Digitalização dos materiais de construção vai criar uma ficha técnica digital dos edifícios

A digitalização do processo construtivo, com a apresentação de dados em formato digital, permitirá criar uma ficha técnica digital para cada edifício, facilitando o cumprimento das exigências regulamentares.

Além disso, constituirá a base do conhecimento sobre todo o edificado, possibilitando, no futuro, a caracterização dos resíduos gerados nas operações de manutenção e, posteriormente, durante a desconstrução ou demolição, promovendo soluções circulares.

A existência de dados rigorosos e completos sobre os materiais, em formato digital e padronizado, permitirá sua utilização na elaboração de projetos de construção e em todas as fases subsequentes: da aprovação à construção e ao longo de toda a vida útil do edifício.

É neste contexto que se insere o projecto Next Generation MC, liderado pela APCMC - Associação Portuguesa dos Comerciantes de Materiais de Construção e promovido no âmbito do programa COMPETE2030-FEDER. O projecto visa preparar os comerciantes para enfrentar os desafios da transformação do sector, que incluem, além da digitalização e inovação nos processos logísticos, a integração de metas de sustentabilidade, especialmente no domínio ambiental.

É importante reconhecer que a construção de habitação sustentável não se resume a um produto final com características intrínsecas de sustentabilidade. Trata-se de um processo complexo, com múltiplos intervenientes, que abrange também a operação e utilização dos edifícios, além de considerar factores como localização, uso do solo e integração com o ambiente e a paisagem.

Ainda no âmbito da sustentabilidade, é essencial considerar, além dos materiais e dos projectos que os utilizam, o próprio processo construtivo. Este também evolui rumo à industrialização, proporcionando maior rigor no desempenho dos edifícios, mais eficiência na utilização dos recursos e menor desperdício — o que exige apoio, serviços e informação especializada.

Essas transformações exigem adaptação por parte dos comerciantes, mas também impõem a necessidade de fornecedores mais preparados. A digitalização é um dos pilares dessa transformação. Por isso, o novo Regulamento dos Produtos da Construção estabelece que todos os produtos deverão possuir um Passaporte Digital para poderem ser colocados no mercado.

“Quando falamos em digitalização dos materiais de construção, podemos estar a referir-nos a realidades muito diversas — desde a digitalização dos processos ou operações, seja na produção, no comércio, na logística, no projecto ou na própria construção, até à informação ou dados sobre os produtos, incluindo tanto as características físicas como os dados multimédia (identificação, fotografias, instruções de uso, certificações, garantias, ficheiros CAD ou BIM, etc.)”, explica José de Matos, secretário-geral da APCMC.

Acrescenta: “A digitalização é crucial tanto para o aumento da eficiência empresarial e económica — contribuindo para a redução dos custos ao longo da cadeia de valor e para a redução dos preços da habitação — como para o acesso à informação sobre os produtos usados nas construções e sobre as necessidades de substituição ou manutenção”.

Projecto Next Generation MC: ponto de situação

A primeira acção da APCMC foi a constituição de uma Estrutura de Dinamização do Projecto, liderada por uma das vice-presidentes da direcção, Carla Carreira, que também preside à APCMC Young Merchants.

Já iniciámos a elaboração de um Plano Estratégico para a Fileira da Construção Beyond 2030, com o apoio de uma consultora externa. Nesse plano, haverá participação ativa dos associados da APCMC e serão ouvidas diversas entidades e personalidades do meio académico e do sector da construção, tanto a nível nacional como europeu.

Está prevista a realização de duas conferências/eventos e webinars temáticos que nos ajudarão a definir as principais orientações para o futuro.

Sob o título NextGeneration MC: Construir um Futuro Sustentável nos Materiais de Construção, o projecto é financiado pelo COMPETE2030 – FEDER, através do programa PITD – Sistema de Apoio a Ações Coletivas – Qualificação. O custo total elegível é de 291.029,81 euros, com um incentivo de 247.375,34 euros. O projecto teve início em 10/03/2025 e terminará em 09/03/2027.