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Reabilitação urbana é o pólo dinamizador do mercado imobiliário

26 de novembro de 2016

A reabilitação urbana é neste momento o pólo dinamizador do mercado imobiliário. Desde que a crise se instalou em Portugal, a construção nova parou e o foco do sector voltou-se para a regeneração urbana. Entre investidores privados a autarquias, a reabilitação do edificado tem sido a principal actividade dos promotores imobiliários, sobretudo nas cidades de Lisboa e do Porto.

Só nos últimos 12 anos a Porto Vivo – Sociedade de Reabilitação Urbana da Baixa Portuense contabilizou 1.500 milhões de euros de investimento privado, revelou recentemente Álvaro Santos, presidente da Porto Vivo, durante a IV Semana da Reabilitação Urbana do Porto, que decorreu este mês.

Segundo o responsável “cada euro de investimento público alavancou vinte e três euros de investimento privado”, razão pela qual “vale a pena apostar na reabilitação urbana”.

O presidente da Porto Vivo revelou ainda que nos três primeiros trimestres deste ano, o número de requerimentos entrados e de emissão de alvarás de obra registados pela sociedade “superou os do ano passado” e garantiu que “a este ritmo de crescimento vamos chegar ao final do ano com números ainda melhores”.

Para Álvaro Santos, o processo de reabilitação urbana na cidade do Porto tem sido “um sucesso”, até porque, como explica, “estão cerca de 150 a 200 obras a decorrer em simultâneo em pequenos prédios, no centro urbano e na baixa do Porto, com empresas, trabalhadores, arquitectos e projectistas portugueses, o que é muito importante para a economia nacional”.

Segundo o mais recente estudo “Reabilitação Urbana para Uso Residencial no Porto” da Prime Yield, desenvolvido em parceria com a Predibisa e as sociedades de advogados SRS e ALC, os Aliados são a zona do Porto onde se localizam actualmente os produtos de habitação reabilitada mais caros da cidade. Atingindo 2.981 euros/m2, o asking price médio desta zona está entre 11% e 55% acima dos valores médios de oferta apresentados noutras zonas da cidade para o mesmo tipo de produto. Já em termos de dinamismo da oferta, é o Centro Histórico que lidera, concentrando 48% dos apartamentos integrados em projectos de reabilitação urbana construídos ou em desenvolvimento na Invicta e mais que duplicando o volume contabilizado nos Aliados (21% da oferta).

“A reabilitação é, actualmente, sem qualquer dúvida, o principal motor para o mercado imobiliário no Porto, com a habitação a concentrar boa parte das intenções de investimento”, salienta José Velez, Diretor Executivo da Prime Yield.

Também na cidade de Lisboa a reabilitação de edifícios de Lisboa continua a aumentar. Só nos primeiros seis meses deste ano foram reabilitados 27 edifícios de habitação no centro histórico. Mas encontram-se actualmente em construção mais de 130 edifícios, dos quais 46 em comercialização, totalizando mais de 1000 fogos.

Segundo o estudo da consultora CBRE 'Lisbon Residential Brick Index', 44% dos imóveis recuperados situam-se na zona do Chiado, Bairro Alto e São Paulo, o valor médio pedido pelos fogos em construção e comercialização é de 5.550 euros/m2, aproximadamente o mesmo que foi observado no final de 2015. Contudo, os fogos já construídos têm um preço médio de 5.900 euros/m2.

As zonas mais valorizadas são as do Chiado, Bairro Alto e São Paulo, com preços médios de 6.200 euros/m2 e da Avenida da Liberdade e Príncipe Real, com 6.000 euros/m2.

Neste momento, a promoção imobiliária na capital portuguesa continua assente na reabilitação de edifícios, com muito poucos projectos de construção nova.

Apesar desta performance da reabilitação urbana, existem alguns alertas para o futuro da regeneração.  Na opinião de José de Matos, da APCMC - Associação Portuguesa dos Comerciantes de Materiais de Construção, o actual mercado da construção e reabilitação em Portugal começa a dar sinais de cansaço e esgotar-se-á dentro de três ou quatro anos.

"Induzida pelo aumento do turismo e concentrada sobretudo nas zonas históricas de Lisboa e do Porto, a reabilitação urbana – aquela que tem sido nos últimos anos praticamente o único factor dinâmico da construção em Portugal – está já a mostrar-se insuficiente para continuar a aguentar economicamente o sector", revela o responsável. 

1 milhão de edifícios degradados em Portugal

Contudo, dados recentes do INE – Instituto Nacional de Estatística revelam que existem cerca de 1 milhão de edifícios degradados em Portugal, com Lisboa e Porto a liderar a lista das cidades com o maior número de imóveis a necessitar de reparações.  Para além das duas grandes cidades portuguesas, Vila Nova de Gaia, Leiria e Coimbra fazem também parte da lista do INE.

Com números como estes ainda existe um longo caminho a percorrer em matéria de reabilitação urbana.