forma negativa o “aumento do preço das casas, dos custos dos táxis, dos preços nas lojas, restaurantes e cafés e dos transportes públicos”.

A agência reconhece que em alguns locais o turismo tem causado resistência, com o aparecimento de termos como “overtourism [excesso de turismo] ” e “tourismofobia”.

“O desenvolvimento e gestão do turismo nas cidades devem fazer parte de uma agenda urbana mais abrangente”, garante a OMT. O excesso de visitantes nas cidades “só pode ser resolvido através de uma cooperação próxima entre as administrações em diferentes níveis, no sector público, privado, comunidades e com os próprios turistas”.

Para a OMT, as medidas a aplicar para mitigar o impacto do turismo nas cidades “não se podem só focar em alterar os números de visitantes e o comportamento dos turistas – devem também focar-se em agentes locais. Para ter a certeza de que os aspectos positivos do turismo se mantêm visíveis e são compreendidos pelos residentes, é preciso entender as preocupações dos mesmos e incluí-las na agenda turística”, adianta a organização.

O relatório inclui um total de 11 estratégias e 68 medidas para entender e melhor gerir o crescimento dos visitantes em meio urbano.

No entanto, diz a entidade, a eficácia destas medidas está dependente do seu contexto específico e não há uma solução igual para todas as cidades.

Os residentes que responderam ao inquérito têm tendência para favorecer, entre as medidas da OMT, a melhoria de infraestruturas na cidade, a comunicação e envolvimento dos locais no planeamento do turismo, melhor transmissão aos visitantes da forma como se devem comportar na cidade, a maior distribuição dos turistas ao longo do ano e a criação de experiências na cidade em que os residentes e os visitantes se possam conhecer e integrar.

A organização quer uma maior monitorização de movimentos e impactos do turismo e dá o exemplo de uma iniciativa em Lisboa e no Porto, numa colaboração com a Nova SBE e com a NOS, que usa dados móveis e da plataforma AirBnb para estudar a pressão do turismo nas duas cidades. O objectivo é compreender o comportamento dos turistas, nomeadamente qual número de dias que ficam, um roteiro típico, atracções favoritas e decisões. Numa segunda fase, serão desenhadas recomendações e acções concretas para serem tomadas pelas autoridades do sector.

A OMT conduziu inquéritos a 3.153 pessoas nas oito cidades, mais 25 entrevistas abertas por cidade para este relatório. Para chegar às medidas, conduziu entrevistas num total de 18 cidades, com vários representantes e pessoas de influência locais.

A agência estima que o sector do turismo continue a crescer 3,3% por ano até 2030, altura em que atingirá os 1,8 mil milhões de turistas.

LUSA/DI