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Arrendamento

 

Portugueses não conseguem comprar nem arrendar casa

7 de fevereiro de 2018

"Estamos a chegar a um ponto em que as famílias se deparam com o fenómeno 'nem-nem'. Nem conseguem comprar, nem conseguem arrendar, tais são os valores que se apresentam no mercado", afirma Luís Lima, presidente da APEMIP- Associação dos Profissionais das Empresas de Mediação Imobiliária de Portugal.

De acordo com  para o Barómetro Imobiliário do Gabinete de Estudos da APEMIP referente ao mês de Dezembro, o desajuste entre a oferta e a procura continua a ser uma das características deste segmento habitacional. O estudo revela que 74% das imobiliárias considera que a procura aumentou, enquanto apenas 16% denotam um aumento da oferta.

Os desequilíbrios deste mercado, são confirmados pelos números: cerca de 50% dos negócios concretizados, situavam-se no intervalo de rendas entre os 300 e os 500 euros, valores que, nas palavras de Luís Lima "revelam o intervalo de preços mais procurado pelas famílias para ativos T1 e T2, tipologias que também reúnem o grosso da procura. No entanto, é cada vez mais difícil encontrar casas a estes preços, e grande parte dos jovens e famílias acabam por aceitar arrendar por valores que ultrapassam a sua taxa de esforço", indicando que a habitação em Portugal está a caminhar para uma situação perigosa. 

A procura é muita, e espelha-se na rapidez com que o stock de casas para arrendar se esgota. 74% dos imóveis colocados neste mercado são ocupados em menos de três meses.

"Não adianta apontarmos armas a mercados como o do Alojamento Local ou ao investimento estrangeiro quando o problema principal está na desadequação do mercado de arrendamento à nossa realidade. Não podemos pedir aos proprietários que façam o papel de garantidores de habitação a preços acessíveis, se não lhes são dadas condições para que façam do arrendamento um negócio rentável. Este segmento é um negócio, e como negócio que é tem que garantir lucro a quem o promove. Se no panorama actual os proprietários não vêm condições no mercado de arrendamento para que lhes compense apostar nele, é natural que dirijam o seus activos para outro tipo de mercados", salienta o responsável.

Luís Lima adianta ainda que o desiquilíbrio irá acentuar-se depois das recomendações do Banco de Portugal que tornam as condições de acesso ao crédito à habitação ainda mais restritivas. "Neste panorama, só o Estado pode intervir para estimular a dinamização do mercado de arrendamento", afirma o Presidente da APEMIP¸ sugerindo que esta dinâmica tem que passar, obrigatoriamente, pela introdução de incentivos fiscais aos proprietários que tenham activos para dirigir para este mercado.