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Atracção por Portugal não é passageira nem moda, veio para ficar

17 de outubro de 2018

Gonçalo Rebelo de Almeida, administrador do grupo Vila Galé, admite que ao contrário do que muita gente diz, o dinamismo no imobiliário e no turismo não é passageiro ou uma moda. Em entrevista ao Diário Imobiliário, revela a estratégia do Grupo neste momento de grande atracção turística e imobiliária em Portugal e sobre os novos projectos a nível nacional e internacional. Neste momento, o Grupo Vila Galé voltou a apostar na componente imobiliário com o Vila Galé Sintra e os resultados têm sido muito positivos.

Numa altura em que Portugal está na moda e temos um boom no turismo, de que forma o Grupo Vila Galé tem dado resposta a essa procura?

Sim, é inegável que Portugal atravessa um bom momento turístico a que procuramos responder de várias formas, que não apenas abrir hotéis só por abrir. É certo que temos vindo a alargar a presença da marca Vila Galé em Portugal, mas sempre com conceitos inovadores, complementares à oferta que já temos. Foi isso que fizemos no Vila Galé Porto Ribeira, na zona ribeirinha do Porto, que é um hotel paper free, onde o uso do papel foi substituído pelo recurso à internet, aplicações e dispositivos móveis. É um conceito pioneiro em Portugal. Há ainda o Vila Galé Sintra, que abriu em Abril e é um hotel dedicado à saúde, com programas médicos e uma oferta muito completa de wellness. Ou o Vila Galé Collection Braga, no centro histórico da cidade, que é um hotel único, porque resulta da reabilitação do antigo hospital de São Marcos. O edifício data do século XVI e mantivemos muitos traços originais na reconversão. Está a funcionar desde Maio. Ter hotéis temáticos - por exemplo dedicados à moda, à dança, à poesia - tem sido uma das nossas opções, a par da abertura em edifícios históricos, como aconteceu com o Vila Galé Collection Palácio dos Arcos, um palácio do século XV. 

Por outro lado, alargámos também as nossas propostas gastronómicas, em complementaridade com a nossa marca de vinhos e azeites Santa Vitória, que produzimos no Alentejo. Lançamos o conceito de pizzarias artesanais Massa Fina, que já tem quatro restaurantes em Portugal, passámos a ter brunches, temos várias iniciativas gastronómicas nos hotéis para divulgar os sabores regionais. De resto, temos trabalhado para reforçar o nosso posicionamento e o que define a marca: aposta no turismo de famílias, boa relação qualidade-preço, selecção cuidadosa de localizações, constante modernização dos hotéis, valorização dos recursos humanos. Acreditamos que desta forma temos conseguido responder aos desafios e à cada vez maior exigência dos clientes, sem esquecer a sustentabilidade financeira, o cuidado com o ambiente e a inovação.

Neste momento está em desenvolvimento o Vila Galé Sintra, com a componente imobiliária. Como têm decorrido as vendas?

Sim, além do hotel de cinco estrelas, o projecto em Sintra tem uma vertente imobiliária, que aliás, marca o regresso do grupo Vila Galé a esta área de negócio. O empreendimento tem 48 apartamentos de T2 e T3 já em comercialização e a procura tem correspondido às expectativas. O conceito tem gerado muita curiosidade porque além da localização, - tem uma vista privilegiada para a serra e para o Palácio da Pena - e da proximidade de Lisboa e do centro de Sintra, há a vantagem de os proprietários poderem usufruir das facilidades do hotel e dos seus serviços e valências de saúde.

O conceito de saúde e bem-estar tem de facto seduzido clientes?

Sim. Não há muita oferta deste género em Portugal. Habitualmente, os hotéis virados para a saúde e bem-estar são para se ir sozinho ou em casal. E este tem oferta para toda a família. O Vila Galé Sintra é um healthy lifestyle hotel com cenário ideal, onde a ideia é promover um estilo de vida saudável, conjugando a alimentação equilibrada, a prática de exercício físico, os cuidados com a saúde e as terapias holísticas. A grande novidade é o revival medical spa que disponibiliza vários programas de saúde, em parceria com a Cintramédica. Há programas de rejuvenescimento, para perder peso, para deixar de fumar, para detox e até para prevenir a obesidade infantil. Todos incluem análises clínicas, consultas de nutrição e um plano alimentar específico, massagem e atividade física. Há propostas para todas as idades e atividades que se podem fazer em família, por exemplo, sessões de yoga para pais e filhos, massagens infantis, aulas na piscina. A pensar nas crianças temos até um carrossel, um parque de trampolins e uma piscina com escorregas.

Cada vez mais as pessoas querem ter este tipo de experiências, porque a preocupação com a saúde, com o bem-estar, com os hábitos saudáveis, com o equilíbrio entre corpo e mente é crescente. É a isso que queremos dar resposta com este hotel. E Portugal tem muito potencial para ser um destino forte em turismo de saúde.

Este é de facto o elemento diferenciador do projecto ou que mais define o Vila Galé Sintra?

