O maior desafio de 2021 para o mercado imobiliário será o fim das moratórias
João Sousa, CEO da JPS Group, espera que 2021 seja um excelente ano para o mercado imobiliário e que o maior desafio será o fim das moratórias e a capacidade das famílias portuguesas no recomeço de pagamento das suas responsabilidades bancárias.
O responsável admite ainda que também há muitas coisas que podem mudar para melhor no sector, nomeadamente a simplificação e celeridade da análise dos processos por parte das entidades licenciadoras e a questão do iva a 23% na construção de obra nova, entre outras medidas que deveriam ser tomadas este ano.
O que se pode esperar para o mercado imobiliário em 2021?
Vejo o mercado imobiliário em 2021 com grande optimismo e considero que após a resistência demonstrada ao embate provocado pela pandemia em 2020, transversal praticamente a todos os sectores, o sector imobiliário acabou por sair mais fortalecido do que nunca.
Perante um cenário de absoluto caos, ainda se conseguiram verificar subidas nas vendas imobiliárias completamente inesperadas por quase todos.
Desta forma só poderemos esperar que 2021 seja um excelente ano para este mercado, e que a esperança que nos dá termos já uma vacina que, mesmo ainda sem ter tempo para vermos o seu efeito, está já a mexer positivamente com a economia em todo o mundo, nos leve a um fortalecimento da economia em geral e do sector imobiliário em particular.
Quais os desafios que se vão colocar ao sector para este ano?
Julgo que o maior desafio de 2021 no mercado imobiliário será o fim das moratórias e a capacidade que as famílias portuguesas terão para fazer face ao recomeço de pagamento das suas responsabilidades bancárias.
Por outro lado, e a contrabalançar este aspecto, temos a experiência da crise passada, que faz com que compradores, vendedores, empresas e diversas entidades ligadas ao sector, estejam melhor preparados para saber lidar com esta situação. Também o facto de ter havido uma mudança de paradigma e de as pessoas, de uma forma geral, terem começado a olhar para as casas de forma diferente, e procurarem agora casas com home office e com espaços exteriores generosos, faz com que esteja a haver mais procura de casas do que a oferta existente e mais clientes a apostar na compra de empreendimentos em planta e fora dos grandes centros urbanos. Como tal julgo que entre o que está para venda e o que pode vir a estar, face à procura, vai verificar-se um equilíbrio de mercado e quanto muito vai levar a uma ligeira correcção de preços no centro das grandes cidades.
Que medidas devem ser tomadas em 2021?
Como em quase todas a áreas, também há muitas coisas que podem mudar para melhor no sector, nomeadamente a simplificação e celeridade da análise dos processos por parte das entidades licenciadoras. Ainda existe muita burocracia e ainda é tudo muito lento. Essa mudança seria já um passo gigante ao nível da confiança no investimento, mesmo por parte de investidores estrangeiros.
Depois há outras questões pelas quais o sector já se debate há algum tempo, como por exemplo a questão do iva a 23% na construção de obra nova, que tem naturalmente impacto directo no preço final das casas, e que não se justifica quando falamos de centenas de milhares de euros de impostos sobre um bem que não deixa de ser primeira necessidade.
O setor imobiliário, vital em várias crises mundiais, demonstrou uma vez mais durante a pandemia, ser um pilar fundamental para qualquer país e para qualquer governo.
Mais do que estar a elencar uma série de medidas a tomar, julgo que as pessoas que têm o poder de decisão nesta área, têm que olhar para o setor imobiliário com toda a atenção e pensar que as medidas que podem ser tomadas e que agradariam ao sector, se reflectem directamente na qualidade de vida de todos os portugueses, além de obviamente funcionarem como uma alavanca para a atracção de investimento no país.
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