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Vamos manter todo o investimento previsto, cerca de 260 milhões de euros até 2030

24 de abril de 2020

Júlio Delgado, CEO do Ombria Resort - o maior empreendimento turístico em curso no Algarve, do promotor finlandês Pontos - , garante ao Diário Imobiliário que depois da pandemia, o investimento no imobiliário turístico passará cada vez mais por destinos em localizações de baixa densidade populacional e sustentáveis.

Como analisa o impacto que esta pandemia vai ter no mercado imobiliário?

Esta pandemia criou grandes desafios para o mercado imobiliário. No sector do imobiliário turístico e residencial, que é aquele que conheço melhor, é natural que haja um impacto na procura a curto prazo. No entanto, acredito numa recuperação relativamente rápida no médio prazo, pois ainda existe uma oferta limitada neste sector e porque penso que as taxas de juro se manterão baixas por muito tempo.

A procura por parte de clientes internacionais, que representa a maioria dos clientes deste sector, deverá retomar assim que as restrições de viagem forem levantadas e a vida começar a regressar à normalidade. Portugal continua a oferecer as mesmas vantagens e factores diferenciadores reconhecidos pelos estrangeiros. A resposta do Governo e da sociedade à pandemia também tem sido elogiada pela imprensa internacional, o que reforça a nossa boa imagem e coloca Portugal numa situação privilegiada em relação a muitos dos nossos concorrentes, o que terá um impacto positivo nas decisões dos investidores imobiliários.

Portugal também continua a ser uns dos destinos mais seguros do mundo, não só do ponto de vista do Índice Global da Paz (onde Portugal está classificado como o 3º país do mundo), mas também do ponto de vista de segurança sanitária, pelo que estou confiante que o imobiliário turístico e residencial tem grande futuro pela frente.

Além disso, em tempos de turbulência como os que atravessamos hoje, acredito que o sector do imobiliário turístico e residencial sairá da crise com a sua imagem reforçada enquanto investimento com alto potencial de rendimento e de valorização, comparativamente a outros potencialmente mais voláteis. A meu ver, Portugal continua, sem dúvida nenhuma, no mapa dos investidores imobiliários. 

 E no turismo residencial? Concretamente no Algarve?

A grande maioria dos empreendimentos turísticos em Portugal localizam-se fora dos centros urbanos e têm uma densidade de construção relativamente baixa. Muitos deles têm uma oferta de imobiliário turístico e residencial do segmento alto ou premium, e seguem fortes práticas de sustentabilidade ambiental.

Esta pandemia permitiu que muitas pessoas fizessem uma pausa nas suas vidas e repensassem os seus valores e prioridades. Na minha opinião, um dos resultados desta pandemia é que, a nível de turismo e de investimento no imobiliário turístico, haverá cada vez mais procura por destinos em localizações de baixa densidade populacional e sustentáveis, onde se possa passar tempo de qualidade em família e em contacto com a natureza, mais do que nunca. Por isso, acredito que o sector do imobiliário turístico e residencial em Portugal, e nomeadamente no Algarve, recupere relativamente rápido após esta pandemia.

Considera que o projecto do empreendimento do Ombria Resort vai sofrer consequências com esta crise? 

Esta situação não vai alterar em nada o projecto do Ombria Resort porque vamos manter todo o investimento previsto (cerca de 260 milhões de euros até 2030). Os factores chave de diferenciação do nosso empreendimento são a sustentabilidade, a baixíssima densidade de construção e a sua localização ímpar, em pleno barrocal algarvio, numa zona de densidade populacional muito reduzida, o que serão vantagens competitivas muito importantes.

Acredito também que o perfil de cliente que procura um investimento imobiliário de segmento alto, como aquele que oferecemos no Ombria Resort – apartamentos e moradias de luxo com valores entre os 368 mil e os 4 milhões de euros – não seja tão afectado por esta ou qualquer outra crise. Os clientes deste segmento poderão eventualmente decidir adiar as suas decisões de investimento se não sentirem confiança no mercado. No entanto assim que sentirem mais confiança – e estou confiante que isso acontecerá rapidamente – as coisas voltarão à normalidade.

