Obras Seleccionadas do arquitecto Pedro Ressano Garcia
Foi lançado ontem na Ordem dos Arquitectos: “Obras Selecionadas / Selected Works”, uma publicação bilingue sobre o trabalho do atelier Ressano Garcia, arquitectos, com fotografia de Daniel Malhão e textos de Raúl Hestenes Ferreira, Pedro Ressano Garcia, Susan Ubbelohde e José Tolentino Mendonça.
O livro surge do cruzamento que os vários autores vão tendo com projectos do atelier Ressano Garcia. São palavras e imagens que percorrem a produção, conduzem-nos através do seu olhar, revelando as vertentes que lhes interessam, propondo uma descoberta baseada na sua própria percepção e dando a ver os aspectos que consideram mais relevantes.
O livro coloca-se à margem da cultura dominante dos arquitectos. As fotografias das maquetes e os textos valorizam o momento da concepção acompanhados por detalhes da obra construída.
"[...] Os projectos apresentados neste livro oferecem vistas, criam ciclos de calor e frescura, sombra e brisa, transmitem solidez para nos ancorar à terra e aberturas para capturar feixes de luz inesperadamente.Veja-se a luz do dia que subtilmente toca no tijolo e passa por cima das vigas de madeira no projecto do Campo das Cebolas; o impacto da luz que ilumina o movimento das escadas na Casa em Nafarros, Serralves e no Rego; e os pedacos de luz na Rua da Vinha que animam a vida daqueles que a habitam", comenta Susan Ubbelohde, arquitecta norteamericana, professora na Universidade da California em Berkley, o seu escritório Loisos + Ubbelohde cujos projectos mais conhecidos são o edifício do New York Times, a loja da Apple na Quinta Avenida, os Estudios da Pixar e o Guggenheim Museum em Abu Dhabi com Gehry Partners.
"Dizer que a obra de arte faz parte da cultura é uma coisa um pouco escolar e artificial. A obra de arte faz parte do real e é destino, realização, salvação e vida». Penso que estas palavras iluminam a natureza daquilo que está em causa na obra de Pedro Ressano Garcia", escreve adianta José Tolentino Mendonça, poeta, ensaísta e padre.
"Correspondendo ao puro tratamento arquitectónico, a forte opção pela utilização da luz, natural ou artificial, introduzida com muita variedade, constitui um elemento poético fundamental na marcação do carácter dos espaços, reforçados por paredes ou outros volumes separadores em alvenaria, perfis de aço ou peças de madeira que reflectem a luz do sol ou criam sombras que introduzem elementos adicionais na definição das barreiras entre os vários edifícios", palavras de Raúl Hestnes Ferreira, uma das figuras incontornáveis da arquitectura portuguesa, vencedor de inúmeros prémios, entre os quais o Valmor, publicado em livros e revistas por todo o mundo.
"O equilíbrio entre o ambiente construído e a natureza está no coração da concepção arquitectónica. A compreensão da presença humana, nas sucessivas gerações, é a chave para imaginar um mundo melhor: materiais de construção amigos do ambiente, baixo consumo de energia e vida inspirada no movimento slow.
Com estes objectivos, os projectos activam os sentidos do corpo através da luz íntima e da temperatura exacta dos materiais, e os espaços tornam-se experiências intensas: aromas sensuais, texturas sensíveis e habitats que detêm o tesouro da vida humana", por Pedro Ressano Garcia, arquitecto, professor e investigador, actualmente é director do Departamento de Arquitectura e Urbanismo da Universidade Lusófona de Lisboa, convidado para diversos seminários e conferências internacionais, coordenador do European Workshop on Waterfront, autor do livro Plataforma Tejo – O regresso ao rio, a frente ribeirinha de Lisboa e o século XXI e recebeu o prémio Pancho Guedes de Arquitectura.
