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Partilhar

 

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13 de agosto de 2020

Quando me perguntam se prefiro angariar um imóvel ou ter um cliente comprador, a minha resposta é invariavelmente a mesma: “prefiro partilhar”. A partilha é (ou deveria ser) o expoente máximo da relação de confiança que se cria entre colegas consultores ou entre empresas do sector e que, quando efectivada, resulta numa solução que surge a contento de todas as partes. Ao invés disso, tenho a ideia que esta é muitas vezes vista, por consultores e por empresas, como uma solução de recurso do sector que, quando vê que não consegue clientes para o seu imóvel (e o prazo do contrato está a chegar ao fim) abre mão da comissão que conseguiu com o cliente para tentar resolver algo que poderia estar já resolvido há que tempos, se as pessoas não quisessem ser lambões.

Pessoalmente, devo-vos confessar que estou um fã das partilhas. Têm-me permitido conhecer pessoas fantásticas, separar o trigo do joio e ter acesso a diversas possibilidades de mercado num patamar que estou a adorar explorar.

A cereja no topo do bolo é a constatação de que tenho, felizmente, neste momento, alguns colegas com quem já criei uma relação de confiança (dentro de portas, mas também na dita “concorrência”) e a sua experiência e mais-valia têm-me evitado também cometer alguns erros. E, sejamos concretos: se esta relação for franca, séria e honesta, onde as oportunidades, os riscos e as comissões são partilhados 50/50, um papel assinado entre as partes (porque as regras da sociedade assim o obrigam e porque nos afastámos milhas do conceito de palavra dada e do valor de shaking hands) apenas vai reforçar o sentimento de confiança mútua que se criou entre dois profissionais. 

A partilha é, na minha humilde opinião, o melhor de dois mundos, porque nos permite, consoante as circunstâncias e as oportunidades, estar do lado do comprador ou do lado do vendedor, trabalhando, efectivamente, para que o que temos entre mãos possa ter um final feliz para todos. E, como sabemos, às vezes temos produto e não temos imediatamente cliente e o inverso também acontece. A partilha permite-nos assim colmatar uma carência, saltando etapas e ganhando tempo para todos.

O Mário, que conheci através destes meus artigos, colocou o dedo na ferida no que às partilhas diz respeito. Escreveu-me ele que “é preciso encarar a partilha como forma de negócio e não como alternativa a negócios que não estão a sair por si só, até porque é importante perceber que a partilha, acima de tudo, defende os clientes”. Eu não teria dito melhor.

Francisco Mota Ferreira

Consultor Parcial Finance