Concorrência entre países para a captação de investimento estrangeiro já é feroz
Pedro Fontainhas, director executivo da Associação Portuguesa de Resorts, admite que Portugal tem de ser determinado, criativo e muito certeiro nos métodos e nos mercados alvo para atrair investimento.
O responsável acrescenta ainda que as vantagens únicas do nosso país, a qualidade do nosso produto residencial, e as melhores campanhas de comunicação e marketing só resultarão em pleno com medidas complementares que o Governo deve absolutamente assegurar.
O que se pode esperar para o mercado imobiliário em 2021?
Em 2021, mais portugueses vão procurar habitação permanente em empreendimentos turísticos. A pandemia trouxe as casas para o centro das nossas vidas e estamos a exigir-lhes mais e melhores requisitos: áreas mais amplas, varandas e jardins, zonas de baixa densidade populacional, proximidade de serviços de saúde, educação e lazer, eficiência energética, segurança e proteção do investimento. Estes argumentos, que têm contribuído para tornar Portugal no melhor destino de Turismo Residencial da Europa e que são a essência da oferta dos empreendimentos turísticos portugueses, encontram agora um público nacional mais atento e mais sensível.
Quais os desafios que se vão colocar ao sector este ano?
Relativamente aos mercados internacionais, o desafio será continuar a comunicar eficazmente Portugal como melhor lugar para viver depois da crise da Covid. A concorrência entre países para a captação de investimento estrangeiro já é feroz e vai intensificar-se, pelo que seremos determinados, criativos e muito certeiros nos métodos e nos mercados alvo. No mercado interno, em que Portugal já não precisa de ser explicado, a tónica da comunicação estará nas vantagens e qualidade de vida permanente num resort, opção que está cada vez mais presente na escolha de investidores em nova habitação.
Que medidas devem ser tomadas em 2021?
As vantagens únicas do nosso país, a qualidade do nosso produto residencial, e as melhores campanhas de comunicação e marketing só resultarão em pleno com medidas complementares que o Governo deve absolutamente assegurar. Neste momento de crise sem precedentes, o Governo e os partidos devem pactuar para defender o interesse económico nacional, os empregos, e a criação de riqueza.
Devem continuar os apoios à economia e, em especial, aos sectores e empresas que são mais viáveis e com maior potencial de contribuir para a recuperação pós Covid. Devem ser criadas condições atractivas para o investimento, sendo a principal a estabilidade legal e fiscal. Deve ser revertida a incompreensível decisão recente de vir a dificultar a obtenção de autorização de residência a investidores, exactamente no sentido oposto de países nossos concorrentes como Espanha, Grécia, Itália, Malta, Suíça, Áustria ou Bélgica. E, em geral, o Governo deve tomar medidas urgentes de competitividade nacional em cooperação com os empresários e dar poderes às regiões e às autarquias para que desenvolvam também os seus próprios programas de atracção de investimentos.