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Empresas de construção: Quase metade dos pedidos de orçamento ficam sem resposta

23 de agosto de 2024

Quatro em cada dez clientes que procuram empresas de remodelação em Portugal durante o Verão não conseguem encontrar profissionais disponíveis, revela um estudo da Fixando ao sector da construção e remodelações.

A alta procura por serviços de obras, associada à falta de mão-de-obra e ao encerramento de empresas para férias, está a deixar milhares de portugueses sem solução para as suas obras em casa e remodelações.

Com um aumento de 19% na procura por serviços de obras em Julho de 2024, face ao mês anterior, e uma projecção de crescimento de 15% no terceiro trimestre, comparativamente ao segundo, apenas 16% das empresas registadas na Fixando estão a aceitar novos pedidos de orçamento.

Adicionalmente, um inquérito realizado pela Fixando a 6.752 especialistas do sector revela ainda que 62% dos profissionais atribuem a escassez de oferta à falta de mão de obra, um problema crónico que se intensifica nos meses de Verão.

"A falta de mão-de-obra no sector da construção não é um problema novo, mas é agravada pela migração sazonal de trabalhadores para países como França e Suíça, onde os salários são mais atractivos", explica Alice Nunes, Directora de Novos Negócios da Fixando.

Além disso, 37% das empresas inquiridas encerram para férias em Agosto, e 19% apontam o encerramento de fornecedores como um factor que limita significativamente a sua capacidade de resposta.

O sector revela ainda uma crescente dificuldade em atrair e reter talento jovem para o sector das obras e remodelações.

Empresas ouvidas pela Fixando apelam ao investimento na formação em ofícios como a carpintaria e alvenaria e a promoção de estágios profissionais que possam atrair jovens para estas áreas, alertando que sem um esforço concertado, o desfasamento entre a oferta e a procura durante o Verão poderá continuar a aumentar.

Outro desafio destacado por alguns profissionais é a crescente imprevisibilidade climática, "com temperaturas extremas e precipitação inesperada a prolongarem os prazos das obras, que inevitavelmente causam atrasos em projetos subsequentes," explica Alice Nunes.

Esta nova realidade climatérica impõe uma pressão adicional sobre um setor já sobrecarregado, dificultando ainda mais a programação e conclusão das obras no período estimado.

Os testemunhos dos profissionais do setor revelam ainda outro dilema: a discrepância entre as expectativas dos clientes e o valor real dos serviços prestados. Um dos especialistas entrevistados sublinha que "os clientes muitas vezes preferem pagar menos, mas acabam insatisfeitos com a qualidade do serviço."

Esta realidade, aliada à proliferação de empresas "faz tudo" sem a devida especialização, coloca em risco a qualidade final das obras e a reputação do sector.

Para enfrentar estes desafios, a maioria dos inquiridos (65%) defende a necessidade de apoios à formação de mão de obra qualificada, enquanto 40% acredita que incentivos governamentais à contratação poderiam ajudar a reverter o cenário actual.

"É necessário um esforço conjunto entre o sector privado e as entidades públicas para garantir que o sector das obras e remodelações em Portugal consiga não só sobreviver, mas prosperar", conclui Alice Nunes.