Consumo turístico teve um contributo total de 8,0% para o PIB em 2021
A estimativa preliminar da Conta Satélite do Turismo para 2021, aponta para um aumento nominal de 27,3% do Valor Acrescentado Bruto gerado pelo Turismo face a 2020.
De acordo com a estimativa preliminar da Conta Satélite do Turismo (CST) para 2021 do INE - Instituto Nacional de Estatística, o VABGT representou 5,8% do VAB nacional (4,8% em 2020), situando-se ainda 2,3 p.p. abaixo de 2019 (em que representou 8,1% do VAB da economia). O Consumo de Turismo no Território Económico (CTTE) foi equivalente a 10,1% do PIB (8,4% em 2020), mas 5,2 p.p. inferior ao nível de 2019.
Aplicando o Sistema Integrado de Matrizes Simétricas Input-Output de 2017 aos principais resultados da Conta Satélite do Turismo, estima-se que a atividade turística tenha gerado um contributo direto e indireto de 16,8 mil milhões de euros para o PIB em 2021, o que corresponde a 8,0% (6,6% em 2020 e 11,8% em 2019). Estes resultados traduziram-se num contributo de cerca de 2/3 para a redução em volume do PIB em 2020, e em pouco mais de 1/3 para a sua recuperação em 2021.
Em 2021, quer as importações, quer as exportações de turismo observaram um aumento próximo de 30%, face ao ano anterior. Contudo, os valores foram ainda inferiores aos registados em 2019: -31,0% no caso das importações e -45,6% no caso das exportações.
Em 2019, último ano para o qual estão disponíveis dados detalhados da CST consistentes com os resultados finais das Contas Nacionais, o emprego nas actividades caraterísticas do turismo aumentou 4,3% face a 2018, fixando-se em 463 372 equivalentes a tempo completo (ETC) e representando 9,6% do total do emprego nacional. Este crescimento foi superior ao observado na economia nacional (1,8%).
Turismo correpondeu a 5,6% do total do emprego nacional
Considerando exclusivamente a componente turística das actividades características do turismo, esta correspondeu a 5,6% do total do emprego nacional (270 986 ETC). As atividades caraterísticas do turismo que evidenciaram dinâmicas de crescimento de emprego mais acentuadas foram os transportes rodoviários (+14,1%), o desporto, recreação e lazer (+6,4%) e as agências de viagens, operadores turísticos e guias turísticos (+6,0%). Cerca de 85% do emprego (ETC) nas atividades caraterísticas do turismo concentrou-se nos restaurantes e similares (49,5%), nos hotéis e similares (22,5%) e no transporte de passageiros (12,7%).
Em 2019, as remunerações nas actividades caraterísticas do turismo representaram 8,9% do total de remunerações da economia nacional. Considerando apenas a componente turística, o peso das remunerações correspondeu a 5,2% do total da economia nacional.
À semelhança do que se observou no emprego, o crescimento das remunerações das atividades caraterísticas do turismo (7,9%) foi superior ao observado na economia nacional (6,0%). Os restaurantes e similares representou 41,4% do montante global das remunerações. Seguiram-se os transportes de passageiros (20,6%) e os hotéis e similares (19,4%). Em 2019 a remuneração média por trabalhador nas actividades características do turismo foi inferior em 3,9% à média nacional, registando, no entanto, diferenças relevantes por actividade. Comparativamente à economia nacional, a remuneração média por trabalhador foi mais elevada nos transportes de passageiros (147,5%) e foi inferior à remuneração média nacional nos restaurantes e similares (77,2%) e nos hotéis e similares (91,4%).
Peso do CTTE (procura turística) no PIB foi mais elevado em Portugal do que noutros países europeus, em 2020
O INE avança ainda que considerando a informação disponível para o ano de 2020 para países europeus (dados provisórios ou preliminares), observou-se que Portugal foi o país que registou maior importância relativa da procura turística no PIB (8,4%). Em termos de variação, verificou-se um decréscimo significativo da procura turística em 2020 em todos países europeus com informação disponível, oscilando entre -29,6% (Áustria) e -60,3% (Espanha). Em Portugal, a procura turística diminuiu 49,1%, face a 2019.
Em 2021, o consumo turístico teve um contributo total de 8,0% para o PIB
Aplicando o Sistema Integrado de Matrizes Simétricas Input-Output de 2017 aos principais resultados da CST, é possível determinar o impacto directo e indirecto da actividade turística na economia nacional.
Este sistema, respeitando um equilíbrio geral entre procura e oferta agregadas, representa as interconexões entre os ramos da atividade económica e permite apurar, mediante certas condições e hipóteses, o efeito da propagação das variações da procura turística aos diversos ramos de actividade.
Estima-se que, em 2021, o consumo turístico tenha tido um contributo total (directo e indirecto) de 8,0% (16,8 mil milhões de euros) para o PIB e de 7,9% (14,4 mil milhões de euros) para o VAB da economia nacional.
O ano de 2020 foi marcado por uma forte contração da actividade económica, que se traduziu numa diminuição de 8,4% do PIB em volume. A redução da atividade turística terá contribuído com -5,6 p.p. para aquele resultado, o que corresponde a cerca de 2/3 da redução do PIB.
Em 2021, o PIB aumentou 4,9%, em volume, com o turismo a contribuir com 1,8 p.p. para este resultado. Note-se que os produtos que mais contribuem para o PIB turístico, como os serviços de alojamento, a restauração e similares, os transportes (especialmente os transportes aéreos) e os serviços de aluguer, foram os que mais sofreram os impactos económicos da pandemia COVID-19, o que se reflectiu em reduções, em volume, entre 46,5% e 65,7% no PIB turístico gerado por estas actividades, em 2020.
Em 2021, os mesmos produtos observaram, em regra, crescimentos intensos (entre 14,4% e 59,1%) face ao ano anterior, à excepção dos serviços de aluguer, que continuaram a registar um decréscimo.