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Mercado imobiliário global super-prime abranda

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Mercado imobiliário global super-prime abranda

28 de novembro de 2025

O novo relatório global da Knight Frank, da qual a portuguesa Quintela + Penalva é associada, mostra um abrandamento conjuntural nas vendas super-prime, mas mantém-se uma procura internacional muito robusta por mercados estáveis e de qualidade, uma tendência que tem beneficiado Portugal, não só por via dos produtos de alto valor que têm surgido, mas também pela crescente procura de investidores estrangeiros por produtos exclusivos no nosso país.

Assim, segundo o Global Super-Prime Intelligence, no terceiro trimestre de 2025 verificou-se um abrandamento do volume de vendas de imobiliário de superluxo nos 12 mercados avaliados por esta multinacional, após um forte crescimento no segundo trimestre (Dubai, Los Angeles, Nova Iorque, Hong Kong, Londres, Singapura, Orange County, Palm Beach, Miami, Genebra, Paris e Sidney).

Os dados resultam do mais recente relatório da Knight Frank, o Global Super-Prime Intelligence, e referem-se ao mercado super-prime – ou seja, à transação de imóveis de valor superior a 10 milhões de dólares.

Na perspectiva de Francisco Quintela, sócio fundador da Quintela + Penalva, associada em Portugal da Knight Frank, embora o relatório não se refira ao mercado nacional, por ainda não ter um número de transacções destes valores que justifica a entrada neste ranking, “cidades como Lisboa e Porto, a região do Algarve, mas também zonas como o Estoril, Cascais e o eixo Troia, Comporta e Melides continuam a ser mercados muito atrativos para investimentos estrangeiros de alto valor. Isto resultada da nossa estabilidade económica e do potencial de valorização, que têm dado sinais positivos para os mercados exteriores, e que tem cativado vários investidores, não só nacionais, mas também internacionais”.

Por sua vez, ao nível global, terão sido factores como contexto político, pressão fiscal e escassez de oferta que estiveram na origem desta desaceleração temporária, embora a visão anual continue sólida: nos últimos 12 meses registaram-se 2.185 vendas, o valor mais elevado desde 2021.

Nos 12 mercados analisados, contabilizaram-se 474 transações, uma queda de 21% face ao trimestre anterior, totalizando 8,5 mil milhões de dólares em volume de vendas.

Dubai mantém liderança mundial

Apesar desta correção trimestral de 28%, o Dubai continua a liderar destacadamente o mercado super-prime, com 103 transacções no último trimestre, e um volume de negócio superior a dois mil milhões de dólares em vendas. A oferta limitada continua a funcionar como travão à actividade, apesar da procura global muito acima da média.

EUA: verão mais lento em Nova Iorque e estabilizado na Costa Oeste

Nova Iorque registou 74 vendas, menos 38% de que no trimestre anterior, influenciadas por um período de menor actividade antes das eleições municipais, totalizando 1,19 mil milhões de dólares, apenas 59% face ao semestre anterior.

Los Angeles manteve-se entre os mercados mais ativos, com 64 transacções num valor de 1,25 mil milhões de dólares, embora com preços médios mais baixos face ao trimestre anterior.

Nos submercados de luxo norte-americanos, Orange County manteve-se estável, Miami voltou a perder tracção e Palm Beach registou o maior ajuste, com apenas 6 transações, menos 81% dos que nos anteriores três meses.

Ásia: Hong Kong e Singapura em aceleração

Hong Kong continua a recuperar, com 56 vendas (+6%, atingindo 1,04 mil milhões de dólares, em valor total.

Singapura foi o mercado com maior crescimento trimestral, com 36 transações (+44%) e um aumento de quase 50% no valor total, refletindo uma maior atividade em negócios de ticket médio mais baixo dentro da gama super-prime.

Europa: Londres reflete a incerteza fiscal

Londres sofreu uma queda significativa, com apenas 36 transacções (menos 31% do que as transações verificadas no trimestre anterior), o que reflecte uma penalização gerada pela especulação por via de potenciais mudanças fiscais no Reino Unido durante o Verão, o que impactou o sentimento dos investidores e reduziu receitas no curto prazo.

Genebra e Paris mantiveram níveis reduzidos de transacções, em linha com as dinâmicas observadas nos últimos anos.

Mercado global mantém robustez estrutural

Apesar da volatilidade trimestral, a Knight Frank destaca a resiliência estrutural do segmento super-prime:

- Dubai continua a liderar graças ao forte fluxo internacional de capital;

- Nova Iorque deverá normalizar após o período eleitoral;

- Los Angeles demonstra profundidade seletiva em ativos unifamiliares de topo;

- Hong Kong mantém trajetória de recuperação;

- Londres enfrenta desafios políticos e fiscais de curto prazo.

Liam Bailey, Global Head of Research da Knight Frank, clarifica: “A volatilidade trimestral é uma característica inerente ao segmento super-prime. O abrandamento de Q3 segue-se a um período excecional em Q2 e reflete o impacto conjugado de política, fiscalidade e limitações de oferta. Apesar disso, os totais anuais mantêm-se sólidos, superados apenas pelo pico pós-pandemia de 2021, demonstrando a resiliência de longo prazo do mercado”.