Além disso, o facto de nos termos associado a uma marca hoteleira internacional de luxo (a Viceroy Hotels & Resorts), que será responsável pela gestão do hotel e dos imóveis, transmite igualmente confiança nos nossos produtos imobiliários.

Vão ser realizados alguns ajustes na construção? As obras vão continuar?

A construção mantém-se nos prazos previstos e as obras estão a decorrer a um ritmo normal. A primeira fase do resort, que inclui as Viceroy Residences, o hotel de 5 estrelas ‘Viceroy at Ombria Resort’, o Centro de Conferências, o campo de golfe de 18 buracos e todas as estruturas de apoio, como restaurantes, spa e piscinas, estará pronta no início de 2022.

Naturalmente, a nossa maior preocupação é garantir a segurança de todos os trabalhadores, por isso implementámos todas as recomendações da DGS e aplicámos algumas medidas adicionais preventivas. 

Como estão a decorrer as vendas? Que nacionalidades estão a comprar ou a mostrar interesse?

As vendas estão a superar as nossas melhores expectativas. Desde o início da construção e comercialização em Dezembro de 2019, vendemos cerca de 25% das 65 Viceroy Residences. Quanto às nacionalidades dos que estão a mostrar interesse e a comprar, são bastante variadas entre as quais se contam pessoas residentes na Suécia, França, Holanda, Bélgica, Reino Unido, Irlanda, Suiça, Canadá, África do Sul e Portugal.

Naturalmente, desde o início do Estado de Emergência sentimos uma redução no número de pedidos de informação e tem sido mais difícil concluir negócios pois mesmo vendendo em planta, a maioria dos potenciais interessados gostam de realizar pelo menos uma visita à obra, o que é difícil fazer de momento. Recentemente temos vindo a sentir um aumento gradual do interesse por parte de potenciais interessados e a maioria dos contactos que mantemos está confiante que após este período mais difícil, a economia vai retomar o seu ritmo normal. O investimento no Ombria Resort continua a ser interessante, o produto que estamos a comercializar neste momento, as Viceroy Residences, chama a atenção dos investidores estrangeiros por diversos motivos, que vão da qualidade ao retorno garantido do investimento feito.

 O que vai surgir até à conclusão do projecto em 2030?

O design e conceito do Ombria Resort é inspirado numa aldeia algarvia. A praça central será o coração do resort, o lugar de encontro entre residentes e hóspedes. Daqui podemos partir à descoberta do magnífico Viceroy Hotel e as suas Viceroy Residences, as Alcedo Villas, a Oriole Village, campo de golfe de 18 buracos e passear pelos 150 hectares deste empreendimento aberto para espreitar a vida selvagem, colher os frutos da horta biológica ou, simplesmente, relaxar no spa. Os aventureiros ou amantes da natureza podem combinar caminhadas ou passeios de BTT nos trilhos e colinas envolventes. Como numa aldeia cheia de vida, motivos para celebrar não vão faltar e, por isso, o calendário será preenchido todo o ano por actividades e eventos.

O hotel de 5 estrelas Viceroy terá 76 quartos e 65 apartamentos de tipologia T1 e T2. Estes apartamentos turísticos – as Viceroy Residences - serão totalmente mobilados e equipados, e os seus proprietários poderão usufruir dos serviços do hotel, o que inclui serviços de concierge, manutenção, limpeza, spa, ginásio, 6 restaurantes e bares, kids club, centro de conferências, 4 piscinas exteriores e uma piscina interior.

O projeto terá no total cerca de 380 unidades residenciais, incluindo moradias de luxo, moradias geminadas, moradias em banda e apartamentos.

Em que se traduz o investimento de 260 milhões do grupo finlandês PONTOS?

Esta primeira fase que está a decorrer e que tem conclusão prevista para 2022 traduz-se num investimento de cerca de 100 milhões de euros. Os restantes 160 milhões serão aplicados nas duas fases de construção que se seguirão até 2030. Quando o projecto estiver concluído, o Ombria Resort terá cerca de 349 unidades turísticas (apartamentos, moradias geminadas ou em banda e moradias isoladas) e 31 moradias puramente residenciais.

Quais as grandes preocupações ambientais e de sustentabilidade do projecto?

