O Seixal atrai (cada vez mais) residentes e investidores
Joaquim Santos, engenheiro civil e presidente da Câmara Municipal do Seixal, fala ao Diário Imobiliário sobre o potencial de atractividade do concelho da Margem Sul e dos projectos que já estão em marcha, quer no campo da reabilitação, do turismo ou da industrialização.
Com um território de 95 km2 de superfície e uma população de cerca de 170 mil habitantes, o Seixal goza de uma forte proximidade à capital e uma localização que lhe permite estabelecer relações privilegiadas com a maioria dos concelhos da margem sul do Tejo e com Lisboa. Possui ainda uma extensa frente ribeirinha que se estende ao longo de 14 km.
As razões que levaram o Salão Imobiliário de Portugal – SIL a convidar o Seixal como Cidade Convidada do maior evento do sector, que abre as portas hoje, 3 de Outubro e decorre até Domingo, estão plenamente justificadas. O edil do Seixal revela em primeira mão do DI que o seu concelho vai ter o primeiro grande projecto industrial que marca o arranque da South Lisbon Bay – o grande território que abarca antigas terrenos industriais da Siderurgia e da Lisnave na Margem Sul, nos concelhos do Seixal, Barreiro e Almada. Um investimento de 200 milhões de euros de uma empresa nacional que irá criar 200 postos de trabalho.
Lisboa tem vivido um aumento exponencial de procura pelo seu imobiliário, em particular nas zonas históricas, em grande parte por estrangeiros mas também por investidores portugueses. Isso tem-se repercutido nos mercados imobiliários dos concelhos vizinhos. Como o tem sentido o Seixal?
No núcleo urbano antigo do Seixal, até 2012, os preços no imobiliário estavam muito baixos, mas a partir do momento que a Câmara começou a reabilitar e requalificar o casco histórico isso gerou um forte interesse por parte dos privados e uma pressão grande sobre os preços. E agora, diria, que é quase proibitivo comprar um edifício mesmo em muito mau estado no centro do Seixal. Pedem-se 1.200 euros/m2 por uma casa em ruina!
Mas o Seixal antigo não se limita à cidade sede do concelho...
Ainda há alguns dias dois promotores queixavam-se dos preços que lhes eram pedidos e que tornavam incomportável a rentabilização de qualquer operação económica. Aconselhei-os a optarem por outras zonas urbanas do Concelho que vão ter intervenção camarária e que muito se irão valorizar. São os casos de Arrentela e da Amora, dois núcleos antigos, muito característicos e pitorescos.
O município vai investir na reabilitação desses dois núcleos urbanos aproveitando as linhas de financiamento existentes para a reabilitação. Quem quiser comprar para habitar, ou para reabilitar e arrendar ou para abrir algum negócios nesses núcleos há financiamento a 100%, baixas taxas de juro, além dos benefícios concedidos pelo município pelo facto de serem áreas de recuperação urbana: IVA a 6%, não pagam IMI nem IMT, 50 a 100% de isenção nas taxas municipais, uma linha directa para o licenciamento por ser ARU, o que torna muito mais rápida cada operação. Gerámos – como se diz agora – um “ecossistema favorável” à regeneração urbana. Estamos falar de núcleos antigos que necessitam de reconstrução e reabilitação.
Em termos percentuais o que há ainda por reabilitar?
Eu diria que no núcleo antigo do Seixal 40% do edificado está ainda por reabilitar e ocupar. Na Arrentela e Amora, o caso é bem pior, estamos a falar porventura de 80% do edificado.
De quando é esse edificado…? Da primeira metade do séc. XX?
Não, bastante mais antigo. A Arrentela sobreviveu ao terramoto de 1775...Estamos a falar de edifícios que na sua génese remontam aos sécs. XVI, XVII, XVIII...O Seixal ainda tem essa cultura identitária característica deste núcleos urbanos. O Seixal é diferente da Arrentela, que é diferente da Amora, de Paio Pires, que é diferente de Corroios...Com a sua cultura própria estamos certos que irão atrair investidores e turismo e procura de lazer.
Os 3 anéis do concelho do Seixal
Mas há mais procura pelos prédios a reabilitar ou pela construção nova?
Neste momento o que sentimos é que a procura é basicamente de pequenos investidores para criação de hostels, gelatarias, restaurantes, bares, etc. E em particular nas zonas ribeirinhas, alguns dos quais em parceria com a Câmara Municipal. Todos os meses abre um novo negócio na zona da Baía. E essa corresponde à nossa visão, em que a Baía é a “Praça Central” do Município. Pensamos que será em torno dela que o Seixal terá o seu ‘ex-libris’ cultural, patrimonial e de vivência das populações.
Depois temos uma segunda linha – um segundo anel, digamos assim - , onde temos um conjunto de novas urbanizações, de que a Quinta da Trindade junto ao Centro de Estágios do S.L. e Benfica é um bom exemplo, a qual está ainda em 40% da sua construção, mas já há outros, de construção moderna que permitem que as pessoas possam viver com qualidade, com conforto, em sítios desafogados, com espaços verdes e uma série de equipamentos que estamos a construir e que possam servir essas populações. Outro exemplo de empreendimento residencial de qualidade é o Seixal Baía que vai entrar numa segunda fase de desenvolvimento.
Para além destes dois empreendimentos, temos uma coisa que não existe em toda a Área Metropolitana de Lisboa: o Monte Verde, um projecto com uma área verde que apresenta o menor índice de construção existente. É um empreendimento de grande dimensão a caminho de Sesimbra, na zona de Fernão Ferro, promovido pelo grupo SIL. Vai ter um golfe e um hotel, além de piscinas courts de ténis, etc. Temos ainda, junto à Aroeira, a denominada Herdade do Pinhão, promovido pelo Grupo Alves Ribeiro. Estamos a falar de 4 grandes urbanizações claramente vocacionados para primeira habitação.