O revival medical spa e a oferta de saúde são efectivamente diferenciadores. Mas fazem parte de um conceito mais global. Além dos programas médicos, há consultas de diferentes especialidades, desde dermatologia a nutrição. Além disso, o Vila Galé Sintra é um hotel de cinco estrelas onde também há muito cuidado com a alimentação, como não podia deixar de ser. Temos dois restaurantes, o Versátil, onde é servido um buffet de baixo teor calórico, e o Inevitável, à la carte, com sugestões gourmet light. E dispõe de terapias holísticas, com diferentes massagens e medicinas alternativas, yoga e meditação. Há ainda um diversificado programa de fitness, com actividades mais indicadas para adultos, como aulas de Bike (ciclismo indoor, com vários níveis de intensidade), Power (aeróbica de alto impacto), Strech (treino de flexibilidade e consciência cultural) ou de dança e na piscina. Mas também actividades de animação pensadas para as crianças, como workshops na horta pedagógica, sessões de cinema e ateliers de artes plásticas. A ideia é que tudo decorra num ambiente descontraído, diferente de uma clínica ou de um hospital, de se possa tirar partido sozinho, em casal ou com a família toda.

Qual o perfil dos compradores? São mais portugueses ou estrangeiros?

O hotel e o seu conceito healthy têm tido boa aceitação tanto por parte do público português como de outros mercados onde acreditamos que há muito potencial, como Espanha, França, Reino Unido, Alemanha, Brasil, EUA. O mesmo se aplica ao produto imobiliário, que tem suscitado interesse junto de portugueses, brasileiros e alguns europeus.

Além dos que estão em construção e depois de ter ganho o concurso de reabilitação e exploração do Convento de São Paulo, em Elvas e de vencer um concurso do programa REVIVE para a unidade da Coudelaria de Alter do Chão, no Alentejo, que outros projectos estão a ser analisados pelo Grupo?

Esses são dois dos projetos que temos em carteira. Em Elvas, estamos a reabilitar o antigo convento de São Paulo e vamos ter mais um hotel de quatro estrelas, que será o terceiro Vila Galé no Alentejo. Prevemos investir cerca de seis milhões de euros e ter à volta de 80 quartos, salão de eventos, spa, piscinas exterior e dois restaurantes, criando entre 25 a 30 empregos. A inauguração está prevista para o segundo trimestre de 2019. Já em Alter, a ideia é recuperar e reconverter algumas áreas da Coudelaria de Alter, transformando-as num hotel de quatro estrelas dedicado à temática equestre, que deverá começar a funcionar em 2020. Prevê-se que esta unidade, que merecerá um investimento de oito milhões de euros, além de alojamento tenha spa, restaurante de gastronomia regional. Há ainda o projecto da Serra da Estrela, que está previsto para o final de 2019. Será o primeiro hotel de montanha da Vila Galé, e é mais um projecto para completar e diversificar a rede, que já conta com hotéis de cidade, no campo e na praia.

Além destes, está também em pipeline mais um hotel no Douro. Será o Vila Galé Douro Vineyards, virado para o enoturismo, que também queremos abrir no próximo ano. Já no Brasil, em Dezembro é inaugurado o Vila Galé Cumbuco Suites, junto ao resort Vila Galé Cumbuco. E estamos a desenvolver um novo resort em Una, no litoral da Bahia, que será o Vila Galé Costa do Cacau, num investimento de 150 milhões de reais.

Como vê este dinamismo do mercado imobiliário e turístico que Portugal está a viver?

Ao contrário do que muita gente diz, não acredito que seja passageiro ou uma moda. É sim, o resultado do trabalho que temos vindo a fazer a vários níveis e que explica que Portugal esteja no top 20 dos melhores destinos do mundo há muito tempo. Temos um bom clima, segurança, boa gastronomia, hotelaria de qualidade, oferta diversificada e património. E temos usado esses argumentos para fazer uma divulgação e promoção de Portugal no estrangeiro.

Mas o mais importante é que quem vem fica satisfeito e fidelizado. Quer repetir a estadia e é nisso que temos de estar focados. Mas também temos de estar preparados para algum abrandamento e para níveis de crescimento mais baixos do que tivemos em 2016 e 2017. Destinos como Egipto, Turquia, Tunísia estão a recuperar, há a incerteza do Brexit, temos o esgotamento do aeroporto de Lisboa e a falência de algumas companhias aéreas europeias, por isso, é preciso trabalhar para captar novos mercados, em particular não-europeus, manter a qualidade da oferta e investir na valorização dos recursos humanos.

Paralelamente, Portugal tem de desenvolver novos produtos turísticos ligados ao turismo de natureza, turismo de saúde, turismo equestre, captação de congressos, até porque isso puxará por outras áreas e actividades económicas que acabam por ser complementares e que se cruzam com o turismo. É o caso do design, da tecnologia, da ciência e inovação, da gastronomia e vinhos, das energias renováveis. Dessa forma conseguimos ter um destino mais completo, diferenciado e atractivo e maior capacidade para internacionalizar as marcas e produtos portugueses.

Que investimento espera fazer até ao final do ano? E que resultados estão previstos?

Será um ano muito em linha com 2017. Estamos sobretudo focados em consolidar a operação dos três novos hotéis que abrimos em Portugal no último ano e ainda Vila Galé Touros, o resort que abrimos em Julho, perto de Natal, no Brasil. E também em preparar as próximas unidades previstas para 2019 e 2020.

De qualquer forma, estamos atentos a oportunidades e Portugal e no estrangeiro. Continuamos com a ambição de ter mais um hotel em Lisboa, no centro histórico, e manteremos a estratégia de olhar para regiões mais interiores do país, de forma a contribuir para criar pólos dinamizadores que ajudem a atrair emprego e turistas, sempre com o objectivo de os distribuir melhor pelo território. No Brasil, também estamos constantemente a analisar outros projectos. Relativamente à operação, prevemos um ligeiro aumento nas receitas, que deverá rondar os 5%, muito graças à recuperação do preço médio.