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“Greater Porto” e Lisboa marcaram competitividade no MIPIM
Com 34 anos de existência, o MIPIM há muito que se assumiu com um dos maiores e o mais internacionalizado dos salões imobiliários que se realizam na Europa. Na edição deste ano, que reuniu no Palácio dos Festivais de Cannes, na Côte d’Azur francesa, uma grande quantidade de expositores e visitantes oriundos de todo o mundo e de todos os ramos do sector imobiliário, o «Greater Porto» (câmaras do Porto, Matosinhos e Vila Nova de Gaia) e Lisboa (que se apresentou em conjunto com os municípios de Almada e Vila Franca de Xira) não só marcaram presença através de stands bem dimensionados e bem localizados, como se notabilizaram pelo conjunto e originalidade de muitas iniciativas que promoveram.
A edição de 2024 do MIPIM abriu portas nos dia 12 e termina hoje, sexta-feira, 15 de Março.
O “Greater Porto”, que havia estado presente na edição de 2023, aumentou a sua área de representação de 170 m2 para 230 m3 este ano, estimando uma presença ainda maior no próximo ano.
“O balanço da primeira presença em 2023 foi avaliado como muito positivo, de outro modo não estaríamos aqui, pensando já no aumento de nossa representação para 2025. Tarefa difícil já que o espaço de exposição em todas as edições do MIPIM é extremamente disputado” - explicou António Miguel Castro - Presidente da Gaiaurb, responsável este ano pela coordenação rotativa da representação da região nortenha no evento. Junto com ele, estavam os vereadores das Actividades Económicas e do Urbanismo da Câmara do Porto, respectivamente Ricardo Valente e Pedro Baganha, e ainda Marta Moura Laranja Pontes, vereadora do município de Matosinhos.
O “Greater Porto” representa um comprometimento dos 3 municipios na divulgação do seu território com vista à captação de maior e melhor investimento para todos os segmentos do mercado imobiliário” - adianta o Presidente da GaiaUrb. Explica que raramente se conseguem resultados imediatos, mas dos contactos iniciais, e posteriores, se cria uma dinâmica que conduzem, muitas vezes, a concretizações prometedoras.
O MIPIM representa bem aquilo que é hoje o mercado imobiliario europeu, onde a disputa pela captação de investimento se faz entre cidades ou regiões metropolitanas. E para o conseguir, estas tem que ser atractivas, apresentarem uma escala humana, assentarem numa estratégia de sustentabilidade e possuirem uma identidade própria. A região do “Greater Porto” - diz o conjunto dos nossos interlocutores - possui muitas destas características e trabalham nesse sentido.
Mas as câmaras não podem estar sózinhas, sabendo que os projectos e investimentos se fazem sobretudo através de privados, razão porque no espaço da região estiveram 15 empresas portuguesas dos mais diferentes sectores do mercado imobiliário que se quiseram associar à iniciativa, como a Chave Nova, Revito, Castro Group, Civilria, Garcia Garcia, Lionesa Business Hub, Avenue, Geo Investimentos, entre outras; e uma empresa multinacional de consultoria e gestão de projectos com sede no Médio Oriente, a EKO.
Os territórios dos municipios que integram o Greater Porto são dos que mais crescem em termos de investimento em Portugal. A Região registou um investimento de cerca de 100 milhões de euros em 2023 e a meta que os três municípios se propõe é que “entre 2024 e 2030 o investimento canalizado para a região atinja os mais de 10 mil milhões de euros” - afirma o Presidente da Gaiaurb. Que acrescenta: “Isso implica ganhar escala e oferecer uma complementariedade garantida já que podemos atrair todo o tipo de investimento”.
Os petiscos do consagrado chef Vasco Coelho Santos e os vinhos dos Douro ajudaram a fazer dar enorme visibilidade ao Greater Porto
O problema da habitação
Nos três municípios, a questão habitacional é um problema que aflige população, autarcas e, naturalmente também o Poder Central. No MIPIM tivémos eco de problemas da mesma gravidade também em muitos países europeus.
Na região do “Greater Porto” foram construidas de raiz ou reabilitadas mais de 6.000 casas em 2023. “No ano anterior tinham sido 5.000 e até 2030 o objectivo é atingir os 45.000 fogos” - adianta o Presidente da GaiaUrb.
A este respeito, os interveniente defenderam a introdução do Simplex de licenciamento (ainda que lhe apontem algumas deficiências), que «irá constituir um novo paradigma para o sector e vai exigir uma adaptação muito grande nas máquinas administrativa e técnica do Estado central e das autarquias. Defenderam, porém, que tanto ou mais importante do que o Simplex, que beneficia em termos de facilidade e celeridade o licenciamento, é o Código de Construção que está a ser elaborado e que se anuncia.
O vereador das Actividades Económicas da câmara do Porto, Ricardo Valente, destacou que um dos grandes problemas das cidades mais atractivas e onde há maior investimento e riqueza é precisamente a insuficiente habitação para todos. “É um problema das cidades atractivas que atraem riqueza“, assinalou. Apontou ainda outras razões para o agravamento desta situação: a mudança que se assiste na constituição das familías, e a questão dos imigrantes que vêm para Portugal em busca de trabalho. Em relação à primeira questão enfatizou que “35% das famílias no Porto são monoparentais“. Em relação aos imigrantes, sublinhou a necessidade de “ter habitação em condições para estas pessoas” a par de políticas de inserção dessas pessoas na sociedade.
“No ano passado tivemos mais de 100 milhões de euros captados nos três dias de feira”, informou Ricardo Valente. Argumentando: “Quando trazemos investimento estrangeiro que cria valor acrescentado estamos a aumentar o poder de compra das pessoas.” É importante “trazer investimento que permita criar emprego, aumentar salário e equilibrar o problema de comprar casa”. O vereador não se referiu, no entanto, ao pouco investimento canalizado para a construção de habitação ao longo de muitos anos, quer por parte dos diferentes governos que se sucederam quer pelos próprios municípios
Nos mais recentes anos, o investimento estrangeiro no território do Greater Porto representa mais de 30% do total do investimento global. No Porto, alemães, franceses, britânicos e norte-americanos foram os principais «players«, por esta ordem. Já em Gaia a mais forte presença nos recentes anos tem sido liderada claramente por capitais israelitas.
Uma narrativa comum aos três municipios: a aposta na transição digital e energética e uma enorme ambição para mudar e inovar.
Subjacente ao projecto que os liga está também uma vontade expressa de criação de um movimento de interacção com as universidades, uma mais-valia não desperdiçável quando se fala em competitividade entre regiões.
Actualmente o território do “Greater Porto” tem uma população residente de 800 mil pessoas.
(O DI esteve no MIPIM em Cannes a convite do Greater Porto).
