Movimento cívico exige monumento do 18 de Janeiro em rotunda da Marinha Grande
O Movimento Cívico pela manutenção do Monumento Evocativo do 18 de Janeiro de 1934 exige que a estátua regresse ao centro da Praceta do Vidreiro.
“O Movimento Cívico e a maioria da população marinhense não vão desistir até que o mesmo seja colocado no centro da Praceta do Vidreiro”, referiu aquela organização, através de uma nota de imprensa.
O movimento lamentou que “40 anos após a inauguração, o Monumento ao Movimento Vidreiro esteja desmembrado e a requalificação deste lhe tenha retirado a sua centralidade e visibilidade”.
Da autoria do escultor marinhense Joaquim Correia, que morreu em 2013, o monumento foi inaugurado aquando do 50.º aniversário da revolta do 18 de Janeiro de 1934.
A obra foi retirada do local para trabalhos de beneficiação e não voltou ao local de origem, sendo transferido para uma zona próxima, no passeio em forma de meia-lua que rodeia o Parque Mártires do Colonialismo.
Uma peça escultórica de inegável qualidade
Em 18 de Janeiro de 1934, no âmbito de uma greve nacional, vários trabalhadores da Marinha Grande, na sua maioria vidreiros, reuniram-se em Casal Galego, tendo, depois, cortado estradas de acesso à cidade e a linha ferroviária.
Ocuparam também a Estação dos Correios e o posto da GNR, mas o movimento acabou contido logo ao início da manhã, com a chegada à Marinha Grande de forças policiais e militares.
Os revoltosos ainda resistiram, mas, pela manhã, as autoridades tomaram a cidade. O número de detidos terá ascendido a 131 pessoas, sendo que 45 revoltosos foram processados e condenados ao desterro pelo Tribunal Militar Especial, com penas entre três e 14 anos de prisão e ao pagamento de pesadas multas.
O movimento cívico tem insistido junto da autarquia para que o monumento regresse ao local de origem e ganhe o protagonismo que merece.
Sempre que tem sido confrontado em reuniões de executivo, o presidente da Câmara da Marinha Grande, no distrito de Leiria, Aurélio Ferreira (MPM Movimento pelo Concelho, 2021-2025), tem referido que aguarda por um especialista que possa fazer o trabalho nas melhores condições.
O movimento adiantou que “comemorar os 90 anos do 18 de Janeiro de 1934 é enaltecer os operários que, com determinação e coragem lutaram contra o regime fascista, pela liberdade, por uma sociedade sem amarras”.
“Uma luta que marcou a história da Marinha Grande e cujo exemplo foi semente para as duras lutas travadas, mesmo correndo o risco de prisão, tortura e de vida, durante mais quatro décadas até ao 25 de Abril de 1974 e que se prolonga nos nossos dias”.
“A melhor homenagem que podemos fazer aos obreiros do 18 de Janeiro é manter viva a força combativa, lutando contra as injustiças, pelo direito a ter uma vida digna, pelo direito à paz e ao fim do massacre dos povos. Só assim faz sentido comemorar os 90 anos do 18 janeiro e os 50 anos do 25 de Abril, que também ele pôs fim a uma sangrenta guerra colonial”.
Lusa/DI