Logo Diário Imobiliário
CONSTRUÍMOS
NOTÍCIA
JPS Group 2024Porta da Frente
Habitação
Habitação Pública centro de debate em Setúbal

 

Habitação Pública centro de debate em Setúbal

 

Habitação Pública centro de debate em Setúbal

15 de junho de 2021

 

 

A construção de uma nova política global e coerente, com maior envolvimento do Estado e em estreita articulação com as autarquias locais, foi defendida pela Câmara Municipal de Setúbal num encontro sobre habitação pública.

"É necessário criar uma estratégia para a governança das políticas de habitação", afirmou a presidente do município, Maria das Dores Meira, no I Fórum da Habitação Pública Municipal de Setúbal, que teve lugar ontem, no Fórum Municipal Luísa Todi.

A autarca, ao lembrar "que a habitação é uma necessidade básica que desempenha papel fundamental para a melhoria da qualidade de vida das pessoas, para a competitividade das cidades e vilas e para a coesão social e territorial", frisou que "é na habitação que é mais visível a diferenciação social entre as pessoas".

E referiu: "entre a política, a habitação e a cidade, dever-se-iam desenvolver as políticas sociais de promoção de habitação pública que permitissem corrigir disfuncionalidades e falhas do mercado que, ainda hoje, prejudicam milhares de famílias".

Um dos problemas indicados em matéria de habitação passa pela inexistência de uma política pública continuada - referiu.

Uma política que, "na crise imobiliária de 2008, levou a que os bancos se transformassem nos maiores proprietários de habitação em Portugal", com o Estado a assumir, neste contexto, "um papel meramente assistencialista, nada tendo feito pela maioria da população".

 

A importância da Lei de Bases da Habitação

A presidente da Câmara Municipal de Setúbal advertiu que, "mesmo com a habitação consagrada como direito constitucional, esteve-se demasiado tempo sem nada se fazer para fazer cumprir este direito", paradigma que mudou com a publicação, em Maio de 2018, da Nova Geração de Políticas de Habitação, ainda que sem os efeitos desejados.

A autarca sublinhou que a publicação da Lei de Bases da Habitação, em Setembro de 2019, veio criar condições para a existência de legislação efectiva, mais estruturada, e que pode constituir um ponto de partida para a construção de uma nova política, global e coerente, edificada em diálogo entre o Estado e o Poder Local. Contudo, vincou: "a situação actual contém graves problemas no acesso à habitação, semelhantes em dimensão, impactes e intensidade aos da época em que, de facto, havia falta de casas devido à migração das populações para as cidades aquando da industrialização", a qual é agravada pelas "desigualdades territoriais decorrentes das diferentes capacidades financeiras de cada município".

Para uma estratégia completa é necessária "uma maior participação do Governo central e a articulação com o Governo local", bem como mais planeamento, reflexões e partilha, como a realizada em Setúbal, com o objectivo de "contribuir para a edificação das práticas e políticas de habitação necessárias às nossas populações" - sublinhou a autarca.

 

Habitação: “Pilar do Estado Social”

Para a secretária de Estado da Habitação, Marina Gonçalves, que participou no Fórum, sublinhou o desinvestimento de décadas do Governo em matéria de habitação pública e destacou o esforço de contraciclo que está a ser desenvolvido.

"A habitação é um pilar do Estado social. Falhou-se ao longo de muitas décadas porque não houve uma política estruturada", afirmou a governante, para elencar um conjunto de "novas políticas que estão a ser implementadas para dar uma resposta concreta e transversal a problemas identificados".

Entre os vários instrumentos no terreno, Marina Gonçalves destacou o programa 1.º Direito "para chegar às famílias com menos rendimentos", o qual é apoiado por um Plano de Recuperação e Resiliência "mais robusto e capaz de contrariar o diagnóstico realizado no país" no que respeita à habitação pública.

A secretária de Estado salientou ainda a nova bolsa de alojamento urgente e prioritário, "uma rede de suporte de emergência para quem precisar", dinamizada no âmbito da instituição de novas políticas públicas. "Estamos a aprender com aquilo que não se fez ao longo de anos para dar resposta a diversas carências habitacionais."

Já o membro do Conselho Directivo da Associação Nacional de Municípios e autarca de Vila Franca de Xira, Alberto Mesquita, defendeu "a desburocratização" dos procedimentos relacionados com a habitação pública, seja no acesso às casas, seja nos instrumentos necessários para a implementação de políticas locais.

Alberto Mesquita advertiu, igualmente, para a necessidade de o Estado conduzir "políticas de maior elasticidade, ou seja, adaptadas às características e especificidades dos diferentes municípios", os quais, frisou, "têm assumido o papel de garantir o acesso das pessoas à habitação pública".

Este responsável apontou as dificuldades de acesso à habitação pública, "um problema multidimensional" agravado por um "parque habitacional escasso e deteriorado e pelas dificuldades financeiras das famílias".