Setúbal restaura a Casa das Quatro Cabeças, um imóvel com cinco séculos
A histórica Casa das Quatro Cabeças, em Setúbal, abriu como alojamento local, depois de uma profunda recuperação liderada pela Câmara Municipal, que incluiu o restauro e conservação da fachada do edifício com mais de cinco séculos.
A reabertura da Casa das Quatro Cabeças, imóvel de Interesse Municipal desde 1977, implantado no centro histórico da cidade de Setúbal, no Bairro de Troino, pôs fim ao cenário de degradação e abandono, servindo agora como extensão da Casa do Largo – Pousada da Juventude.
A presidente do município, Maria das Dores Meira (CDU), sublinhou na inauguração que a reabilitação do equipamento acompanha o desenvolvimento feito no concelho nos últimos anos no que diz respeito à valorização do património histórico edificado, destacando, a título de exemplo, as requalificações do Convento de Jesus e da fachada do Hospital João Palmeiro.
Edifício com mais de cinco séculos
Localizada na esquina entre a Rua Fran Paxeco e a Travessa do Carmo, a Casa das Quatro Cabeças foi utilizada, durante vários anos, como habitação em forma de arrendamento, não tendo tido qualquer tipo de manutenção pelos sucessivos proprietários.
O processo foi longo e a intervenção global, passando pela reconstrução do interior e reabilitação e preservação do exterior de um edifício com mais de cinco séculos de história e famoso pelas quatro cabeças esculpidas em diferentes pontos da fachada.
Antes da reabilitação, que representou um investimento global no valor de cerca de 370 mil euros, uma equipa de arqueologia da autarquia efectuou trabalhos de estudo e investigação no interior e exterior do imóvel de três pisos.
Reservas no Booking ou Expedia
Embora seja uma extensão da Pousada da Juventude de Setúbal, a Casa das Quatro Cabeças pode ser usufruída por qualquer visitante e tem ainda usos específicos previstos. “Apta a receber quem nos visita por motivações académicas, nomeadamente estudantes internacionais dos programas Erasmus, serve igualmente para dar resposta a situações de emergência e de compromisso social, assim como tem as necessárias condições para servir quem tem motivações de turismo de negócio ou de lazer.”
Entre as singularidades do novo espaço municipal conta-se os nomes dos cinco apartamentos, inspirados nas praias setubalenses.
À escolha, Figueirinha e Galapos, no piso térreo, Portinho da Arrábida e Alpertuche, no primeiro andar, e Galapinhos, no segundo.
Em cada andar, as cores que marcam a decoração são diferentes, mas conjugam-se entre si. Os verdes da Serra da Arrábida, o azul do rio Sado. Há ainda quadros com motivos e espécies marítimas.
O imóvel agora recuperado disponibiliza três estúdios, capazes de alojar, cada um, três hóspedes, no máximo de dois adultos, aos quais se juntam um quarto, para cinco hóspedes, no máximo de três adultos, e um duplex, para seis hóspedes e um máximo de quatro adultos.
Independentemente do alojamento escolhido, os hóspedes são convidados a permanecer em regime de self-stay, ou seja, não há receção e a limpeza é feita pelos próprios ou, no final da estadia, pela autarquia.
Todos os apartamentos têm casas de banho privadas e cozinhas equipadas com forno, placa, micro-ondas, frigorífico combinado, máquinas de lavar roupa e louça, torradeira e chaleira.
O preço por noite pode variar, consoante as épocas do ano e o tipo de alojamento, entre os 60 e os 130 euros.
Há ainda a possibilidade de efectuar reservas a partir do Booking ou da Expedia.
Quatro cabeças... A história!
A lenda que justifica as quatro cabeças esculpidas na fachada, que dão nome ao edifício, ganhou força de verdade com o passar dos anos, acreditando-se que as pequenas esculturas remetem para a tentativa de regicídio frustrada que, naquela mesma zona da cidade, teve lugar contra D. João II.
A história diz que a única cabeça intacta no final desse episódio foi a do monarca, acabando os quatro protagonistas, incluindo el-rei, cinzelados em pedra, numa espécie de pedagogia eterna.