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Opinião

 

Porque está Lisboa no centro do mundo?

21 de fevereiro de 2018

Perante um mundo global e de constantes alterações dos mercados, as cidades do mundo reinventam-se. Com a Indústria 4.0 mudam as regras em tantos aspetos, como a abertura a novos tipos de organização do trabalho, novas formas de criatividade, novos modelos contributivos onde aumenta a integração de elementos de fora da organização, e onde as fronteiras caem, e desaparecem as limitações geográficas que determinavam onde devemos trabalhar. Entre tantas outras novas dinâmicas. Às cidades desta nova realidade é pedido que integrem espaço e lugares para a afirmação deste novo mundo sem fronteiras.

Lisboa percebeu que, acolher um evento catalisador como o Web Summit, seria um sinal da sua capacidade para atrair e fixar as empresas e as pessoas da era digital. O custo de vida da cidade, relativamente baixo comparado com outras metrópoles, a sua centralidade, uma população que comunica facilmente em outros idiomas, o clima, a gastronomia e a disponibilidade de recursos humanos qualificados, também contribuíram para que Lisboa fosse subindo no pódio das cidades mais atrativas.

Todos os dias, inúmeras empresas e investidores optam por Lisboa. Tendência que se vai manter, e este movimento será decisivo para definir o nível qualitativo dos serviços. As empresas vão determinar novas exigências para a forma como querem trabalhar e para a tipologia dos espaços onde querem desenvolver as suas atividades.

As empresas, nacionais e internacionais, cientes desta nova realidade, procuram espaços de trabalho flexíveis, capazes de as colocar dentro do mercado, perto das oportunidades criadas pela presença e interação dos seus elementos com outras empresas atuando de forma sinérgica e colaborativa.

As mesmas empresas que, cientes do seu papel enquanto agentes de mudança, requerem flexibilidade, redução de custos nos recursos partilhados, conectividade, locais de produção inspiradores e networking. Com isto conseguem atrair e manter os seus recursos humanos, impulsionando o talento e a criatividade dos seus colaboradores exclusivamente focados no seu objetivo.

Adaptando-se a esta realidade, a oferta de espaços de trabalho está também a moldar-se rapidamente. Hoje já não imaginamos uma cidade moderna sem espaços de coworking, onde trabalham todo o tipo de organizações, desde o freelancer, às startups, às PME’s e às grandes empresas. Todos estão a optar pela flexibilidade na forma como estabelecem os contratos de arrendamento, procurando investimento reduzido em instalação de infraestruturas, equipamento, mobiliário, optando por focar-se na capacidade de incorporar mais elementos através da aquisição de mais postos de trabalho. E, com grande enfoque, procurando ser parte de uma comunidade.

Pertencer a uma comunidade é cada vez mais relevante e decisivo para a atração de negócio e partilha da oferta de soluções aos clientes, que aumenta com o número de membros da comunidade e a sua capacidade de interação.

Estamos perante uma tendência irreversível que, cada vez mais, será a forma usual das empresas se organizarem nos espaços de trabalho.

Nos próximos tempos assistiremos a uma segmentação na oferta de serviços de acordo com as necessidades de empresas cada vez mais exigentes em focar os seus recursos no seu negócio, entregando as atividades não estratégicas a prestadores de serviços especializados.

Gustavo Brito

Sócio do LACS - Lisbon Art Center & Studios

*Texto escrito segundo a nova ortografia