Portugueses também estão na 'corrida' à compra de casa
Não são apenas os estrangeiros que estão no mercado, os portugueses regressaram em força à compra de casa. Ricardo Sousa, administrador da Century 21 Portugal em entrevista ao Diário Imobiliário assegura que a procura por parte dos portugueses aumentou e não é só em Lisboa e no Porto. Na sua opinião, o grande desafio, actualmente, reside na escassez de oferta de soluções de habitação ajustadas às reais necessidades dos portugueses, do seu poder de compra e do seu rendimento disponível.
Como vê o mercado imobiliário nos primeiros meses deste ano?
A Century 21 Portugal termina o primeiro trimestre de 2017 com um crescimento de 29%, o que confirma, claramente, a tendência positiva do mercado imobiliário residencial português.
A que se deve esta dinâmica?
Continuamos a registar uma forte procura internacional e a consequente concretização de negócios com clientes internacionais, de cada vez mais nacionalidades. Contudo, é claramente o mercado nacional e a procura interna que mais estão a dinamizar o mercado imobiliário residencial, tanto para soluções de primeira habitação, como para segunda habitação.
Qual o perfil dos actuais compradores?
A procura concentra-se em apartamentos com tipologias T2 e T3, até 200 mil euros, e nas zonas mais periféricas, até 150 mil euros. São as famílias de classe média e média baixa, que estiveram afastadas do mercado nos últimos anos e que se viram obrigadas a adiar a sua decisão de compra, venda, ou arrendamento, que agora regressam ao mercado.
A maior abertura da banca ao crédito à habitação é responsável por este crescimento nas transacções?
Claramente. O rendimento disponível dos portugueses torna essencial o acesso ao crédito à habitação, para a aquisição de uma casa. Hoje, o recurso ao crédito é efectuado com critérios muito mais exigentes e com outro sentido de responsabilidade - por parte de todos os operadores e famílias que intervêm no processo de aquisição de uma casa, com base no crédito à habitação - mas a actual abertura da banca à concessão de crédito está a permitir que muitas famílias possam assegurar esta necessidade básica, a habitação, e a concretizarem a aquisição das suas casas.
Quais as maiores dificuldades do mercado actualmente?
O grande desafio, actualmente, reside na escassez de oferta de soluções de habitação ajustadas às reais necessidades dos portugueses, do seu poder de compra e do seu rendimento disponível. Para além disso, existe também uma insuficiência de oferta ajustada às novas tendências da procura internacional, que está agora maioritariamente focada em imóveis de segmentos de preço mais baixos.
As estatísticas e análise referem-se sobretudo ao centro de Lisboa e do Porto e demonstram um novo impulso e confiança nas transacções e no resto do país?
É no resto de País, e nas zonas mais periféricas das cidades de Lisboa e Porto, que a procura de imóveis mais aumentou, bem como as respectivas transacções imobiliárias. Há uma claríssima descentralização da procura em Portugal.
O que espera para o resto do ano de 2017?
Este será seguramente um excelente ano em número de transacções, contudo é expectável que o valor dos imóveis registe uma evolução mais modesta. É fundamental que o sector imobiliário abandone a lógica especulativa, centrada no produto, e evolua para uma lógica de valor acrescentado, centrada no utilizador final dos imóveis, para asseguramos um desenvolvimento sustentável do mercado imobiliário e das nossas cidades.