
Diogo Mendes, Director de Marketing da imovendo
Porque é que ainda vendemos casas como nos anos 90?
Há setores que parecem ter embarcado numa verdadeira revolução digital. Fazemos compras online em segundos, marcamos consultas médicas através de apps, gerimos contas bancárias a partir do telemóvel. No entanto, quando se trata de vender uma casa, por vezes parece que recuámos no tempo, como se ainda estivéssemos nos anos 90.
Claro que há exceções e sinais positivos de mudança. Algumas plataformas digitais já permitem anunciar imóveis com poucos cliques, fazer visitas virtuais ou tratar de burocracias online. Mas a verdade é que, no panorama geral, o processo de venda de uma casa em Portugal continua, muitas vezes, marcado por métodos tradicionais: telefonemas, papelada física, visitas presenciais demoradas e um certo grau de opacidade em torno dos dados e dos custos envolvidos.
Esta resistência à mudança pode ser explicada, em parte, pela complexidade do setor imobiliário. Vender uma casa não é o mesmo que vender um par de sapatos. Envolve valores elevados, emoções fortes e decisões de grande impacto. No entanto, isso não significa que não haja espaço ou necessidade para inovação.
A digitalização pode trazer clareza, conveniência e confiança ao processo. Imagine-se uma plataforma onde o vendedor pode seguir, em tempo real, o interesse gerado pelo seu imóvel, com dados sobre visualizações, propostas recebidas e sugestões automáticas para melhorar a atratividade do anúncio. Ou um sistema em que toda a documentação legal fosse tratada de forma segura e desmaterializada, reduzindo prazos e incertezas.
Noutros setores, a tecnologia ajudou não só a simplificar processos, mas também a empoderar o consumidor. Porque não trazer esta mesma abordagem para o mercado imobiliário? Não se trata de eliminar o papel do agente imobiliário. Pelo contrário, trata-se de lhe dar ferramentas mais eficazes, para que possa oferecer um serviço mais transparente, mais personalizado e mais eficiente.
O momento para esta mudança parece ideal. Os consumidores estão cada vez mais habituados à agilidade digital, e a tecnologia necessária já existe. O desafio está, agora, em mudar mentalidades, atualizar modelos de negócio e promover uma cultura de inovação dentro do setor.
Talvez esteja na altura de deixarmos os anos 90 onde pertencem - nas memórias, na música e nas fotografias - e começarmos a vender casas com as ferramentas do presente.
Diogo Mendes
Diretor de Marketing da imovendo
*Texto escrito com novo Acordo Ortográfico