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Opinião
Roberto Teixeira, CEO OWNEST

Roberto Teixeira, CEO OWNEST

Construção 4.0: porque a casa do futuro já não é de tijolo

18 de setembro de 2025

Durante muito tempo acreditou-se que uma casa de tijolo era a garantia de estabilidade e resistência, porém, quando pensamos no futuro da habitação, é inevitável perguntar se este modelo ainda responde às necessidades das famílias. Hoje, já não basta construir. É preciso construir melhor, mais rápido, com menor impacto e maior qualidade de vida para quem habita. É exatamente aqui que entra a Construção 4.0.

Esta expressão inspira-se no conceito de Indústria 4.0, a quarta revolução industrial. Aplicada ao setor imobiliário, significa trazer para a habitação os mesmos princípios: maior industrialização, precisão construtiva, transparência para o cliente e menor impacto ambiental. É a evolução natural de um setor que não pode continuar preso ao tijolo e aos métodos do passado.

O setor da construção é um dos que menos evoluiu nas últimas décadas. Enquanto outras áreas já abraçaram a digitalização e a automação, a construção continua, em muitos casos, assente em processos manuais, lentos e com elevado desperdício. Obras que se prolongam durante meses ou anos, prazos incertos, custos inesperados e casas com fraco desempenho energético são problemas demasiado comuns. A Construção 4.0 surge como resposta a estas dificuldades e aplica à habitação os mesmos princípios que transformaram a indústria automóvel ou a tecnologia: industrialização, eficiência energética, digitalização e sustentabilidade.

O tijolo representa tradição, mas também ineficiência. Estamos a falar de processos artesanais, grande consumo de água e energia, elevado desperdício e baixa previsibilidade. Hoje existem alternativas que superam este modelo, como o Light Steel Framing (LSF), uma tecnologia que combina precisão industrial, rapidez construtiva e elevada eficiência energética. Uma casa em LSF pode ser construída em metade do tempo da construção tradicional, com uma redução superior a 85% no consumo de água e praticamente sem desperdícios em obra. Para além disso, oferece maior isolamento térmico e acústico, classe energética A ou A+, durabilidade superior à construção tradicional e elevada resistência a humidade e sismos. O resultado são casas mais sustentáveis, confortáveis e adaptadas às necessidades atuais e futuras das famílias.

A grande transformação da Construção 4.0 está na industrialização do processo. Grande parte da estrutura é preparada em ambiente controlado e chega ao terreno com cortes milimétricos, o que reduz erros, atrasos e custos inesperados. Ao mesmo tempo, a digitalização garante maior transparência para o cliente, que pode acompanhar cada etapa e ter previsibilidade no prazo e no investimento. O paralelo com outras indústrias ajuda a perceber a mudança. Quando compramos um automóvel, sabemos exatamente o que esperar em termos de desempenho, consumo e durabilidade. Porque não exigir o mesmo de uma casa, o bem mais importante da vida de qualquer família?

A casa do futuro já não será feita de tijolo, mas de tecnologia, sustentabilidade e eficiência. A Construção 4.0 não é apenas uma tendência, é uma necessidade. Num país que enfrenta dificuldades de acesso à habitação, elevados custos energéticos e uma pressão crescente para reduzir a pegada ambiental, é urgente acelerar esta transição. O futuro da habitação está a nascer agora. E já não tem a forma de um tijolo, mas de estruturas inteligentes, sustentáveis e pensadas para durar.

Roberto Teixeira

CEO OWNEST

*Texto escrito com novo Acordo Ortográfico