CONSTRUÍMOS
NOTÍCIA
Actualidade

Portas

Crescem as insolvências com o fim das ajudas públicas

10 de outubro de 2022

Na Turquia, Espanha, Suíça, Reino Unido, a Chéquia, Roménia e Dinamarca as insolvências estão já acima dos níveis pré- pandemia. Em Portugal, estima-se um crescimento de 30% em 2022 e de 36% em 2023.

A Crédito y Caución prevê que nos próximos meses se produza um ajustamento nos níveis de insolvência em todo o mundo, decorrente do fim dos apoios fiscais ao tecido empresarial num contexto de desaceleração do crescimento mundial. Em Portugal, estima-se que as insolvências registem um crescimento de 30% em 2022 que chegará aos 36% em 2023. As perspectivas debilitaram-se ainda mais nos últimos seis meses, principalmente pelo impacto inflacionista dos elevados preços da energia e dos constrangimentos na cadeia de fornecimento, reduzindo o poder de compra dos consumidores. 

De acordo com o mais recente estudo divulgado pela seguradora de crédito, na Turquia, Espanha, Suíça ou Reino Unido as insolvências estão já muito acima dos níveis prévios à pandemia. Na Chéquia, Roménia e Dinamarca as insolvências apresentam um nível inferior, mas também já ultrapassaram os de 2019. Por oposição, nos Países Baixos, Estados Unidos, Coreia do Sul ou Japão ainda não se observa uma alteração aos níveis normais. Inclusive nos últimos trimestres, os níveis de insolvência nestes países mantiveram-se muito baixos.  Todos eles tinham programas de apoio governamental relativamente generosos que melhoraram a posição de liquidez das empresas. 

O relatório da Crédito y Caución explica que durante a pandemia de Covid-19 produziu-se uma descida mundial dos níveis de insolvência devido às moratórias e aos estímulos fiscais. Os generosos apoios governamentais de 2020 não só salvaram as empresas viáveis como criaram empresas zombies que declarariam insolvência numa situação de normalidade. Desde 2021, coincidindo com a retirada progressiva dos estímulos fiscais, produziu-se um ajustamento parcial nos níveis de insolvência que revela uma ampla variabilidade entre países. “Prevemos que possam passar até oito trimestres depois da interrupção das ajudas públicas antes que o nível de insolvências alcance a normalidade”, refere o relatório. A esta normalização poderiam adicionar-se os incumprimentos por parte das empresas zombies que gradualmente entraram em incumprimento. 

Em 2022 prevê-se uma diminuição substancial das insolvências na Nova Zelândia e em Hong Kong, na medida em que mantêm programas de estímulo fiscal. O crescimento será moderadamente negativo na Suécia e moderadamente positivo em Espanha, Singapura, Coreia do Sul, Japão, Estados Unidos e Chéquia. O aumento será substancial na Rússia devido ao impacto de uma economia em recessão em 2022 e 2023. Em 2023, as taxas mais altas de crescimento das insolvências vão observar-se na Coreia do Sul, na Nova Zelândia, nos EUA, Hong Kong, Singapura e Países Baixos.

Nos próximos anos, as empresas terão de se adaptar a um enquadramento sem ajudas públicas significativas, o que representará um desafio para as empresas que se sobre endividaram durante a pandemia.