Câmara do Porto criou escola de calcetaria para que não se perca a «arte» da Calçada Portuguesa!
A Câmara de Porto tem no terreno uma Escola de Calcetaria que envolve 35 funcionários da autarquia, em formato de trabalho contínuo com 300 horas de formação.
A escola nasceu de um programa de formação que a Câmara do Porto está a desenvolver para os seus trabalhadores.
Ao todo, os 35 funcionários terão “mais de 300 horas de formação, muito diversificadas, mas essencialmente em contexto prático”, acrescenta Catarina Araújo, vereadora dos Recursos Humanos do município do Porto.
Para o vereador com os pelouros do Urbanismo e Espaço Público, Pedro Baganha, “Nós tanto utilizamos esta arte na construção de passeios novos em ruas que são reabilitadas, como, neste caso, na recuperação de pavimentos que já existem”, precisou.
E prosseguiu: “uma das responsabilidades que a câmara municipal tem é de manter este conhecimento (…) na construção destas calçadas portuguesas, que são históricas, são tradicionais, caracterizam muito a paisagem urbana das nossas cidades, em particular da cidade do Porto e, portanto, é um bocadinho esse o objetcivo deste projecto (…) passar este conhecimento, passar este ‘know-how’ entre os funcionários da câmara municipal”.
A formação iniciou-se em 21 de Novembro e, além das vertentes técnicas e operacionais, inclui áreas transversais como integração, desenvolvimento comportamental, segurança, saúde e enquadramento jurídico, assinala a página da Câmara do Porto.
A formação é composta por dois níveis de aprendizagem, totalizando mais de 300 horas de ensino em 38 acções formativas.
“A preservação do saber-fazer das calçadas é reconhecida como essencial para manter viva uma parte fundamental da história e da cultura do Porto. Com esta escola, pretende-se que as futuras gerações possam continuar a construir e a cuidar do espaço público da cidade, preservando a sua identidade” - sublinha o sítio da Câmara da Invicta.
A wikipedia explica assim esta arte portuguesa: «A calçada portuguesa resulta do calcetamento com pedras de formato irregular ou regular, consoante a técnica, geralmente de calcário branco e preto ou basalto, que podem ser usadas para formar padrões decorativos ou mosaicos pelo contraste entre as pedras de distintas cores. As cores mais tradicionais são o preto e o branco, embora sejam populares também o castanho e o vermelho, azul cinza e amarelo.»
«(...) A calçada portuguesa, tal como o nome indica, é originária de Portugal, tendo surgido como a conhecemos nos inícios da década de 40 do século XIX.»
«(...) Em Lisboa no ano de 1842 foi executada a primeira calçada a preto e branco, a calcário e basalto, de que há registo conhecido. O trabalho foi realizado por presidiários (chamados "grilhetas" na época), a mando do Governador de armas do Castelo de São Jorge, o tenente-general Eusébio Pinheiro Furtado. O desenho utilizado nesse pavimento, representando o mar num traçado simples em ziguezague, foi muito bem recebido pela sociedade, tendo motivado cronistas portugueses a escrever sobre o assunto.
Após este primeiro pavimento em calçada artística portuguesa, foram concedidas verbas a Eusébio Furtado para que os seus homens pavimentassem, obra iniciada em Agosto de 1848, toda a área da Praça do Rossio, uma das zonas mais conhecidas e mais centrais de Lisboa, numa extensão de 8.712 m², que ficaria concluída no final do ano seguinte.
A calçada portuguesa rapidamente se espalhou a outras zonas da cidade e pouco depois por todo o país e pelas, então, colónias, subjacente a um ideal de moda e de bom gosto, tendo-se apurado o sentido artístico, que foi aliado a um conceito de funcionalidade, originando autênticas obras-primas nas zonas pedonais. Daqui, bastou somente mais um passo, para que esta arte ultrapassasse fronteiras, sendo solicitados mestres calceteiros portugueses para executar e ensinar estes trabalhos no estrangeiro.»