Já investimos 220 milhões de euros em Portugal e viemos para ficar
Nicolas Goffin, responsável em Portugal da promotora belga Besix Real Estate Development (Besix RED) e com dois grandes projectos imobiliários em Lisboa, admite que vai continuar a investir no nosso país.
O projecto Parque do Oriente, no Parque das Nações e o DUUO Living Concept, na Praça de Espanha, são os primeiros grandes projectos da promotora belga na cidade de Lisboa. O responsável revela em entrevista ao Diário Imobiliário, que o objectivo é continuar a procurar oportunidades na capital portuguesa e no Porto. Daqui a uns anos pretende que os portugueses vejam a Besix Red, como uma empresa de promoção portuguesa.
Porquê investir em Portugal?
Começámos a ver o mercado de Portugal no final de 2017. Temos uma equipa em França e foi através de uma family office francês que decidimos investir num projecto em Lisboa. Viemos ver o mercado na capital portuguesa e investimos com essa family office. O investimento foi no projecto Parque Oriente, em Cabo Ruivo, no Parque das Nações. É uma join-venture com vários investidores. Foi o primeiro projecto e a partir daí comecámos a ver outras oportunidades aqui em Lisboa. Desde o início, o objectivo era fazer projectos para a classe média e média-alta para os portugueses. Porque os preços no centro da cidade eram já muito elevados e achámos que o mercado local começava a mexer.
Começámos por analisar no perímetro da segunda circular. Vimos logo o terreno que temos na Praça de Espanha. Foi um processo longo até à compra, foram 15 meses e acabámos por adquiri-lo em Março de 2018. Estamos agora a desenvolver o projecto e a estudar outras oportunidades similares. Mas já aumentámos a nossa zona de pesquisa. Estamos também a olhar para Oeiras e começámos agora a ver o Porto.
Que oportunidades procuram para investir no nosso país?
Temos uma estratégia de diversificação sectorial. Fazemos muito residencial e escritórios mas estamos agora a analisar o sector de serviços, retalho e hotéis. Mas também a pensar desenvolver produto para investidores institucionais. Um bom exemplo é um projecto que estamos a realizar na Holanda, onde 72% é para um investidor institucional. Antes da construção já está destinado a esse investidor.
Achamos que esse tipo de produto também é atractivo. Fazemos o projecto já para o investidor, vendemos o edifício em bloco. Estamos também a estudar aqui em Portugal esse tipo de negócio. Temos um investidor interessado em ter um edifício para arrendamento, para tipologias T1 e T2. Existe neste momento mercado para esse tipo de produto.
Só se dedicam à construção nova?
Sim. Fazemos parte de um grupo de construção, somos uma pequena equipa e a escala é importante. Para fazer um projecto de 10.000 m2 ou 2.000 m2, em termos de energia pessoal é quase a mesma. E temos a experiência de fazer grandes projectos, então isso é o nosso core business. Fazer uma reabilitação urbana no centro da cidade não é para nós.
O que fazemos também, é converter edifícios de escritórios em projectos residenciais. Em Lisboa também é um mercado que nos interessa e estamos à procura de oportunidades. Temos igualmente muitos operadores hoteleiros que já nos contactaram para ver esse mercado.
Como estão a correr os projectos em Portugal?
No Parque Oriente vamos ter o alvará de loteamento nos próximos meses. Não há nada que possa parar esse projecto na Câmara Municipal de Lisboa. Estamos a trabalhar com o arquitecto Miguel Saraiva no projecto de arquitectura. Assim que obtermos o alvará de loteamento passamos para a licença de construção.
O mais importante para nós é definir o know-out local e estamos a trabalhar para conhecer outros investidores e construtores portugueses e para ver se podemos fazer projectos em conjunto com eles, porque acreditamos que o know-out local é o mais importante. Daí, criarmos aqui uma equipa na Avenida da Liberdade porque precisamos do conhecimento local. A nossa mais-valia é a experiência internacional que permite fazer projectos com inovação em Portugal. O know-out local com o nosso internacional vai permitir fazer projectos bastante interessantes.
Em que países estão presentes?
Estamos em cinco países. Na Bélgica, no Luxemburgo quase há oito anos, na Holanda, em França e em Portugal. Estamos também há procura de oportunidades nos países escandinávos, como em Copenhaga e Estocolmo. Privilegiamos mais as cidades, do que os países. Por isso, procuramos Lisboa e Porto. Se calhar também Genebra e Madrid.
Quanto já investiram em Portugal?
Cerca de 220 milhões de euros, com compra de terreno e em termos operacionais.
Em 2017 não existiam muitos investidores estrangeiros para estes projectos residenciais em Portugal mas agora já existem. É o nosso objectivo entrar no segmento residencial para a classe média, onde os valores vão andar nos 3.500 euros/m2 e 5.000 euros/m2.
O projecto da Praça de Espanha, o DUUO Living Concept, com assinatura do arquitecto Nuno Leónidas, é um excelente local. Vamos ter T1 até T4 e temos T1 pequenos e outros maiores assim como nas restantes tipologias, de forma a permitir existirem vários preços e criar possibilidades para o mercado local. Por exemplo, temos um T2 de 87 m2 e com a possibilidade de ter uma piscina, jardins e todos os serviços do empreendimento.
Para uma família portuguesa o espaço exterior é essencial. Fizemos um estudo para perceber o que as famílias portuguesas valorizam. A qualidade de vida num apartamento é muito importante. Isso pode ser dado aqui no projecto DUUO Living Concept na Praça de Espanha, com um excelente espaço exterior, proporcionando qualidade de vida. No centro histórico da cidade dar uma boa varanda é complicado. Para o DUO analisámos realmente como os portugueses vivem as suas casas.
Qual a vossa ambição para Portugal?
A nossa ambição é que daqui a uns anos, os portugueses vejam-nos como um promotor português. É muito importante que tenham essa imagem de nós. Estamos cá para ficar, não estamos só para fazer uns projectos e aproveitar a oportunidade, queremos continuar a fazer negócios aqui em Portugal, de construir a nossa equipa e fazer aqui uma boa empresa local. O maior exemplo é o que nós fizemos no Luxemburgo, entrámos em 2001 e hoje já é responsável por 50% da actividade da Besix Red e onde temos uma equipa de quase 15 pessoas. Quero fazer isto em Portugal. Daqui a pouco tempo vamos ter mais projectos e ter a nossa equipa aqui e ter nome de promotor português.