Logo Diário Imobiliário
CONSTRUÍMOS
NOTÍCIA
JPS Group 2024Porta da Frente
Habitação
Pobreza persistente fragiliza coesão social e trava resposta do mercado de habitação

Ilustração Macrovector em Freepik

Pobreza persistente fragiliza coesão social e trava resposta do mercado de habitação

17 de outubro de 2025

Segundo o relatório “Pobreza e Exclusão Social 2025”, do Observatório Nacional de Luta Contra a Pobreza, existem e persistem mais de dois milhões de pessoas em risco de pobreza em Portugal.

A Rede Europeia Anti-Pobreza (EAPN) Portugal defende um reforço do Rendimento Social de Inserção (RSI) como medida essencial para garantir uma vida digna às pessoas em situação de pobreza extrema e travar o agravamento das desigualdades sociais.

No Dia Internacional para a Erradicação da Pobreza, a EAPN divulgou o relatório “Pobreza e Exclusão Social 2025”, do Observatório Nacional de Luta Contra a Pobreza, que revela a persistência de mais de dois milhões de pessoas em risco de pobreza em Portugal.

A coordenadora nacional da rede, Maria José Vicente, sublinhou à agência Lusa que o RSI “deve ser adequado para assegurar condições de vida dignas” e que “não se trata apenas de uma medida económica, mas de um instrumento de inclusão social e de acompanhamento das famílias”.


Ilustração macrovector em Freepik


A responsável defende uma abordagem “estratégica e integrada” ao fenómeno da pobreza, articulando políticas de trabalho, educação, saúde, justiça e, sobretudo, habitação. “Uma sociedade com estes níveis de pobreza é uma sociedade onde a democracia e o bem-estar colectivo estão enfraquecidos”, alertou.

Segundo os dados mais recentes do Instituto Nacional de Estatística (INE), a taxa de pobreza em 2023 situava-se em 16,6%, uma ligeira descida face ao ano anterior. No entanto, a EAPN sublinha que os rendimentos das famílias não acompanham o aumento do custo de vida, agravando a dificuldade de acesso à habitação.


Pobreza e habitação: um círculo vicioso

O elevado número de pessoas em situação de pobreza representa também um obstáculo de monta a um mercado de habitação dinâmico e equilibrado. Com salários baixos e rendimentos instáveis, grande parte da população vê-se excluída do arrendamento formal e do crédito à habitação, o que alimenta a escassez de oferta acessível e pressiona o sistema público de apoio.

A EAPN recorda que a pobreza “é multidimensional” e que a falta de habitação adequada é uma das suas expressões mais graves. Sem políticas coerentes que aliem rendimento mínimo, emprego digno e habitação acessível, torna-se impossível construir uma sociedade inclusiva e sustentável.

Em linha com as novas estratégias europeias de combate à pobreza e à crise habitacional, Maria José Vicente apela a um compromisso político transversal que una esforços do Estado central, autarquias e sociedade civil. “É tempo de fazer convergir todas as estratégias setoriais — da infância às pessoas sem-abrigo — num mesmo objectivo: o combate efectivo à pobreza e à exclusão social”, concluiu.

Lusa/DI