Portugal: o ciclo virtuoso Turismo-Imobiliário-Construção
O turismo nunca esteve tão bem, beneficiando da instabilidade que vivem regiões que, até há pouco, pontificavam como destinos turísticos prevalecentes.
O imobiliário vive uma certa euforia, depois de anos de crise ‘troikiana’ e de uma governação que colocou o sector no ‘Index’ da actividade económica.
A contrução, por sua vez, renasce, prospera e cria emprego, beneficiando dos fundos comunitários para a reabilitação urbana e a renovação dos centros históricos das cidades.
Todos estes três sectores de actividade se influenciam mutuamente e têm gerado um ciclo virtuoso promissor para o desenvolvimento da, até agora, estagnada economia nacional.
Dados animadores…
Os dados esta semana divulgados pela Federação Portuguesa da Indústria da Construção e Obras Pública (FEPICOP) dão conta desta realidade.
Nos três primeiros meses do ano, “o sector da construção registou o mais elevado nível de investimento dos últimos 15 anos, com um crescimento de 8,5%”, e o mercado imobiliário apresentou vendas de 127 mil casas em 2016, num montante global que ascende aos 15 mil milhões de euros, “quase o dobro do valor das vendas registado quatro anos antes” – constata a FEPICOP.
No 1.º trimestre do ano, também o valor acrescentado bruto da construção evoluiu, em termos homólogos, a uma taxa de 7,4%, o que, segundo a FEPICOP, não se verificava há 66 trimestres consecutivos (16,5 anos), indiciando que, “embora mantendo-se o volume de produção em níveis ainda muito anémicos, se está a iniciar um novo ciclo de crescimento da construção”.
O volume de licenciamento de novos fogos habitacionais registou, nos primeiros quatro meses de 2017 um acréscimo de 34% em termos homólogos, depois do aumento de 38% em 2016.
Portugal, um país cada vez mais cosmopolita
É, também, cada vez maior o número de estrangeiros que nos visita e também aqueles - das mais diferentes nacionalidades - que procuram o nosso país para aqui comprar casa, pelas mais diferentes razões (vistos de residência, benefícios fiscais, segurança, hospitalidade e amenidade do clima, as praias, a gastronomia, os vinhos, a diversidade paisagística, etc.).
Ainda recentemente, a compra de imóveis em Portugal por parte de estrangeiros era associada quase exclusivamente à região do Algarve. Hoje o panorama é bem diferente, e são os centros históricos de Lisboa e Porto as localizações mais procuradas. Por outro lado, nunca se construíram ou reabilitaram tantos hotéis, nem nunca os centros históricos das duas principais cidades do país viram tanto afã de reabilitação…
As autoridades, e (até !) os políticos, deram-se conta que o Turismo é um sector estratégico da economia nacional dadas as extraordinárias condições que o país tem para oferecer.
De que modo este ciclo virtuoso poderá continuar e evoluir virtuosamente, sem percalços nem excessos…? O futuro o dirá, mas o seu rumo não pode nem deve ser deixado ao ‘destino’ ou ao imponderável. Há necessidade de intervenção e regulação por parte do Governo e outras autoridades regionais.
Números que vale a pena fixar!
Os números divulgados este semana pela AHP - Associação da Hotelaria de Portugal sobre o desempenho da hotelaria no mês de Abril e o crescimento exponencial do Arrendamento Local nas duas principais cidade do país demonstram, sem contestação, a importância do Turismo no tecido económico.
Há números que vale a pena fixar: Fernando Medina, presidente da Câmara de Lisboa e candidato à sua reeleição à frente dos destinos da capital, afirmava esta semana em entrevista a um canal de televisão que o volume de negócios gerado pelo Turismo na região de Lisboa se situa nos 6.000 milhões de euros/ano!
Este triângulo Turismo-Imobiliário-Construção não é certamente a galinha dos “ovos d’ouro” que irá transformar todas as nossas carências e debilidades estruturais, que irá fazer o nosso atraso na Singapura do amanhã, mas como todos as realidades de “estimação” há que tratá-lo com muito carinho.
António Baptista da Silva
Partner “Diário Imobiliário”