O Ombria Resort é um resort integrado, gerido de acordo com os mais altos padrões de qualidade internacionais, com design contemporâneo, mas de aspecto rural e baixa densidade de construção. Caracteriza-se pelo equilíbrio com a natureza, através de padrões de construção de elevada qualidade, certificada do ponto de vista ambiental e energético, e pela utilização de energias renováveis e obtidas localmente, nomeadamente a energia solar e a geotérmica.

O Ombria Resort pretende ser um destino ligado à região, motor de desenvolvimento local e factor de preservação ambiental. A sustentabilidade, no seu todo, é a preocupação cimeira deste empreendimento, tendo estado presente em todas as fases de desenvolvimento do projecto e continuará a ser o fio condutor ao longo da construção e operação do Ombria Resort.

Além do que já referi, temos projectos de responsabilidade ambiental, como o viveiro florestal, o reaproveitamento e a redução do consumo da água, que permitem prever um futuro equilibrado para a natureza envolvente.

Através da utilização de princípios arquitectónicos bioclimáticos, todos os edifícios são considerados “casas inteligentes”, equipados com tecnologia de ponta e uma gestão de recursos eficiente, reduzindo para mínimos a sua pegada ecológica.

Porque é que o Ombria Resort escolheu a Viceroy para abrir o primeiro hotel com branded residences desta marca de luxo na Europa?

A Viceroy Hotels & Resorts foi a nossa escolha por várias razões. A Viceroy é uma empresa de gestão hoteleira com mais de 20 anos que gere actualmente cerca de doze hotéis do segmento de luxo em diversas localizações, oferecendo sempre experiências autênticas, luxo intemporal e uma filosofia de serviço intuitivo. Vários dos seus hotéis têm também componentes residenciais (as Viceroy Residences), nomeadamente em Snowmass (Colorado, EUA), em Los Cabos (México) e em Sugar Beach (Saint Lucia, Caraíbas), tendo assim uma grande experiência na gestão de branded residences a nível internacional.

Da mesma forma que as principais redes internacionais de hotéis oferecem apoio corporativo a cada propriedade, oferecem também alto nível de autonomia para cada hotel do ponto de vista operacional e de S&M. Isso faz sentido, pois capacita e aprimora a autenticidade de cada propriedade e torna a gestão de cada propriedade mais eficiente.

Por último, achámos que o posicionamento da marca Viceroy estava em sintonia com o nosso projeto. 

O que distingue as Viceroy Residences no Ombria Resort de outras branded residences?

A primeira coisa que distingue as Viceroy Residences é o facto de que estas serão as primeiras desta marca na Europa e serão inteiramente geridas pela cadeia hoteleira norte-americana Viceroy Hotels & Resorts. Esta é uma cadeia de hotéis de luxo modernos e que reflectem a cultura local do local onde se inserem.

Em segundo lugar, o proprietário de uma Viceroy Residence poderá usufruir do seu apartamento até dez semanas por ano e este lhe irá proporcionar um retorno líquido mínimo garantido anual de 5% sobre o investimento, nos primeiros cinco anos.

O conjunto formado pelo Hotel Viceroy e estes 65 apartamentos foi concebido como uma elegante aldeia portuguesa, preservando o estilo das tradicionais aldeias vizinhas.

Na conjuntura actual, acha que o Governo deveria repensar a alteração do regime dos vistos gold que foi aprovada no Orçamento de Estado 2020?

Os instrumentos de captação de investimento estrangeiro que são os Vistos Gold parece-me fundamental para atrair investidores e contribuir para a recuperação do sector do imobiliário turístico e residencial, e da economia nacional, na fase pós-pandemia. Ao estabelecerem-se cá, os investidores Golden Visa contribuem para a economia a longo prazo pois tornam-se clientes de serviços e bens de consumo em geral.

Outras medidas que poderiam ajudar no relançamento do sector incluem a facilitação da formalização de negócios imobiliários à distância (por exemplo permitindo assinaturas digitais) e a revisão do regime do IVA na construção de empreendimentos turísticos. Se o Governo der continuidade e relançar estes instrumentos de incentivo ao investimento directo estrangeiro, acredito que o país conseguirá retomar o crescimento mais rapidamente.