Associação da Hotelaria defende que ‘hostels’ e ‘guest houses’ deixem de ser alojamento local
Bernardo Trindade, presidente da Associação da Hotelaria de Portugal, defendeu hoje que ‘hostels’, ‘guest houses’ ou blocos de apartamentos com serviços deixem de ser considerados alojamento local, passando a empreendimentos turísticos e cumprindo as regras a que esses estão obrigados. Disse que a associação já apresentou ao Governo o seu parecer sobre o pacote legislativo “Mais Habitação” e que defende uma clara separação entre alojamento local colectivo e particular.
“Devemos olhar para o alojamento local existente, no que tem de bom e requalificante para o espaço público, e fazer a divisão natural. O alojamento local colectivo, ‘hostels’ e ‘guest houses’, devem migrar para empreendimentos turísticos e com regras claras e poderem também candidatar-se a incentivos de extrema importância”, afirmou.
Já o alojamento individual (por exemplo, apartamentos que estão em alojamento local em prédios de habitação), acrescentou, “deve ter escrutínio dos condomínios”.
Bernardo Trindade disse ter o “sentimento de ser pai da criança”, pois em 2008 como secretário de Estado do Turismo (do Governo PS de José Sócrates) contribuiu para criar a lei do alojamento local, sobretudo para fazer face ao que se passava no Algarve.
Bernardo Trindade falou ainda da falta de trabalhadores na hotelaria. Disse que já este ano estão previstos 66 novos hotéis em Portugal e que para esses equipamentos é preciso que venham trabalhadores do estrangeiro, já que os disponíveis em Portugal não são suficientes.
Contudo, essas pessoas precisam de ter habitação adequada e apelou ao Governo para que crie incentivos.
“Precisamos de incentivos claros no sentido do apoio à habitação, estas pessoas vêm para Portugal e têm de ter respostas”, afirmou.
As afirmações de Bernardo Trindade occoreram num almoço em que o convidado era o governador do Banco de Portugal, Mário Centeno, que na sua intervenção saudou o contributo do sector para a economia.
“Em 2022, o emprego cresceu em mais de 162 mil postos de trabalho e, destes, no sector de alojamento, restauração e similares os números da Segurança Social demonstram um crescimento de 34 mil postos de trabalho, 21% do total, muito mais do que o sector representa no total da economia portuguesa [estimado em cerca de 8%]. Nos salários, os salários pagos cresceram quase 6.000 milhões de euros, desses 700 mil euros foram pagos pelo alojamento, restauração e similares, de novo acima do peso do sector”, afirmou Centeno.
Contudo, avisou que o sector ainda tem de fazer mais nos salários, acompanhando o crescimento das qualificações.