Pavilhão de Portugal, uma obra-prima abandonada!
O Pavilhão de Portugal foi construído para a Exposição Universal de 1998.
Era o Pavilhão mais importante da Expo’98, o edifício que representava Portugal, o país anfitrião.
Projetado por Siza Vieira, o arquiteto mais premiado do nosso país, o pavilhão é uma obra-prima.
Em 2010 foi classificado como Monumento de Interesse Público pelo IGESPAR.
O Pavilhão é constituído por um edifício com um pátio no seu interior e com uma fabulosa varanda aberta ao rio e uma pala incrível em betão armado que foi considerada uma das melhores construções em betão do mundo.
O tema da utilização do Pavilhão pós-Expo é recorrente e urgente.
Quando a Expo’98 fechou as suas portas houve a enorme preocupação de transformar os vários edifícios que faziam parte da Exposição no sentido de serem imediatamente reutilizados pelos novos usos.
No caso do Pavilhão de Portugal houve muitas notícias sobre o seu destino, poderia ser o Conselho de Ministros ou o Museu da Arquitetura, mas nenhuma ideia vingou. O pavilhão de Portugal continuou sempre sem destino nem rumo.
Entretanto desde 1 de agosto de 2015 que a Universidade de Lisboa passa a ser a nova dona do edifício. Quando tomaram posse os responsáveis da Universidade disseram que “O Pavilhão de Portugal faz parte do património da Universidade de Lisboa (ULisboa), prevendo-se que este espaço emblemático da cidade de Lisboa seja palco de diversas iniciativas no âmbito da educação, investigação científica e cultura promovidas pela ULisboa.”
Em 2016 a empresa Parque Expo’98, antes da sua extinção, tomou a iniciativa de organizar um Centro Interpretativo sobre o projeto do Parque das Nações dentro do Pavilhão de Portugal, intitulava-se “A Cidade Imaginada”. Era uma pequena exposição mas bem organizada com bastantes peças que foram guardadas e bem cuidadas. Foi um bom exemplo de como o Pavilhão poderia ser aproveitado. No entanto, este Centro Interpretativo depressa fechou e nunca mais abriu as portas. Dentro dele ficou o espólio da Expo’98 que nós não sabemos onde se encontra, se está em boas mãos, se o vamos ver outra vez ou se está deitado ao abandono.
Já em 2018 começámos a ouvir notícias de que a Universidade de Lisboa iria intervir de uma forma importante no Pavilhão de Portugal. O jornal Público escreveu, “O Pavilhão de Portugal irá acolher um Centro de Congressos, com um auditório polivalente e capacidade de 650 lugares. A empreitada de reabilitação e requalificação do Pavilhão de Portugal vai decorrer entre 2019 e 2021, num investimento máximo global de 9,3 milhões de euros”. Estamos em 2020 e ainda nada. Estamos no país do “vamos fazer”, quem me dera que estivéssemos no país do “fizemos”.
“A maior praça coberta do país...”
Neste momento o pavilhão de Portugal não está a ser utilizado para nada, ou antes, serve para tudo menos para o que deveria servir. Deveria ter um uso que orgulhasse qualquer português. Mas afinal está abandonado e maltratado. Esquecido e negligenciado, é de facto confrangedor a degradação que o Pavilhão apresenta em 2020. Pelo menos os “sem-abrigo” aproveitam-no e utilizam-no.
O espaço por baixo da pala é a maior praça coberta do país, com ligação e vista para o rio, deveria ter uma utilização condigna da sua dimensão e importância mas afinal é usada para exposições que poderiam estar em qualquer lado e em que nada o dignificam.
Recordo as palavras de António Cruz Serra, Reitor da Universidade de Lisboa, responsável pelo Pavilhão de Portugal desde 2015:
“Vamos ter uma dinamização cultural permanente, um espaço expositivo, ensino e serviços da Universidade de Lisboa. Vamos ter esta zona dinamizada, o pavilhão cheio de gente e vamos, seguramente, dar uma boa utilização àquilo que é um edifício emblemático, de que todos nos orgulhamos, e que dificilmente aceitaríamos que estivesse parado como esteve durante estes anos ou que fosse parar a mãos estrangeiras”.
Sem comentários.
Diogo Freire de Andrade (Arquitecto)
Conceito - Arquitectos