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Habitação by century 21

 

Já existe falta de habitação nova

26 de maio de 2017

Apesar da reabilitação ser importante, o que está a acontecer é falta de produto novo, projectos construídos de raiz com alguma dimensão, para um equilíbrio dos preços. Esta é a opinião do economista Joaquim Montezuma de Carvalho, professor auxiliar convidado no ISEG/Lisbon School of Economics and Management e sócio gerente da ImoEconometrics, sobre a possível especulação dos preços da habitação em Lisboa.

O especialista adianta que não existe uma aproximação ainda de uma 'bolha' imobiliária mesmo que em determinadas artérias da cidade os preços por metro quadrado estão muito acima dos valores praticados nos últimos anos. Isto devido à euforia que se vive no mercado imobiliário actual, sobretudo com os projecto de reabilitação nas zonas históricas dirigidos aos investidores estrangeiros.

Uma situação que coloca Portugal na linha de preocupação de Bruxelas, depois dos últimos dados divulgados pelo Eurostat, o sistema estatístico da União Europeia, revelarem que em 2016, os preços das casas aumentaram 4,1% na zona euro e 4,7% na União Europeia, no que diz respeito ao quarto trimestre de 2016 em comparação com o período homólogo.

Apesar de apresentar valores abaixo do crescimento registado em 2006, esta é a maior taxa de crescimento anual verificada desde 2009, o que demonstra que os preços das casas estão a recuperar globalmente desde a crise.

Observando o índice de preços da habitação deflacionada (ou “real”), que é um dos indicadores utilizados no procedimento de desequilíbrio macroeconómico (PIM) da Comissão Europeia, 11 países registaram uma taxa de crescimento anual igual ou superior a 6%, valor identificado como de ‘alarme’ no contexto do PMI. Entre estes países encontra-se Portugal, assim como Bulgária, República Checa, Hungria, Letónia, Malta, Áustria, Roménia, Eslováquia, Suécia e Reino Unido.

Apesar do ‘alarme’ soar em Bruxelas e Portugal estar no topo do ranking da Zona Euro com uma subida de 7,1% em 2016 - a quarta maior do euro, sendo apenas superada por Malta (9,2%), Letónia (8,8%) e Áustria (8,5%) -, os especialistas nacionais são peremptórios em afirmar que não existe o perigo de uma ‘bolha’ imobiliária em Portugal. Joaquim Montezuma, garante que esta subida não é reveladora da totalidade do país. "Em Lisboa, em determinadas zonas, os preços sofreram uma grande subida que tem sido acompanhada e estendida a várias artérias e bairros da cidade mas isso não acontece no resto do país. Aí os preços mantém-se sem grandes alterações. Tudo isto está a acontecer devido à lei da oferta e da procura, como sempre foi", explica o responsável.

O economista salienta que neste momento a procura está a superar a oferta, sobretudo porque o que chega ao mercado são na maioria das vezes ofertas de 10 ou poucos mais apartamentos, isso naturalmente faz subir os preços e não vai resolver o problema da procura. "Apesar de ainda existirem muitos edifícios para reabilitar nas cidades, o que está a acontecer neste momento, é falta de produto novo, projectos construídos de raiz com alguma dimensão, para os preços se voltarem a equilibrar", garante Montezuma.

Alguns dos empreendimentos de construção de raiz que estão a surgir novamente na cidade, têm sido um sucesso de vendas, o que significa que o mercado necessitava deles. Vai ser essa oferta a entrar no mercado e outras que surjam e que, na opinião do especialista estão a fazer falta em Lisboa, que irão fazer descer o preço na venda de casas. De referir que já se encontram casas usadas a serem vendidas em Benfica a 2.500 euros o metro quadrado. O especialista aconselha por isso, a aumentar a oferta de projectos novos para que o mercado possa funcionar com um equilíbrio entre a procura e a oferta.