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Suspensão das rendas nos centros comerciais terá tirado 400 a 500 M€ à economia

19 de março de 2021

A presidente executiva da Sonae, Cláudia Azevedo, afirmou que a suspensão de rendas fixas em centros comerciais, segundo os cálculos do grupo, terá tirado "cerca de 400 ou 500 milhões de euros" à economia portuguesa.

"Esta lei das rendas que só foi feita para centros comerciais é inacreditável", afirmou a gestora na conferência de imprensa de resultados da Sonae, que decorreu por videoconferência.

"Em Portugal, os dois maiores 'players' de centros comerciais são duas empresas portuguesas e a maior parte das insígnias que estão nos 'shoppings' (mais de 80%) são de grupos internacionais", prosseguiu Cláudia Azevedo.

Portanto, "pelos nossos cálculos saíram cerca de 400 ou 500 milhões de euros de empresas portuguesas para grandes grupos mundiais enormes, muito maiores que a Sonae", estimou a gestora, salientando que "não faz sentido" a medida e que é uma discriminação que não compreende.

"É uma lei que nos perturba muito", sublinhou.

Por sua vez, o administrador financeiro da Sonae, João Dolores, salientou que Portugal teve as "medidas mais restritivas na Europa em termos de ocupação de pessoas por metro quadrado".

Mas "o pior não esteve aí, o pior esteve na lei das rendas que foi aprovada pela Assembleia [da República], completamente inédita na Europa, que na prática se sobrepôs às negociações que estavam em curso entre os operadores dos centros comerciais e os lojistas", disse João Dolores.

É que a Sonae Sierra "já tinha chegado a acordo com mais de 80% dos seus lojistas", salientou, garantindo que a empresa "sempre apoiou os seus lojistas em todos os momentos".

Tudo isto resultou em que os "centros comerciais portugueses tivessem sido os que mais apoiaram os lojistas em toda a Europa, tivemos descontos de rendas acima dos 50% versus 20% a 25% na Europa", explicou.

"Mas aqui a responsabilidade não é do Governo, a responsabilidade é bastante alargada e vai desde partidos mais à esquerda a partidos mais à direita", rematou.

Questionado sobre o programa Apoiar Rendas, que também é alargado aos contratos nos centros comerciais, João Dolores disse ver a medida com "bons olhos".

Isto porque "não podíamos ser nós, sozinhos, a suportar toda a ajuda", salientou o administrador financeiro.

Já sobre o processo de desconfinamento em Portugal, comparado a outros mercados onde o grupo está presente, Cláudia Azevedo deu o exemplo da Sonae Sierra.

"O que vimos de diferente, e pegando na Sonae Sierra, que está presente na Alemanha, Itália, Espanha, na Grécia, na Roménia, foi que, quando os países desconfinaram, não fizeram a diferença entre o negócio de rua e o negócio do centro comercial", disse.

"Imagino que o vírus também não faça essa diferença", acrescentou.

Ou seja, os centros comerciais em outros países "abriram ao mesmo tempo que as lojas da rua e isso em Portugal foi uma grande diferença", destacou, salientando não perceber "muito bem o porquê desta discriminação" em Portugal.

Por várias vezes, Cláudia Azevedo destacou a importância dos lojistas para os centros comerciais.

"Não existem centros comerciais sem lojistas", "estamos no mesmo barco", referiu.

Cláudia Azevedo anunciou ainda que o grupo, em parceria com a Sonae Capital, Sonae Arauco e Sonae Indústria, estão a fazer uma floresta Sonae.

Trata-se de "uma das maiores florestas privadas em Portugal, que vai ter cerca de um milhão de árvores" para promover a biodiversidade e para "compensar as emissões de CO2" da frota do grupo, localizada em Mangualde, que já arrancou.

"É também uma floresta produtiva, tem um custo de 16 milhões só para manter essa floresta produtiva, não é um novo negócio", afirmou, quando questionada sobre o assunto.

"É obviamente uma homenagem muito sentida ao meu pai que sempre lutou imenso pela floresta portuguesa e pela sua conservação", disse Cláudia Azevedo.

LUSA/DI