
Investimento em imobiliário comercial aumentou 69% no 1.º trimestre
O investimento em imobiliário comercial em Portugal totalizou 1,2 mil milhões de euros no primeiro semestre, o que representa um aumento de 69% face ao mesmo período do ano anterior, revela a Savills.
De acordo com o o mais recente estudo Real Estate Market Overview da consultora imobiliária, foram realizadas um total de 36 transacções durante o primeiro semestre, em linha com o número de negócios fechados no mesmo período de 2024. Apesar da persistente cautela por parte dos investidores e do cenário global ainda marcado pela incerteza, estima-se que o mercado encerre o ano de 2025 com volumes de investimento superiores aos verificados em 2024.
Numa análise por sectores o retalho foi o segmento líder em volume de investimento durante o primeiro semestre de 2025, totalizando 616 milhões de euros. O ressurgimento do interesse dos investidores neste sector está assente, em grande parte, na recuperação do footfall e dos volumes vendas nos centros comerciais, juntamente com a procura sustentada dos consumidores, impulsionada por fluxos turísticos que continuam a bater recordes.
Em destaque esteve também o sector da hospitality, com um volume total de investimento de 330 milhões de euros no primeiro semestre de 2025, o que representa um aumento de 16% face ao ano anterior. O sector continua a ser um dos principais impulsionadores do mercado de investimento comercial português e espera-se que mantenha a sua dinâmica. Com um forte pipeline de projetos, particularmente em Lisboa e no Porto, o foco dos investidores mantém-se no reposicionamento e remodelação dos ativos existentes, refletindo uma mudança estratégica para a criação de valor.
Ainda de acordo com o relatório da Savills, no final dos primeiros seis meses de 2025, o mercado de escritórios em Portugal registou um volume de investimento de 134 milhões de euros, refletindo um aumento de 11% face ao mesmo período de 2024. Este montante representa 11% da quota de mercado do volume total de investimento no primeiro semestre, evidenciando um crescimento moderado, ainda que condicionado pela disponibilidade limitada de activos core. Embora o regresso aos espaços físicos de escritórios seja já o modelo preferencial para muitas empresas, a adoção crescente de modelos de trabalho híbridos, que contemplam o trabalho remoto, veio reformular os fundamentos deste mercado. Adicionalmente, o sector continua a enfrentar um desequilíbrio patente entre as expectativas de compradores e vendedores, o que tem impactado o ritmo das transações e reforçado a seletividade dos investidores. Apesar destes constrangimentos, a procura continua e a presença consolidada de tecido empresarial internacional evidenciam a resiliência e solidez subjacente do mercado de escritórios em Portugal.
A logística, com 111 milhões de euros, conquistou 9% de quota de mercado até ao final do primeiro semestre de 2025, com os volumes de transações a permanecerem relativamente contidos em comparação com a dinâmica do mercado ocupacional. Foram fechados sete negócios durante o período, quatro dos quais envolveram a aquisição de plataformas logísticas por capital internacional, com um valor médio de 21,7 milhões de euros.
No que diz respeito à origem do capital investido, o primeiro trimestre foi marcado por uma predominância de capital proveniente de fundos de investimento e investidores institucionais nacionais. Já no segundo trimestre, o investimento cross-border voltou a assumir a liderança, representando cerca de 85% da quota de mercado, com destaque para os montantes provenientes de França, Espanha e Reino Unido.
Durante o primeiro semestre de 2025, os fundos e empresas de investimento imobiliário e de gestão de ativos mantiveram-se entre as categorias de investidores mais activas no mercado, direccionando o seu capital para propriedades de hotelaria, edifícios de escritórios, centros comerciais e activos logísticos, indicando uma decisão estratégica de investimento em sectores com força operacional e procura crescente.
"O primeiro semestre de 2025 revelou-se bastante positivo para o mercado de investimento imobiliário comercial em Portugal, registando um crescimento significativo face ao mesmo período do ano anterior. Os setores de retalho e hotelaria mantêm-se particularmente dinâmicos, refletindo um elevado potencial de expansão sustentado pelos sólidos fundamentos de mercado que caracterizam o mercado português. Apesar de o contexto global continuar a impor uma abordagem mais prudente e a prolongar os processos de decisão, perspetiva-se que a trajectória de crescimento do investimento se mantenha ao longo do ano”, refere Pedro Figueiras, Head of Capital Markets da Savills Portugal.