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Brasília

Governo de Brasília e Casa da Arquitectura vão partilhar acervo digital de Lucio Costa

19 de fevereiro de 2025

O Governador do Distrito Federal de Brasília, Ibaneis Rocha, e Nuno Sampaio, Diretor-Executivo da Casa da Arquitectura (CA) – Centro Português de Arquitectura assinaram ontem, no Palácio do Biriti, em Brasília, um acordo para a partilha do acervo digital de Lucio Costa, urbanista responsável pelo Plano Piloto de Brasília.

O acordo visa reunir e disponibilizar documentos essenciais da trajectória do arquitecto, promovendo a preservação e a difusão do seu legado relativo ao Plano Piloto de Brasília. Além de facilitar pesquisas e exposições futuras, a iniciativa permitirá o intercâmbio de conhecimentos e experiências entre as instituições.

Recorde-se que a Casa da Arquitectura detém, desde 2021, o acervo pessoal de Lucio Costa e os seus direitos patrimoniais, transmitidos pelos seus herdeiros. Esse conjunto reúne plantas, esboços, correspondências, fotografias e publicações, cobrindo quase um século de produção intelectual. Destacam-se os elementos do Plano Piloto de Brasília, projeto que deu origem à capital brasileira.

O conjunto reflecte, para além da trajectória profissional, também as vivências pessoais e familiares, compreendendo documentos de natureza diversa, como correspondência, artigos de jornais, recortes, revistas, cartazes, fotografias, álbuns de família, postais, mapas, plantas, esquissos, desenhos e apontamentos nos mais diversos suportes como envelopes, verso de calendários, folhas de rascunho ou cartões de visita, por exemplo.

Já o Arquivo Público do Distrito Federal (ArPDF) possui documentos ligados à vida e obra de Lucio Costa provenientes de diversas fontes institucionais, como a Companhia Urbanizadora da Nova Capital do Brasil (NovaCap) e a Secretaria de Estado de Cultura. Esse acervo inclui registos da construção de Brasília, depoimentos históricos e materiais de órgãos que acompanharam a evolução da cidade.

Considerando a importância histórica e cultural da obra de Lucio Costa para a construção da cidade de Brasília, que é património cultural da humanidade, este acordo prevê “o intercâmbio de conhecimentos, informações, documentos e experiências entre as partes, para fins de informação, aperfeiçoamento, guarda, preservação e difusão do acervo de Lúcio Costa relacionado com o “Plano Piloto de Brasília” e demais projectos de construção de Brasília de autoria do Arquitecto Lúcio Costa”.

Este protocolo, pode ler-se ainda no documento assinado entre as partes, promove também o “incentivo a pesquisas, ações de preservação, apoio técnico na gestão documental e valorização da memória de Lucio Costa, registada nos acervos documentais sobre a construção de Brasília”, assim como “canais de comunicação permanente […] com o objectivo de promover ações estratégicas relacionadas com o Plano Piloto de Brasília e demais projectos de construção” da capital do Brasil.

As partes comprometem-se a compartilhar essa documentação no formato digital, bem como experiências em soluções para melhorar a guarda e preservação dos mesmos em qualquer outro formato. A integração digital de elementos que compõem as coleções/arquivos de cada uma das partes tem em vista a criação de um acervo digital sobre Brasília, que será um facilitador para o estudo e investigação da obra de Lucio Costa e possibilitará também uma valorização de projetos expositivos que estão na mira de ambas as partes, como assinala o Diretor-Executivo da Casa da Arquitectura.

“Este acordo reveste-se de grande importância pois vai permitir a ambas as partes a partilha de diversos elementos digitais sobre a obra de Lucio Costa e a formação de Brasília”, considera Nuno Sampaio, acrescentando que a utilização dos acessos partilhados é exclusivamente para uso das duas instituições, não podendo ser passados a terceiros.

“A Casa da Arquitectura, com o apoio do Governo português, tem já 10 bolsas anuais de Bolsas de Investigação para Doutoramento, na área de Arquitetura, Urbanismo, Território sobre os acervos, espólios e coleções da Casa da Arquitectura que são financiadas pela Fundação para a Ciência e Tecnologia (FCT) e que permitem que investigadores, independentemente da sua origem, possam estudar os acervos da instituição desde que estejam ligados a universidades portuguesas”, explica Nuno Sampaio.

Entre esta documentação encontra-se o acervo pessoal de Lucio Costa, agora enriquecido com os elementos disponibilizados pelo Arquivo Público do Distrito Federal. Nuno Sampaio relembra que a Casa da Arquitectura tem à sua guarda acervos de outros arquitetos brasileiros, nomeadamente o do Pritzker Paulo Mendes da Rocha - a quem já dedicou três exposições -, sem esquecer a mostra “Infinito Vão: 90 Anos de Arquitetura Brasileira”, resultado de um processo de dois anos de trabalho que a CA levou a cabo no Brasil para reunir um património com mais de 200 doações que integra o acervo permanente da Casa.