Fusões e aquisições na Europa crescem 23% e atingem os 255 mil milhões de dólares no 1º semestre
O mercado de fusões e aquisições (M&A) na Europa foi o que mais cresceu a nível mundial na primeira metade do ano, indica o estudo da BCG - Boston Consulting Group.
O valor das transacções no mercado europeu atingiu os 255 mil milhões de dólares, mais 48 mil milhões do que no período homólogo de 2023, o que representa um crescimento de 23%, segundo o estudo "M&A Sentiment Index: M&A Insights H1 2024 - The Recovery Continues", realizado pela empresa global de consultoria de gestão BCG. Enquanto o valor das transacções em França (-25%) e na Alemanha (-32%) caiu, o Reino Unido registou a maior quota de transacções na Europa desde 2015 ao aumentar 185%.
A actividade global do mercado de M&A na primeira metade do ano cresceu 4% em comparação com o mesmo período de 2023 para 1 bilião de dólares, ainda assim abaixo da média de dez anos de 1,5 biliões de dólares. O valor atual do índice relativo à predisposição dos empresários para fusões e aquisições desenvolvido pela BCG é de 78, revelando uma actividade global moderada e ficando abaixo da média de 100 nos últimos dez anos. Porém, o mercado já recuperou significativamente em relação ao ponto mais baixo (62), registado em Novembro do ano passado.
A nível regional, o mercado de fusões e aquisições também cresceu na América, tendo atingido os 647 mil milhões de dólares ( +14% em relação ao primeiro semestre de 2023), sendo que a América do Norte foi responsável por 61% da atividade global. Pelo contrário, na Ásia-Pacífico o mercado de M&A decresceu 40% face à primeira metade do ano passado, atingindo um mínimo de 117 mil milhões de dólares em 11 anos, valor que se explica sobretudo pelos declínios no Japão (-67%), China (-36%), Coreia do Sul (-16%) e Austrália (-39%).
Do ponto de vista sectorial, as Telecomunicações, Media e Tecnologia (39%), as Instituições Financeiras e Imobiliário (26%) e a Energia (23%) foram as indústrias que mais cresceram na primeira metade de 2024, face aos primeiros seis meses do ano passado. Em oposição, o sector Industrial e o da Saúde apresentam as maiores quedas, diminuindo 47% e 29%, respectivamente.
Inteligência Artificial, critérios ESG e recuperação de níveis de valorização sectoriais são potenciais impulsionadores do mercado de fusões e aquisições
A corrida pelo acesso à Inteligência Artificial (IA) e a outras tecnologias emergentes é um factor que provavelmente motivará várias transações nos próximos anos, de acordo com a consultora. Em paralelo, os critérios ambientais, sociais e de governança (ESG), a descarbonização e a transição energética em escala são tendências que deverão conduzir as empresas a adquirir recursos, tecnologias e outros ativos que promovam os seus objetivos nestes âmbitos e lhes permitam garantir vantagens de mercado. Ademais, a recuperação dos níveis de valorização na maior parte dos setores representa outro incentivo à atividade de M&A, na medida em que poderá facilitar o acordo entre compradores e vendedores sobre o preço de compra, e, além disso, a volatilidade diminuiu, proporcionando um cenário mais estável para a tomada de decisões e alinhamento de projecções.
Ainda assim, o estudo, que fornece uma actualização mensal sobre a predisposição dos empresários para se envolverem em fusões, aquisições e desinvestimentos durante os próximos seis meses, perspetiva uma evolução ambígua da actividade de negociação até o final de 2024, uma vez que os empresários continuam cautelosos devido à incerteza económica, às preocupações com a inflação e política monetária, e aos desafios regulamentares e geopolíticos da actualidade.
O estudo e respetivo Índice, que se baseia na análise de mais de 900.000 transacções e de fatores como confiança nos negócios, níveis de avaliação e taxas de juros, e que avalia o sentimento de executivos e investidores em relação às fusões e aquisições a partir de comunicações corporativas, estão disponíveis aqui.