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Foto Porto de Setubal

Península de Setúbal quer avançar com criação da Comunidade Intermunicipal (CIM)

21 de junho de 2024

O presidente da Câmara do Barreiro (PS) convidou os homólogos dos municípios da Península de Setúbal para uma reunião sobre a criação da futura Comunidade Intermunicipal (CIM) da região, anunciou hoje a autarquia.

Em carta aberta, o autarca do Barreiro convida os presidentes das câmaras municipais dos outros oito municípios da Península - Almada, Alcochete, Moita e Montijo, de maioria PS, e de Palmela, Seixal, Sesimbra e Setúbal, com maioria CDU - para uma reunião a realizar na segunda-feira, pelas 14.30, na StartUp Barreiro, para iniciar o processo de constituição da nova CIM.

A iniciativa surge na sequência da aprovação da NUT II (Nomenclatura de Unidade Territorial para Fins Estatísticos) da Península de Setúbal pela União Europeia, proposta pelo então primeiro-ministro António Costa em Dezembro de 2022.

“É imperativo que juntos avancemos para a criação da nova CIM, já prevista na lei, mas que necessita da vontade do poder local para ser concretizada. Todo o esforço de autarcas e da sociedade civil, que durante tanto tempo advogaram esta solução de justiça territorial não pode ficar a meio caminho”, escreve na missiva o presidente da Câmara do Barreiro, Frederico Rosa.

Por isso, acrescenta o autarca, é urgente “a criação da CIM da Península de Setúbal com a missão central de desenvolver, de forma inclusiva e com os diversos ‘stakeholders’ da região, uma visão estratégica de desenvolvimento e crescimento sustentável para a Península de Setúbal”,


Frederico Rosa, presidente da CM do Barreiro


O presidente da Câmara do Barreiro propõe um debate sobre um conjunto de prioridades, desde a Habitação, Mobilidade e Transportes, Acção Climática, Transição Energética e Ensino e Inovação, entre outras.

Em declarações à Lusa, Frederico Rosa justificou a iniciativa com a necessidade de existir uma estratégia adequada para o próximo quadro comunitário de apoio, quando se iniciarem as conversações com a União Europeia.

“É muito importante haver um trabalho de planeamento e de visão estratégica nos mais diversos níveis, porque a constituição da CIM da Península de Setúbal vai permitir um cofinanciamento de projectos superior à da parte norte da Área Metropolitana de Lisboa (AML), mais desenvolvida”, disse o presidente da Câmara Municipal do Barreiro, lembrando que no quadro comunitário PT2020 a taxa de financiamento europeu na AML era de 50% e que no actual quadro comunitário “baixou para apenas 40%”.

Contactado pela Lusa, o director-geral da Associação da Indústria da Península de Setúbal (AISET), Nuno Maia, considerou fundamental haver um entendimento dos autarcas da região para que o processo de criação da nova CIM avance rapidamente.

“Na AISET, já estamos a trabalhar, já temos quatro grupos de trabalho para as áreas da transição carbónica e energética, transição digital, economia circular e capital humano, e depois iremos, com o Instituto Politécnico de Setúbal, fazer um documento de estratégia para apresentar ao Governo até ao final do ano”, disse.


Nuno Maia, DG da Associação da Indústria da Península de Setúbal (AISET)


Segundo Nuno Maia, o documento deverá ser depois integrado na estratégia que vier a ser definida para a Península de Setúbal, no âmbito de um processo de modernização e digitalização da actividade industrial na região.

A Península de Setúbal tem sido fortemente prejudicada na atribuição de apoios comunitários por estar integrada nas NUT II e NUT III da Área Metropolitana de Lisboa desde 2013, por decisão do então Governo PSD/CDS-PP, uma vez que os municípios da margem norte do Tejo têm um rendimento ‘per capita’ acima da média europeia.

Com um rendimento muito inferior, a Península de Setúbal tem sido penalizada por essa alteração, dado que sofreu uma redução significativa dos apoios comunitários por estar integrada na Área Metropolitana de Lisboa.

Lusa/DI


Almada - Foto Baia do Tejo


Parque empresarial do Barreiro - Foto Baia do Tejo