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Arquitectura

 

Atelier Carvalho Araújo Arquitectos vence concurso para Arquivo Nacional do Som em Mafra

27 de junho de 2024

O Atelier Carvalho Araújo Arquitectos é o vencedor do concurso para a elaboração do projecto de arquitectura para as instalações do Arquivo Nacional do Som, a serem construídas em Mafra, foi hoje anunciado.

Numa cerimónia presidida pela secretária de Estado da Cultura, o presidente da Câmara Municipal de Mafra, Hélder Sousa Silva, anunciou que, dos cinco concorrentes, foi escolhido o Atelier Carvalho Araújo Arquitectos.

“O júri seleccionou aquela proposta por ser aquela que de forma mais inovadora responde a um caderno de encargos com elevadas exigências técnicas e se inscreve no território, situado nas proximidades do Real Edifício de Mafra, inscrito na lista do Património Mundial da UNESCO”, justificam o município e o Ministério da Cultura numa nota de imprensa conjunta.

O futuro edifício do Arquivo Nacional do Som é entendido pelos arquitectos como uma “caixa-forte de um património inestimável”, explicou Joel Moniz, da equipa projectista.

O projecto de arquitectura, que deverá ser concluído e entregue ao município em Setembro para ser lançado o concurso para a empreitada, prevê a construção de raiz de um edifício enquadrado na zona envolvente, tirando partido do declive do terreno, com jardim de uso público e espaço para ampliação futura do arquivo.

Joel Moniz explicou que o edifício vai ter cinco pisos: um primeiro enterrado com a entrada com zonas de serviço, outro aberto para infraestruturas técnicas, o piso de entrada com gabinetes administrativos e as zonas de maior interacção com visitantes, outro com laboratórios e o último para os depósitos.




“Estamos conscientes de que corremos contra o tempo na recuperação de informação que se encontra em suportes de som que exigem e aguardam por condições de conservação mais adequadas quando os equipamentos de leitura passam pela obsolescência tecnológica”, afirmou a secretária de Estado da Cultura, Maria de Lurdes Craveiro, considerando o projecto um “marco na preservação do património sonoro”.

Com a missão de preservar os documentos sonoros e os respectivos suportes, o Arquivo Nacional do Som vai reunir esse património em espaços de depósito adequados à sua conservação e proceder à sua digitalização.

A estrutura de missão criada em 2019 para o Arquivo Nacional do Som encontrou “documentos sonoros ameaçados” pela degradação física ou tecnológica dos suportes em que foram gravados, disse à agência Lusa o seu coordenador, Pedro Félix.

Foram identificados meio milhão de registos pertencentes a várias entidades, 90% das quais se situam na Área Metropolitana de Lisboa, daí o interesse da localização do arquivo em Mafra.

O Plano de Recuperação do Edifício financia em 4,5 milhões de euros a construção e em mais dois milhões de euros a aquisição do equipamento.

Do Arquivo vão constar desde os primeiros cilindros de cera e discos de sulco largo da viragem do século XIX para o século XX, até aos recentes CD, sem esquecer os documentos nado-digitais que tanto podem ser gravações de paisagens sonoras e sons de pássaros até música publicada em plataformas digitais e ‘podcasts’.

O projecto resultou de uma parceria estabelecida entre o Município de Mafra e a Direcção-Geral do Livro, dos Arquivos e das Bibliotecas e tem sido desenvolvido por uma estrutura de missão tutelada pelo Ministério da Cultura e pelo Ministério da Ciência, Tecnologia e Ensino Superior.

A criação do Arquivo Nacional do Som foi sendo adiada desde 2006 e voltou a ser referenciada em Janeiro de 2016, quando o então Governo o incluiu nas Grandes Opções do Plano, o que foi visto como cumprimento de uma das promessas do programa eleitoral do PS.

Em Março de 2018, a Assembleia da República recomendou ao Governo a criação de um Arquivo Nacional do Som, prometido desde 2006, com o objectivo de conservar a produção musical e registo fonográfico e radiofónico nacionais.

Um ano depois, o Governo aprovou uma Resolução de Conselho de Ministros que criou a equipa de instalação do Arquivo Nacional do Som, liderada pelo investigador Pedro Félix, que apresentou um plano de actividades dois meses depois.

Em 2021, nova Resolução de Conselho de Ministros renovou o mandato da equipa de missão do arquivo, em particular à luz da aprovação do Plano de Recuperação e Resiliência e “de forma a concluir os trabalhos iniciados, bem como para garantir a adequada instalação física do Arquivo Nacional Sonoro”.

Em 2022, a estrutura de missão entregou o dossier técnico do Arquivo Nacional do Som e, em comunicado na altura, era explicitado que “ao longo dos últimos três anos, a equipa procedeu a um extenso levantamento (mais de 3.500 entidades foram contactadas) para conhecer em detalhe a dimensão, as características e as condições em que se encontra esta importante domínio do património documental, cultural e científico”.

“O levantamento permitiu identificar mais de 500.000 suportes de som, dos quais 170.000 necessitam de urgente intervenção. Esses documentos vão desde som musical a transmissões radiofónicas, de entrevistas a sons da natureza, de audiolivros a peças de teatro radiofónico. Os documentos identificados datam do final do século XIX à actualidade e encontram-se em suportes tão distintos como cilindros de cera e fio de arame até à cassete e aos ficheiros áudio, passando por bobinas de fita magnética e discos de todas as tipologias”, podia ler-se no comunicado da altura.

Lusa/DI