E as indústrias, a logística e os serviços?
Temos um 3.º anel que tem a ver com as áreas industriais, de logística e de serviços. Que vão desde os terrenos da Siderurgia, com 537 hectares, à Quinta das Lagoas, junto a Corroios e Almada.
Há a ideia que, dos três concelhos da Margem Sul, o Seixal é o que tem menos terrenos vocacionados para a actividade industrial, logística e serviços…?
Pelo contrário, Almada tem cerca de 90 hectares, o Barreiro tem 300 o Seixal tem 535 hectares dos terrenos da antiga Siderurgia Nacional...É também o concelho com a mais extensa zona ribeirinha e também aquela que está mais disponível…Todo esse território está capacitado para determinados usos.
O Turismo e as áreas de lazer também não foram esquecidas…?
Estamos a apostar em três áreas e numa quarta que vai ser de grande dimensão. Estamos a falar da frente ribeirinha Seixal-Arrentela, a frente ribeirinha de Amora e o Eco-Resort do Seixal.
Na zona do Seixal temos identificados três pontos de hotel: o Hotel Mundet nesta primeira frente ribeirinha já está a concurso e dentro de dias divulgaremos qual a proposta vencedora. Este hotel será um unidade hoteleira temática muito ligada à cortiça e à memoria da industria cortiçeira que foi tão importante neste concelho. O projecto reabilitará o antigo edifício de escritórios da Mudet e que se juntará mais um piso a juntar e um outro recuado.
Para além desta unidade hoteleira, temos previsto um outro hotel no porto de recreio e um terceiro, de maior dimensão, na Quinta da Trindade junto ao Terminal Fluvial. Na zona da Amora temos também previsto um Hotel Porto recreio. Todos estes hotéis serão implantados e construídos em terrenos da Câmara.
Fala-se também no desenvolvimento em breve de um Eco Resort…?
A ponta dos Corvos - que nós designamos Eco Resort do Seixal - é seguramente um dos projectos mais interessantes do ponto de vista turístico e ambiental da AML. Tem 90 hectares, uma praia com 3 km, e localiza-se frente a Lisboa, com vista para o Terreiro do Paço. Não há mais nenhum local assim…!
Terá um hotel onde as pessoas podem chegar de barco...Uma parte importante dos terrenos pertencem à autarquia e a restante pertence a quatro proprietários privados que se uniram a nós através de um protocolo para a elaboração do plano de pormenor que depois nos irá permitir elaborar um projecto de planeamento integrado que dê satisfação às preocupações ambientais e que dê rentabilidade ao empreendimento.
Temos o objectivo de “concretizar no local um projecto turístico diferenciador, numa zona de grande riqueza natural, inserida na Área de Reserva Ecológica Nacional, entre a Baía do Seixal e o Tejo”.
As águas estão despoluídas?
Faz agora 10 anos que os municípios da Península de Setúbal investiram 200 milhões de euros na despoluição do Tejo. Hoje o rio está completamente despoluído, muitas espécies de peixe voltaram a aparecer, basta falar com os pescadores para ver a diferença entre o que era e o que é hoje…
Faltam equipamentos que são da responsabilidade do Estado
O Conselho do Seixal tem já todos os equipamentos de que necessita?
Nas Áreas Metropolitanas de Lisboa e do Porto não há nenhum concelho que tenha todos os equipamentos necessários. Neste momento a Área Metropolitana de Lisboa está a fazer o mapeamento de todos os equipamentos sociais existentes e constamos que estamos muitíssimo atrasados comparativamente a outros países.
No nosso município estamos a investir em várias frentes: escolas – no mandato que passou construimos duas escolas, agora vamos construir mais duas, um jardim de Infância e estamos a fazer muitas requalificações em muitos esdifícios escolaress. No desporto, estamos a concluir o estádio municipal, adjudicámos agora uma piscina municipal em Paio Pires e vamos também requalificar o estádio municipal da Medideira com construção do centro de treinos do Amora. No ambiente vamos continuar a apostar na criação de parques urbanos de dimensão, alguns dos quais estão já a ser executados, como é o caso daquele que se situa nos terrenos da antiga Mundet e que estará concluído em Janeiro ou Fevereiro. Trata-se de um parque de 5 hectares.
Estamos a concluir um Centro de Tratamento de Aguas novo de 6000 m3 em Fernão Ferro e vamos ampliar e requalificar o centro distribuidor de Belverde. Na Cultura vamos fazer um novo Centro Cultural da Amora, com Biblioteca, auditório, galeria de exposições, um centro de juventude …
Vamos intervencionar alquns equipamentos públicos, como são o caso de vários mercados municipais e vamos inaugurar uma Loja do Cidadão que será a 2ª no Distrito de Setubal. A sua construção vai arrancar e a sua conclusão e entrada em funcionamento está prevista para 2020.
Depois faltam aqueles equipamentos que são da responsabilidade do Estado Central: o Hospital do Seixal; a Esquadra da Divisão Policial do Seixal; financiamento para escolas e lares de idosos e creches…
São equipamentos que são necessários não só à população que já cá vive como para aquela que esperamos a escolher no nosso Concelho para aqui residirem.
O hospital já tem o assentimento do este Governo: vai ficar num terreno do Estado Português junto ao nó do Fogueteiro. O Estado tem aí 80 hectares e o hospital irá ocupar cerca de 10 hectares. Esta unidade hospitalar irá servir não só a população do Seixal como a de Sesimbra. Libertará em muito o Hospital Garcia da Horta em Almada.