A Cultura do Mercado Imobiliário
De uma forma “generalizada” a cultura do mercado imobiliário em Portugal assenta numa visão muito focada no egoísmo/egocentrismo em que os pilares principais são: Lucro no curto prazo (a qualquer custo...), pouco foco na criação de valor para os clientes e falta de informação/transparência (ou muita informação manipulada que leva a tomadas de decisão erradas).
Tendo em conta os ciclos do próprio mercado, o “sobe e desce” é uma realidade que traz grandes desafios. Daí importância de pensar um pouco mais que o curto prazo.
A história é sempre a mesma. Quando o ciclo é ascendente , todos lucram isso . Quando o ciclo é descendente , poucos resistem.
Porque será?
Não me considero um empreendedor nem um empresário, julgo que tenho ainda um longo caminho a percorrer.
Nunca me esqueço de algumas conversas que fui tendo ao longo do tempo e existe uma frase que relembro várias vezes com muito “carinho”.
“Tens muito pouca visão, só pensas a longo prazo”.
Pois bem, esta é a minha cultura de imobiliário. O Longo Prazo.
Não acredito em fórmulas milagrosas para o “afamado sucesso” que todos apregoamos.
Acredito em criação de confiança e valor junto de todos os stakeholders do mercado através da ação. Não basta dizer, é preciso fazer. Essa é a base para a performance positiva no longo prazo, é nisso que acredito.
O que as gerações mais jovens podem esperar do imobiliário?
Hoje vivemos tempos de mudança a grande velocidade e é muito difícil prever dinâmicas da economia.
De todo o modo, é preciso juntar a irreverência e criatividade das gerações mais jovens com a experiência e traquejo das gerações mais “velhas” para que ambas possam evoluir e trazer inovação ao mercado.
É preciso acreditar nos jovens, dar-lhes espaço para errar.
É preciso arriscar, é preciso dinamizar.
As gerações mais jovens não devem “esperar”, devem avançar.
Como podem alterar o poder instituído dos lobbies?
Os lobbies existem em todas as sociedades, em todas as atividades. O lobbie até pode ser visto como positivo.
Infelizmente o mercado imobiliário em Portugal ainda vive muito do “lobbie negativo”. Não se premeia competência mas sim influência.
Acredito que a competência cria influência positiva. É nisso que nos devemos focar.
Estou sempre habituado a ouvir coisas como: “Já se faz assim há tanto tempo, porquê mudar? Todos fazem assim, porque hei-de fazer diferente?”
Se não tivermos coragem para fazer diferente, para “enfrentar a ordem estabelecida” nada vai mudar.
A nova geração vai conseguir ser disruptiva?
Julgo que a nova geração tem condições e ferramentas para ser disruptiva mas sinto que lhe falta coragem para mudar a cultura egocêntrica a que o mercado nos tem habituado.
É preciso aproximar os profissionais das diferentes atividades que compõem o mercado imobiliário. É preciso terminar com a competitividade “negativa”.
É preciso criar sinergias reais e terminar com os climas de desconfiança que sempre dominam todos os momentos do mercado.
Sem a mudança de mentalidade do Eu para o Nós, as mudanças e melhorias serão sempre muito pontuais e pouco expressivas.
André Casaca
Promotor Imobiliário
*Texto escrito com novo Acordo Ortográfico